As ações da Petrobras (PETR4) recuavam fortemente nesta quarta-feira, com as preferenciais da estatal chegando a perder 3,8% no pior momento, em meio a declarações do presidente-executivo sinalizando uma postura mais conservadora em relação à remuneração aos acionistas da petroleira.
Jean Paul Prates, disse em entrevista à Bloomberg que a Petrobras será mais cautelosa no pagamento de dividendos extraordinários à medida que se move para se tornar uma potência de energia renovável.
Às 15:15, os papéis preferenciais da companhia caíam 5,11%, a 40,45reais, enquanto as ações ordinárias cediam 4,75%, a 41,88 reais, entre os piores desempenhos do Ibovespa, que recuava 1,18%.
Na mínima, as PNs chegaram a 40,38 reais e as ONs a 41,79 reais.
As ações da companhia têm renovado máximas históricas, em boa parte apoiadas nas expectativas sobre a remuneração aos acionistas.
Desempenho da Petrobras em 12 meses
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De acordo com Tiago Cunha, gestor de renda variável da Ace Capital, as expectativas do mercado quanto ao pagamento de dividendos estavam mais próximas de um valor máximo ao potencial a ser distribuído.
“A fala do presidente, nesse sentido, coloca uma dúvida sobre qual será o percentual pago. Dependendo do percentual, a Petrobras terá um ‘dividend yield’ próximo das outras grandes empresas de petróleo no mundo, o que não justificaria uma preferência pela empresa brasileira”, acrescentou.
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A Petrobras divulga seu resultado do último trimestre e do ano de 2023 no dia 7 de março, quando deve também anunciar sua decisão sobre a remuneração aos acionistas.
Em relatório recente, analistas do Goldman Sachs afirmaram enxergar espaço para a empresa entregar um dividend yield de cerca de 11% em 2024 e de 8% em 2025, apenas aplicando a política da companhia de pagar 45% do seu fluxo de caixa livre menos o capex, sob a curva futura de preços do petróleo Brent.
Do ponto de vista de fluxo de caixa livre yield (FCFy), no entanto, eles veem a Petrobras entregando cerca de 17% e 11% em 2024 e 2025, o que implica que a empresa poderia impulsionar a sua política de dividendos através de um dividendo extraordinário totalmente financiado pelo fluxo de caixa livre.
“Vemos espaço para a Petrobras anunciar até um máximo de cerca de 10% de dividend yield junto com os lucros do quarto trimestre (cerca de 3% de política mais 7% extraordinários) e, portanto, uma vez que tal dividendo fique ex-data, o FCFy pós-dividendo pode subir para cerca de 19% e 12% para 2024 e 2025.”
No mesmo relatório, eles avaliaram que a Petrobras tem capacidade de pagar até 8 bilhões de dólares em dividendos com a divulgação dos resultados do quarto trimestre, incluindo 3,5 bilhões de dólares referentes ao terceiro trimestre e cerca de 3,6 bilhões de dólares estimados para o quarto trimestre.
“Está chegando a hora da verdade sobre os dividendos”, afirmou o gestor de uma empresa de previdência complementar.