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“Pibão” não ganha do “Fiscalzão” e Ibovespa volta a cair

O cenário de resiliência da atividade reforça a possibilidade de que a Selic suba para reancorar as expectativas de inflação

por Redação Dinheirama
3 min leitura
Mercados Ibovespa

Desde que atingiu os 137 mil pontos ao nível recorde de fechamento na última quarta-feira – em série de renovações de máximas iniciadas, no intradia, em 15 de agosto, então aos 134,5 mil -, o Ibovespa (IBOV) chegou à quarta sessão consecutiva em baixa, nesta terça-feira de 0,41%, aos 134.353,48 pontos.

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Considerando a proximidade com o topo histórico, o índice da B3 voltou a mostrar resiliência na sessão, tendo em vista o nível do câmbio – nesta terça a R$ 5,64 no fechamento, em alta de 0,46% – e a forte correção observada nos índices de ações em Nova York, após o feriado da segunda-feira, 2, pelo Dia do Trabalho nos Estados Unidos.

Por lá, os principais índices mostraram perdas de 1,51% (Dow Jones), 2,12% (S&P 500) e de 3,26% (Nasdaq) no encerramento desta terça-feira. Por aqui, destaque pela manhã para a leitura acima do esperado para o PIB no segundo trimestre, em expansão de 1,4% na margem, que alimenta a expectativa de que o crescimento brasileiro possa chegar bem perto ou mesmo à casa de 3% este ano.

Apesar do câmbio ainda em alta, o dia foi de relativa acomodação para a curva do DI, em baixa na sessão, o que contribuiu para o desempenho de parte das ações associadas ao ciclo doméstico, como Lojas Renner (LREN3) (+1,71%) e Assaí (ASAI3) (+2,04%). Na B3, o Ibovespa oscilou entre 134.171,30 e 135.010,55 pontos, da mínima à máxima do dia, com giro a R$ 22,5 bilhões. Em terreno negativo nas últimas quatro sessões, o índice fica perto de neutralizar o ganho no ano, nesta terça a 0,13%.

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Pibão e Fiscalzão

Destaque da agenda, “a composição do PIB veio positiva, com serviços e consumo firmes – e a retomada da indústria é uma surpresa benigna. Com a piora nos termos de troca, o real continuará pressionado, e podemos ver uma pressão na inflação de bens adiante, por conta da indústria”, diz Guilherme Jung, economista da Alta Vista Research.

“A taxa Selic atual, de 10,50% ao ano, se mostra pouco restritiva. E, com as condições de inflação distantes da meta, expectativas desancoradas e fiscal deteriorado, a possibilidade de uma alta de 25 pontos-base na próxima reunião do Copom nos parece mais plausível”, acrescenta.

“O ‘PIBão’ traz de um lado certa tranquilidade pela resiliência da atividade mesmo com política monetária restritiva e também um certo temor de que a Selic fique ainda mais alta”, observa Pedro Lang, economista e sócio da Valor Investimentos, acrescentando que o Copom permanece “data driven” e deve confirmar, na próxima reunião, aumento de 25 pontos-base para a taxa de juros, em um contexto no qual a política fiscal continua a injetar “combustível na economia”.

“O PIB do segundo trimestre deve, de fato, resultar em avanço das projeções de crescimento para o ano, mais próximo de 3%. PIB mais forte traz também um grau maior de incerteza com relação à política monetária, tendendo a gerar mais inflação à frente”, aponta Cristiane Quartaroli, economista do Ouribank.

Destaques do Ibovespa

Na ponta ganhadora do Ibovespa nesta terça-feira, destaque para a recuperação parcial em Azul (AZUL4) (+10,20%), vindo de perdas na casa de dois dígitos nas duas sessões anteriores. A ação da companhia aérea puxou nesta terça a lista de ganhos, à frente de IRB (IRBR3) (+5,35%) e de Carrefour (CRFB3) (+3,59%). No lado oposto, 3R Petroleum (RRRP3) (-5,28%), Prio (PRIO3) (-5,16%), Pão de Açúcar (PCAR3) (-4,21%), Bradespar (BRAP4) (-3,86%) e Vale (VALE3) (-3,73%), em dia de queda acima de 4% para o minério de ferro na China e também para o petróleo, tanto em Londres (Brent) como em Nova York (WTI).

Assim, Petrobras também cedeu terreno na sessão, com a ON (PETR3) em baixa de 1,05% e a PN (PETR4), de 1,21% no fechamento. O desempenho negativo das gigantes das commodities foi compensado, em parte, pelo avanço das ações de grandes bancos na sessão, com destaque para Bradesco (BBDC3; BBDC4) (ON +1,43%, PN +1,09%) e Itaú (ITUB4) (PN +1,62%).

“O dia foi de aversão a risco global, o que piorou hoje com a retomada da liquidez a partir dos Estados Unidos, após o feriado de ontem lá. Há uma certa ansiedade para os dados que virão nos próximos dias. Os dados de atividade chineses – e também nos Estados Unidos – têm vindo um pouco abaixo do esperado, o que traz alguma frustração com relação à demanda, afetando assim os preços de commodities como o petróleo, em sessão muito ruim hoje”, diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, destacando o peso do setor sobre o desempenho do Ibovespa nesta terça-feira. “Aqui no Brasil estamos com uma dinâmica distinta, com atividade ainda aquecida e PIB acima do esperado.”

Por outro lado, acrescenta o analista, o cenário de resiliência da atividade doméstica reforça a possibilidade de que a Selic venha a subir para reancorar as expectativas de inflação, em momento no qual o mundo tem se preparado para juros mais baixos nos Estados Unidos, com começo de ciclo de afrouxamento por lá aguardado para este mês de setembro. “Incerteza sobre o nível dos juros domésticos traz indecisão para o investidor” com relação à renda variável, diz Spiess.

(Com Estadão Conteúdo)

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