O órgão regulador de dados de Portugal disse nesta terça-feira que ordenou que o projeto de escaneamento de íris de Sam Altman, Worldcoin, pare de coletar dados biométricos por 90 dias, no mais recente golpe regulatório em um empreendimento que levantou preocupações sobre privacidade em vários países.
A Worldcoin incentiva pessoas a terem seus rostos escaneados por seus dispositivos “orb”, em troca de uma identificação digital e criptomoeda gratuita. Mais de 4,5 milhões de pessoas em 120 países já se inscreveram, de acordo com o site da Worldcoin.
O órgão regulador de dados de Portugal, a CNPD, disse que havia um alto risco para os direitos de proteção de dados dos cidadãos, o que justificava uma intervenção urgente para evitar danos graves. Mais de 300.000 pessoas em Portugal forneceram à Worldcoin seus dados biométricos, informou a CNPD.
O órgão regulador disse ter recebido dezenas de reclamações no último mês sobre a coleta não autorizada de dados de menores de idade, “deficiências nas informações fornecidas aos titulares dos dados” e “a impossibilidade de apagar os dados ou retirar o consentimento”.
Jannick Preiwisch, diretor de proteção de dados da Worldcoin Foundation, disse que a Worldcoin estava “em total conformidade com todas as leis e regulamentos que regem a coleta e a transferência de dados biométricos”.
“O relatório da CNPD é a primeira vez que recebemos informações sobre muitos desses assuntos, incluindo relatos de inscrições de menores de idade em Portugal, para os quais temos tolerância zero e estamos trabalhando para resolver em todas as instâncias, mesmo que sejam apenas alguns relatos”, disse Preiwisch em um comunicado enviado por email.
A Worldcoin também disse que a empresa iniciou em março uma transição para a “Custódia Pessoal”, que daria aos usuários o controle sobre seus dados, incluindo a exclusão e qualquer uso futuro.
A CNPD disse que a ordem para interromper a coleta de dados era temporária enquanto realizava diligências adicionais e analisava reclamações durante uma investigação.