O dólar (USDBRL) encerrou o dia cotado a R$ 5,4339, registrando alta de 0,22% nesta terça-feira (18) e atingindo seu maior valor desde janeiro. Esse cenário reflete uma combinação de fatores internacionais e domésticos que afetam a moeda brasileira.
Os economistas do BTG Pactual, Álvaro Frasson, Arthur Mota e Victor do Amaral Brasil, apontam que o fortalecimento do dólar global e a incerteza fiscal no Brasil são as principais causas da desvalorização do real.
“A falta de sinalizações fiscais claras contribui para a deterioração da percepção de risco doméstico”, afirmam em um relatório divulgado a clientes hoje.
A expectativa de cortes nos juros pelo Federal Reserve (Fed) foi adiada, reforçando o suporte ao dólar. Segundo os economistas do BTG, “a economia americana continua crescendo mais que seus pares desenvolvidos, o que mantém o dólar forte”.
Projeções mensais para o dólar (R$)
Metas fiscais
No Brasil, a trajetória das contas públicas e o aumento da carga tributária têm afetado negativamente o real.
“Desde o anúncio do afrouxamento das metas fiscais, houve uma piora na percepção do risco doméstico”, explica o time do BTG.
O cenário internacional também exerce pressão. Fatores geopolíticos e eleições em países desenvolvidos aumentam o risco fiscal, especialmente na Europa.
“Continuamos prevendo que o índice dólar (DXY) seguirá próximo de 106 pontos no final do ano”, destaca Mota.
Apesar da melhora na dinâmica inflacionária americana, o BTG Pactual prevê que o Fed manterá uma postura cautelosa quanto aos cortes de juros, com uma possível mudança no ciclo monetário apenas em setembro.
“Até lá, o dólar deve continuar forte”, complementa o banco.
Dólar com piso de R$ 5
No Brasil, a expectativa é de que a taxa de câmbio permaneça acima de R$ 5,20 ao final de 2024. “Dos 50 cenários traçados, apenas em 5 a taxa de câmbio se encontra abaixo de R$ 5,00”, afirma do Amaral Brasil.
A projeção do BTG Pactual indica que a taxa de câmbio permaneça acima desse valor.
“Sem uma significativa melhora do cenário fiscal prospectivo, o real voltará dificilmente a negociar próximo aos níveis de R$ 5,00 por dólar”, conclui Frasson.