A decisão da Petrobras (PETR4) de apostar na fonte de energia eólica offshore é uma “tacada certeira” da empresa e tem potencial para acelerar o desenvolvimento desse mercado no Brasil, na avaliação da presidente da associação de energia eólica ABEEólica, Elbia Gannoum.
A estatal anunciou na quarta-feira que iniciou o processo de licenciamento ambiental para 23 gigawatts (GW) de parques próprios de eólicas no mar na costa brasileira, além de ter se associado à fabricante brasileira WEG para desenvolver aerogeradores de 7 MW de potência.
Para a presidente da entidade do setor, a entrada da Petrobras na fonte tem “valor imenso” não só para a empresa, que passou a concentrar mais esforços na descarbonização e nos investimentos em transição energética, mas também representa uma “grande virada de chave do Brasil”, que começa agora a desenvolver um mercado para as eólicas no mar.
“A Petrobras é uma ‘influencer’ por definição e a entrada dela nesse barco vai acelerar a viagem nesse segmento”, afirmou Gannoum à Reuters, se referindo ao fato de que o Brasil ainda precisa aprovar uma legislação específica e realizar leilões de cessão de uso de área para que os primeiros projetos saiam do papel.
As dez áreas para eólicas no mar selecionadas pela Petrobras para licenciamento ambiental estão nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul e se somam a outras iniciativas em offshore que a companhia já havia anunciado anteriormente, como a parceria com a Equinor.
O governo brasileiro tem a meta de aprovar ainda neste ano uma legislação para que os empreendedores possam explorar a fonte de geração de energia em áreas no mar. Depois disso, será necessária a realização de um leilão, no qual as empresas poderiam competir pelas áreas, à semelhança do que ocorre nos leilões de blocos de petróleo.
Além dos desafios legais e ambientais, a geração eólica no mar tem outros obstáculos pela frente, como a instalação de infraestrutura marítima e o escoamento da energia por meio de novas linhas de transmissão, além da definição do mercado consumidor e o preço dessa energia offshore.
A presidente da ABEEólica reconhece os desafios da fonte offshore, mas acredita que eles serão superáveis.
“Tem desafios, mas não se deve falar em preço… Em 2004, quando começou a eólica onshore (em terra), ela era 6 vezes mais cara que a energia hídrica. Em 2017, já era mais barata. Esse avanço tecnológico em renovável é muito rápido… O ganho de escala (da offshore) tem sido global”.
“Ela não precisará de incentivos no Brasil para ser competitiva”, adicionou Gannoum.
A presidente da associação do setor disse ainda apostar que o poder de influência da Petrobras poderá abrir caminho para que o primeiro projeto offshore no país já esteja operacional na próxima década.