A Petrobras (PETR4) tem como expectativa receber o aval do Ibama para perfurar um poço exploratório de petróleo e gás na Bacia da Foz do Rio Amazonas, em águas profundas do Amapá, em 2024, afirmou nesta quarta-feira o presidente da companhia, Jean Paul Prates.
A região é parte da Margem Equatorial brasileira, uma ampla área que vai do Estado amapaense ao Rio Grande do Norte, vista como a nova fronteira exploratória de petróleo e gás do país, com grande potencial para descobertas, mas também enormes desafios socioambientais.
“É lícito afirmar que nós temos toda a expectativa legítima de ainda no primeiro semestre do ano que vem, ou o mais tardar ao longo do ano, ir rumo ao Amapá para perfurar a Margem Equatorial”, afirmou Prates, durante um evento no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Prates afirmou acreditar que apenas depois de a petroleira confirmar de fato a existência de reservas de petróleo e gás comercialmente viáveis no Amapá, por meio dos poços exploratórios previstos, o Brasil terá que decidir se seguirá ou não com a operação.
“Essa confirmação nos colocará a responsabilidade de decidir como Estado brasileiro se queremos produzir ou não. E ao produzir, uma terceira responsabilidade sobre (decidir para) onde irão as receitas governamentais naquelas áreas”, disse Prates.
“Aqui ninguém tem dúvida de que isso é importante e que a Petrobras é o melhor e mais habilitado operador de petróleo do mundo para fazer essa operação e que se isso não acontecer agora, não acontecerá mais.”
As declarações vêm em meio à falta de um consenso ainda no governo sobre o avanço exploratório de petróleo e gás na Foz do Rio Amazonas, enquanto o Brasil e o mundo trabalham para caminhar rumo a uma transição energética para uma economia de baixo carbono.
Também presente no evento, o diretor executivo do Instituto Escolhas, Sérgio Leitão, frisou que é importante que o Brasil defina como irá conduzir a transição energética, para a qual ele considera que o país esteja ainda “despreparado”, e como eventuais recursos advindos do petróleo da Margem Equatorial serão geridos.
“Qual é o pacto que os governadores da Amazônia estão dispostos a celebrar para não permitir que os recursos sejam dragados pelo consumo da máquina pública?”, destacou Leitão, pontuando que os montantes prometidos pela indústria, uma vez que as áreas entrem em produção, precisam ser geridos de forma a contribuir com o meio ambiente e com o desenvolvimento regional, em prol da sociedade.
A Petrobras e a indústria de petróleo defendem o avanço exploratório, como forma de postergar um pico de produção na próxima década e manter a produção do país em crescimento por mais tempo que o previsto atualmente, com base nas descobertas já realizadas.
O diretor executivo de Exploração e Produção da Petrobras, Joelson Mendes, também no evento, reiterou que a Petrobras planeja aumentar a sua produção em 18%, para 3,2 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed) em 2032, ante 2,7 milhões de boed este ano.
“A partir de 2032, talvez haja um pico de produção de petróleo no mundo e na Petrobras não é muito diferente, depois começa a haver um declínio”, disse Mendes.
“Esse declínio, se nós não tivermos novas descobertas, como companhia e como país, nós não vamos dar conta daquilo que a sociedade vai demandar de energia no mundo até o final de 2050, por exemplo”.
Próximos Passos
O Ibama negou em maio pedido da Petrobras para perfurar a Foz do Amazonas, ao alegar que a companhia não havia cumprido requisitos necessários para seguir com a exploração.
A estatal, por sua vez, realizou aprimoramentos em seu plano e recorreu da decisão do Ibama, que não tem um prazo definido para responder.
O CEO da Petrobras afirmou que a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, ao tomarem posse neste ano, encontraram o Ibama “se não sucateado, completamente distorcido” pelo governo anterior.
“Respeitamos o momento e a necessidade de ela e ele fazerem alterações e novas exigências ao processo de licenciamento da Petrobras que estava em curso”, afirmou Prates.
A expectativa da Petrobras vem após a petroleira ter conseguido o aval do Ibama para perfurar a Bacia de Potiguar, na primeira autorização para um poço em toda a Margem Equatorial desde 2013.
O poço em Potiguar deverá ocorrer entre outubro e novembro, assim que a sonda estiver pronta e chegar na locação.
Com a pesquisa exploratória em Potiguar, a companhia planeja obter mais informações geológicas da área para avaliar a viabilidade econômica e a extensão de descoberta de petróleo realizada em 2013 no poço de Pitu.