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O poder destrutivo da crítica: prefira praticar o reforço positivo

por Renato De Vuono
3 min leitura

Esse texto vai soar muito estranho vindo de uma cara como eu, afinal, sou um crítico inveterado. Porém, em algum ponto da minha vida, descobri que não existe tal coisa como “crítica construtiva”. As críticas têm um caráter destrutivo, poderoso e único.

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Então, toda crítica, da maneira como conhecemos, é destrutiva. Troquemos a expressão “crítica construtiva” por outra que represente melhor o significado oculto do que, em teoria, se pretende; “ensinamento”, “questionamento” ou qualquer coisa que esteja de fato ligado à criação, construção.

Quem critica não quer ensinar ou construir nada, quer causar mal-estar alheio e alimentar seu próprio ego, pois o tom de uma crítica é sempre negativo, destrutivo. Caso contrário, não teríamos sempre que avisar ao outro que “faremos uma crítica construtiva”. É como dizer: “vou socar sua cara, vai doer, mas não fique bravo”.

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Sou crítico, detalhista. Mas, com o passar do tempo, estou mudando a forma como abordo as pessoas. “Críticas construtivas” se tornaram “questionamentos”, de forma que, no lugar de apontar uma suposta falha, eu questiono “como aquilo poderia ser feito de outra forma”.

E, quando estou emitindo uma opinião, deixo claro que se trata de minha opinião, nada mais. Quem a escuta tem o direito de gostar (ou não), mas, jamais, pode questionar uma opinião. É como gosto, cada um tem o seu.

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As pessoas reagem melhor quando são levadas a repensar seus atos, através de um questionamento educador. As chamadas “devolutivas” são perguntas que “devolvemos” às pessoas após uma colocação ou atitude.

Por exemplo: fulano chega e reclama para você de um colega de trabalho. Em vez de criticar a atitude (ou ajudar a falar mal), você dá uma devolutiva: “você já pensou que ele pode estar passando por algum problema? Já tentou conversar com ele?”

É impressionante o poder de transformação das “devolutivas”, de forma que, com o passar do tempo, criamos o hábito de nos questionar antes de agir. Afinal, a maior transformação vem de nós mesmos, e que jeito melhor do que promover o uso da razão, no lugar de desmotivar o próximo?

Uma vez que o questionamento é aprendido, é importante lembrarmos do “reforço positivo”, ou, simplesmente, elogio. Vivemos em uma sociedade viciada em criticar, cobrar resultados e punir quando eles não chegam. No entanto, elogios são raros, pois os acertos são vistos como “nada além da obrigação”. E o que isso traz? Pessoas desmotivadas, que produzem só o necessário, afinal, qual o incentivo de ir além?

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Não tenha medo de elogiar um bom desempenho, ou mesmo recompensá-lo. Seja de seus liderados ou em sua casa, o reforço positivo tem um poder enorme de fazer as pessoas irem além do comum.

Grandes líderes e empresas já entenderam isso: pessoas precisam estar motivadas e reconhecimento é uma das armas mais poderosas para isso. Mesmo que o desempenho seja “apenas o esperado”, reconheça, elogie. Afinal, sabemos que, mesmo pessoas com desempenho mediano e regular, são difíceis de se encontrar. (A rima foi acidental).

Há uma frase, atribuída ao Prof. Mário Sérgio Cortella, que resume bem o que estou tentando dizer com tudo isso:  “Elogie em público e corrija em particular. Um líder corrige sem ofender e orienta sem humilhar.”

Não precisa ir muito além, precisa? Antes de terminar, vou falar também dos “críticos profissionais”. Milhares – ou milhões – de pessoas são influenciadas a não exercer seu direito de decidir o que gostam, pois há muitos idiotas com poder para persuadi-las.

Nós jamais saberemos quão bom ou ruim é algo até experimentarmos; o melhor juiz para nossas vidas somos nós mesmos e o melhor juri, as experiências que vivemos. Para encerrar, transcreverei um trecho do texto irretocável de “Anton Ego“, personagem de Ratatouille da Pixar, sobre críticas:

“De certa forma, o trabalho de um crítico é fácil. Nos arriscamos pouco e temos prazer em avaliar com superioridade os que nos submetem seu trabalho e reputação. Ganhamos fama com críticas negativas, que são divertidas de escrever e ler. Mas a dura realidade que nós críticos devemos encarar é que, no quadro geral, a mais simples porcaria talvez seja mais significativa do que a nossa melhor crítica.”

Pronto para mudar o mindset, ser um líder ou familiar educador? Pronto para experimentar e formar suas próprias opiniões? É um desafio enorme, mas muito recompensador. Fica o meu convite para deixarmos juntos um legado de pessoas experimentadoras, motivadas e, por sua vez, educadoras. Espero você no próximo texto, até lá.

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