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Planejamento financeiro: Menos números e mais amor

por Conrado Navarro
3 min leitura
Planejamento financeiro: Menos números e mais amor

O principal erro das famílias que tentam implementar um controle financeiro eficiente consiste em acreditar demais no poder das ferramentas.

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Uma planilha completíssima, o aplicativo mais badalado do momento ou aquela agenda específica para finanças pessoais, não importa o meio, depositamos muita esperança no “Como fazer?” e nos esquecemos do “Por que fazer?”.

Uma família é um sistema composto de diversos seres humanos, cada um com seus anseios, prioridades, problemas pessoais, angústias, desejos e opiniões.

A harmonia entre os pensamentos nem sempre é possível (e nem desejável), mas é preciso partir do princípio de que a união existe pelo bem comum.

Planejamento financeiro: amor pra sua família

O que quero dizer é que estar junto e construir família significa mais do que dividir o mesmo teto. Ora, uma família não é o mesmo que morar em uma república, não é mesmo?

O principal, portanto, é a capacidade de entender e interpretar o outro constantemente, de modo a construir pontes entre os anseios individuais e as prioridades do grupo familiar.

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Viu só? Preencher uma planilha é muito mais fácil do que sentar, ouvir, conversar, questionar, arrepender-se, pedir desculpas, agradecer, elogiar, criticar e por ai vai.

Mas controle financeiro em família é isso; é lidar com as diferenças de forma a viver sempre melhor e com mais qualidade de vida, mas sem atalhos.

Controle financeiro se faz com diálogo, respeito e humildade

Comece por admitir que você precisa de sua família para construir planos melhores e que façam sentido. A partir daí, assuma a responsabilidade de envolver todos em um controle financeiro colaborativo, compartilhado de forma inteligente e atualizado com a ajuda e opinião do grupo.

Não se apresse neste processo! Comece transformando seu próprio cotidiano e influencie os demais a partir dos resultados conseguidos no seu dia a dia.

Baixe a guarda para as críticas e seja mais flexível. Três sugestões poderão ajudá-lo neste caminho:

1. Ouça mais, fale menos, preste atenção e incentive o diálogo

O que você quer (e precisa) é reduzir a distância entre você e sua família. Muito embora vocês dividam a mesma casa, o conceito de lar ainda precisa ser trabalhado. Pois bem, exerça sua paciência e procure ser mais proativo em relação ao controle financeiro. Em vez de reclamar, escute com atenção.

A ideia é permitir que a família consiga conversar sobre dinheiro sem que este momento termine em discussões ou até mesmo em uma briga feia. Não se apegue ao que é “ideal” ou “desejável” enquanto estiver provocando reflexões, afinal o primeiro passo é envolver o grupo, e não procurar culpados.

Tenha paciência, as primeiras conversas não serão muito animadoras! Na verdade, pode ser que a coisa demore mesmo para engrenar. Tudo bem, o que importa é a sua resiliência e persistência diante do tema e a certeza de que o único efeito colateral de sua nova atitude será mais aprendizado e resultados melhores em sua vida. Ou seja, vale a pena!

2. Respeite a opinião e as prioridades do outro

Você quer viajar no final de ano, mas um de seus filhos quer uma bicicleta de presente. Pode ser que sua esposa queira reformar a casa e você queira trocar de carro. Prioridades costumam ser a “pedra filosofal” de um bom controle financeiro, mas também a principal fonte de angústia e brigas quando não são discutidas e definidas de forma adulta.

Respeite o que o outro quer, sem julgá-lo. Seu caminho para dias financeiros mais tranquilos não passa por demover as pessoas de suas convicções ou apagar suas prioridades, mas encorajá-las para que criem as condições de alcançá-las enquanto contribuem para que os outros membros da família consigam o mesmo.

O principal é que a família tenha o que celebrar, o que na prática significa alcançar metas e objetivos definidos em conjunto e de forma individual. O controle financeiro que você quer começa por entender o que é importante para o outro e, mais do que isso, por aceitar que tanto as suas prioridades quanto as dele são igualmente relevantes.

O que isso tudo quer dizer? Que todos terão que adiar certos desejos, mas que todos também serão capazes de atingir resultados e realizar sonhos. O tempo, a forma, os recursos a serem usados, tudo isso faz parte da estratégia que vocês definirão juntos. Pois é, para isso vocês terão que sentar e conversar. Percebeu a dinâmica?

Leitura sugerida: Apontar o Dedo Não Paga Conta, Só Aumenta o Prejuízo

3. Esqueça a “verdade” ou “o que é melhor”

Você sabe o que está errado e tem a solução? Ótimo, mas vá com calma. O que sua família precisa agora é de um abraço, um carinho, não de um “tapa na cara”. Tenha em mente que os problemas familiares só são resolvidos quando são enfrentados por todos; em casa, não existe um “salvador da pátria”.

A palavra-chave aqui é envolvimento. Primeiro, remova barreiras de atitude e comportamento que impedem você e sua família de conversarem de forma sincera, aberta e honesta. Só depois de recuperar a confiança e o respeito é que a realidade deve ser discutida de forma prática.

Ao trazer mais harmonia e tempo em família de volta ao seu cotidiano, sua opinião será mais respeitada (e suas ações, observadas). Daí para tomar as decisões que são importantes para organizar a casa será muito mais fácil, pois haverá apoio e compreensão por parte do grupo.

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Conclusão

O aprendizado fundamental depois de tanto tempo trabalhando com educação financeira é simples: não tente transformar as pessoas com ferramentas! Dedicar energia e esforços em refazer laços afetivos, criando as condições ideias para um diálogo sincero, humilde e sem segundas intenções é muito mais produtivo e, principalmente, duradouro.

A ferramenta deve ser usada no dia a dia para facilitar o trabalho de manter as contas em dia e as prioridades atendidas, mas ela nunca deve ser vista como “tábua de salvação”. Não se salva uma conta corrente, nem tampouco um orçamento; salve-se uma pessoa, uma família.

O texto de hoje pode soar romântico demais, eu sei, mas é que eu acredito no verdadeiro amor familiar. Na minha humilde visão, controle financeiro só faz sentido se ele existe para oferecer capacidade de realização para pessoas e suas famílias; se ele oferece oportunidades de garantir mais qualidade de vida e liberdade. Essas coisas só existem de fato onde existe respeito, carinho e afeto. Amor!

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