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Por que falar de dinheiro?

por Conrado Navarro
3 min leitura

Por que falar de dinheiro?Quando você pensa em dinheiro[bb], qual é a primeira coisa que idealiza? O que sua mente programa quando o assunto é dinheiro? As respostas são as mais variadas possíveis, tenho certeza, mas suas representações certamente identificam como encaramos nossas finanças e que tipo de comportamento mantemos com nosso bolso. Desta constatação, surge um importante acontecimento: a educação financeira já deixou de ser coisa de especialista. Ufa. Mas como será que nós, cidadãos, lidamos com esta realidade?

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Para facilitar a reflexão diante de tão importante discussão, que tal responder duas questões fundamentais nos dias de hoje:

  1. Por que o dinheiro é tão relevante?
  2. Por que é tão importante falar de dinheiro?

Felizmente, deparei-me com tais questões ainda muito jovem, com cerca de 12 anos. Meus pais sempre alimentaram a discussão sobre as finanças da casa[bb] e faziam questão de nos envolver nos problemas, conquistas e decisões relevantes para a evolução patrimonial da família. Tenho que reconhecer que isso impulsionou meu ativismo financeiro e agradecer, pois tal oportunidade ainda é muito rara.

Qual foi a última vez que você se viu respondendo questões como as que listei aqui? Nunca? Esta é a primeira vez? Agora olhe para os seus filhos, sobrinhos, netos e demais crianças/jovens da casa. Acha que lançar as questões agora, com eles ainda tão jovens, pode mudar, ainda que de forma singela, suas atitudes em relação ao dinheiro? Experimente, mas não acredite que só isso basta. Alimentar e acalorar o debate é que fará mesmo muita diferença.

Já reparou que é cada vez maior o número de leitores jovens que acompanham artigos e livros de finanças pessoais e educação financeira? Também é cada vez maior o número de pessoas interessadas e dispostas a investir tempo e dinheiro em conhecimento técnico e específico de finanças pessoais e investimentos. Os sinais dos tempos e das novas gerações são claros: queremos mudar o paradigma cultural impresso pelo passado e evoluir intelectual, moral, social e financeiramente.

Embora os ensinamentos ainda sejam quase que baseados em nossas experiências caseiras e com familiares (o tão importante, mas pouco valorizado aprendizado advindo do exemplo), há um grande universo de oportunidades sendo criado através de sites, livros e novas gerações de autores. Ótimo! Planejamento financeiro, avaliação de alternativas de investimento[bb], conhecimentos básicos de economia e bolsa de valores já são temas freqüentes em corredores de universidades. Poucas, é verdade, mas que já representam o início de uma considerável mudança.

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Qual foi a última vez que seus filhos e/ou netos o abordaram para um papo mais sério sobre dinheiro que não fosse sobre mesada? Agora pense de outra forma: será que você já demonstrou interesse e paciência para esticar o papo para além do básico sobre mesada? Com o que ele gasta? Ele poupa? Ele sabe o que é uma transação bancária? Sabe como um banco funciona? Tem idéia do porquê das diferentes moedas mundo afora? A escola onde ele estuda oferece disciplinas e experiências relativas ao universo financeiro? Deveria oferecer?

A culpa é nossa!
A questão é que limitamos o aprendizado mais profundo sobre dinheiro simplesmente porque discutir tais particularidades requer tempo, conhecimento e disposição. Preferimos, no entanto, conviver apenas com as brincadeiras e conversas livres de responsabilidade, valorizando o prazer imediato da convivência em detrimento de um bom e profundo papo sobre aquilo que o mundo real insiste em nos apresentar. E passamos o exemplo adiante, valorizando, ainda que inconscientemente, o prazer imediato (consumo) em prejuízo ao planejamento.

Dá trabalho aprender mais sobre investimentos, economia e finanças domésticas. Sem que haja tal esforço, é muito difícil conseguir repassar algo de valioso para os que nos acompanham. Mas quantas foram as lições passadas depois de muito aprender e trabalhar? Não são valiosas e de grande impacto? Ora, por que não tratamos de envolver os ensinamentos ardidos sobre dívidas, financiamentos e independência financeira em nosso dia-a-dia? Preguiça, garanto.

Logo, falar de dinheiro não é apenas um exercício social relevante, mas uma atitude representativa do verdadeiro amor que nutrimos por nossos entes queridos e amigos mais próximos. Quando a discussão aprofundar-se, lembre-se de manter os ouvidos atentos para o que os mais dispostos desejam ensinar, sem logo cortar o papo porque “economia é assunto para economistas e gente chata”. A frase parece exagerada, mas é comum em muitas reuniões de família e conversas de bar. Você, inteligente que é, sabe disso.

Tudo soa maravilhoso, mas e o “como fazer”?
Agir em benefício do dinheiro como pauta da vida é muito mais simples do que parece. Costumo oferecer aos amigos uma pequena reunião de palavras sobre três importantes atitudes que considero essenciais para integrar as finanças ao ambiente familiar do atribulado século XXI:

1. Empregue a mesma energia usada nos afazeres gerais à avaliação e acompanhamento de suas finanças. Você não passa horas pensando nos aspectos sociais daquela reunião entre amigos ou no quão importante deve ser a educação de seus filhos? Use mais do seu tempo para também ler mais sobre finanças, praticá-la em seu ambiente familiar e extendê-la ao convívio com os familiares;

2. Incentive a educação financeira por meio de atos e simples mudanças de hábito. O exercício é simples: se, por exemplo, você é sempre o responsável por sacar e pagar algum determinado serviço, peça que seu filho faça isso. Ajude-o, mas deixe-o encarregado de gerenciar parte dos acontecimentos financeiros da casa. Atos simples, como deixar seu filho pequeno operar um caixa automático ou valorizar pesquisas e conversas sobre finanças costumam gerar excelentes resultados no longo prazo. Posso afirmar, sem medo, que sou a prova disso;

3. Não centralize a gestão financeira familiar. Ainda que isso pareça adequado para seu universo doméstico, mantenha sempre os integrantes da casa engajados em atividades que tenham relação com o dinheiro[bb]. Incentive os filhos a trabalhar nos períodos de férias, permita que todos definam os objetivos de curto, médio e longo prazo do grupo e faça periódicos encontros para deixar as opiniões fluírem. Tempo livre sempre existe.

Como percebeu, realmente acredito que falar de dinheiro – além de respeitá-lo, e muito – é algo fundamental para criarmos uma sociedade realmente capaz de atingir a independência financeira. Nunca duvide do potencial que possui para multiplicar seu patrimônio, mas lembre-se: sozinho, tudo é mais difícil. Quanto mais gente você “contaminar” com o “vírus” da educação financeira, melhor! Concorda?

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Crédito da foto para stock.xchng.

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