A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira a Operação Lágrimas de Sal, que busca “robustecer” o conjunto de evidências e “elucidar” outras questões referentes aos crimes cometidos durante as décadas de exploração de sal-gema em Maceió, disse a corporação em comunicado.
De acordo com a PF, cerca de 60 policiais federais estão cumprindo 14 mandados de busca e apreensão, sendo 11 na capital alagoana, 2 no Rio de Janeiro e 1 em Aracaju, capital do Estado do Sergipe. Todos os mandados foram expedidos pela Justiça Federal de Alagoas.
Sem citar a Braskem (BRKM5), responsável pela exploração de sal-gema na capital alagoana, ou outras empresas no comunicado, a PF justificou que a operação ocorre após investigações anteriores constatarem que “as atividades de mineração desenvolvidas no local não seguiram os parâmetros de segurança previstos na literatura científica”.
Além disso, a organização afirmou que “foram identificados indícios de apresentação de dados falsos e omissão de informações relevantes aos órgãos públicos responsáveis pela fiscalização”, o que permitiu a continuação das atividades mesmo quando já conhecidos os riscos para as minas e a população da cidade.
Os crimes sendo investigados são de “poluição qualificada, usurpação de recursos da União, apresentação de estudos ambientais falsos ou enganosos”, entre outros possíveis delitos.
Em nota à imprensa, a Braskem afirmou que “está à disposição das autoridades” e que “todas as informações serão prestadas no transcorrer do processo”.
A exploração do sal-gema em Maceió ocorreu entre 1976 e 2019 e foi interrompida após bairros da cidade passarem a registrar rachaduras em ruas e em edifícios diante da movimentação de enormes cavidades criadas como consequência da mineração. A Braskem comandava as atividades de exploração desde 2002, ano de sua fundação.
No início do mês, a prefeitura de Maceió informou que houve um rompimento em uma mina da empresa no bairro do Mutange, em trecho da lagoa Mundaú. A mina já está em processo de estabilização, segundo a Defesa Civil da cidade.
A partir do próximo ano, o papel da Braskem no afundamento do solo em Maceió também será alvo das investigações de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado, cujo relator deve ser definido em fevereiro.