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Parcelamento: a armadilha que pode te empurrar para a ruína

por Ricardo Pereira
3 min leitura
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Em quantas vezes dá para fazer esse tênis?”. Brasileiro adora parcelar suas compras, isso é fato. Já cansei de ouvir da boca de muitas pessoas próximas as famosas “verdades absolutas” (nem tanto, na prática) de que “o parcelamento é a única forma de uma pessoa normal – que não é rica ou ganha bem – comprar algo, construir patrimônio e conseguir ter um pouco de conforto”. Será mesmo?

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Grandes empresas, de varejistas a comerciantes, e grupos financeiros lucram (muito) justamente com a venda de dinheiro (crediário) disfarçada de produtos. Ao entrar na loja para comprar à vista e buscar desconto, somos rapidamente desencorajados pelos seus vendedores e gerentes. Além disso, estão presentes muitas artimanhas que levam o consumidor a optar pelos “pequenos pagamentos a perder de vista”.

Em finanças pessoais, o legal é que a matemática básica sempre resolve e explica. Não existe mágica. A soma de vários pequenos valores e despesas contraídas no mês levam muitos a uma situação de descontrole. Os pequenos valores se transformam em uma grande dívida – neste momento, se a torneira não está totalmente fechada, cada gota que cai representa uma perda considerável.

Parcelamento, é possível consumir sem ele!

O artigo de hoje busca, em primeiro lugar, alertar você, caro leitor, quanto ao perigo de buscar somente o parcelamento como forma de conquista. Se estão lhe vendendo essa “verdade”, é hora de olhar pra fora da caixa e abrir seu horizonte de negociação e consumo.

Sempre batemos na tecla do planejamento de gastos. Ora, quem não cria seus próprios objetivos está cada dia mais exposto à compra por impulso. Tenho tranquilidade em afirmar que grande parte das compras parceladas acontece na base da empolgação, sustentada em algo que originalmente não fazia parte do planejamento. É aquele par de sapatos que você viu enquanto esperava por alguém no shopping, aquele celular novo que tem mais funções do que seu atual e por ai vai.

Comece definindo suas metas de consumo

Experimente definir metas para sua vida financeira. Por exemplo, se você gosta de comprar sapatos, então compre-os, mas só depois de definir um limite. E poupe, guarde para quando o momento chegar, colocando esse valor no seu orçamento. Ao invés de parcelar a compra, parcele mês a mês a conquista efetiva do montante necessário para a compra à vista.

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Ao se antecipar e guardar o dinheiro, você terá a chance ideal para negociar e conquistar bons descontos. Só compre onde as condições forem as melhores para o seu bolso, dada sua realidade e valor disponível. Prefira muitas vezes lojas menos badaladas, inclusive em locais menos frequentados por muita gente. Pesquise muito antes de decidir comprar e você certamente achará algum lojista disposto a vender-lhe o produto com um bom desconto.

Ao contrário do que muitos pensam, no Dinheirama não defendemos o pão-durismo. Não somos contra o consumo. Pelo contrário, todos temos nossos sonhos e objetivos bem definidos e compartilhamos com amigos e familiares conquistas fundamentais como carro, celular, oportunidade de viajar, mas sempre evitando parcelamentos longos e negociando boas oportunidades.

Optamos pela qualidade de vida com liberdade, o que significa destinar primeiro os recursos necessários para nossa independência e consumo com coerência, sem prejudicar os sonhos de curto, médio e longo prazos. Mas isso significa abrir mão de alguma satisfação imediata. Não tem problema, afinal a frustração ensina a valorizar ainda mais a conquista quando ela chega.

Parcelar pode se tornar um vício

Volto a chamar sua atenção: lembre-se que o parcelamento se torna, lenta e invisivelmente, um vicio. Ao olhar o orçamento, com o tempo é provável que se enxergue apenas o valor da parcela. E de muitas parcelas. E o estrago normalmente estará bem grande. O impulso e a falta de controle poderão levá-lo a criar outros parcelamentos e a comprometer sua renda de forma perigosa.

Tome cuidado adicional com o parcelamento realizado pelo cartão de crédito ou mesmo por cheques pré-datados, pois as duas modalidades de crédito quando não quitados levam o consumidor a ter pela frente juros extremamente elevados, comprometendo a situação financeira em algumas vezes por muitos anos. A dívida nestes casos cresce de forma espantosa.

As emoções são importantes, mas não podem guiar todas as suas decisões. Na hora da compra, apelar apenas para a emoção quase sempre significa bons negócios para o vendedor e uma compra inconsciente. Seja mais amigo de seu dinheiro e busque a satisfação com planejamento e bom senso, reduzindo assim o número dos parcelamentos. Funciona. Até a próxima.

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