A expansão de vagas em cursos de medicina no Brasil, impulsionada por autorizações judiciais, tem levado a uma redução média de 10% no valor das mensalidades em comparação com cursos já consolidados, segundo análise do Bank of America. O estudo, que avaliou 71 instituições em todo o país, incluindo mais de 50% dos cursos abertos por meio de liminares, aponta que a concorrência e a dificuldade de preenchimento de vagas estão pressionando os preços, especialmente em regiões com maior oferta de matrículas.
“Os cursos de medicina abertos recentemente por liminares são, em média, 10% mais baratos do que os já existentes”, destacaram os analistas Flavio Yoshida, Mirela Oliveira e Gustavo Tiseo. Eles explicam que o desconto pode chegar a 20% em regiões com mais de mil vagas maduras, enquanto em áreas com menos de 150 vagas consolidadas, a diferença cai para apenas 2%.
A pesquisa revelou que a dificuldade de preencher vagas é um dos principais fatores por trás dos descontos. “Cursos novos estão demorando mais para preencher suas turmas. Cerca de 35% deles ainda tinham vestibulares disponíveis em 25 de fevereiro, contra 20% dos cursos maduros”, afirmaram os analistas. Essa tendência pode ser explicada pelo reconhecimento de marca dos cursos já estabelecidos e pelo início tardio dos processos seletivos nas novas instituições.
Média da faculdade de medicina: mensalidade por tamanho de cidade (R$ mil/mês)

Os desafios variam conforme o tamanho das cidades. Em municípios menores, os cursos enfrentam dificuldades para atrair alunos, enquanto nas grandes cidades, a competição por preços é mais acirrada. “Em cidades pequenas, há maior dificuldade para preencher vagas, já nas grandes, a pressão é sobre os preços”, explicaram Yoshida, Oliveira e Tiseo.
A equidade da marca deve se tornar um fator crucial para sustentar preços mais altos no futuro. “Acreditamos que o reconhecimento da marca será cada vez mais relevante para manter mensalidades elevadas”, disseram os analistas. Entre as empresas listadas, Ânima (ANIM3) e Cruzeiro do Sul (CSED3) se destacaram no último Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE), usado como indicador de reconhecimento de marca, enquanto Ser (SEER3) e Cogna (COGN3) tiveram os piores resultados.
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Além dos descontos nas mensalidades, 55% das instituições oferecem reduções para pagamentos em dia, com média de 6%. Essa prática é mais comum em cursos novos (60%) do que nos maduros (50%). “Dada a alta renda e a baixa taxa de inadimplência dos estudantes de medicina, usamos o valor com desconto como proxy do preço real pago”, explicaram os analistas.
Apesar da pressão competitiva, o Bank of America avalia que as instituições com maior reconhecimento de marca estão melhor posicionadas para enfrentar os desafios. “Ânima e Cruzeiro do Sul têm os melhores resultados entre as empresas listadas, seguidos por Afya (AFYA; A2FY34) e YDUQS (YDUQ3)”, destacaram. Já Ser e Cogna enfrentam maiores dificuldades para se destacar no mercado.
Com a expectativa de abertura de mais 5 mil vagas pelo programa Mais Médicos 3 (MM3), os analistas projetam que a pressão sobre os preços e a concorrência devem aumentar no longo prazo. “A expansão contínua de vagas pode trazer desafios adicionais para o setor, especialmente para cursos sem forte reconhecimento de marca”, concluíram Yoshida, Oliveira e Tiseo.