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Petrobras “subsidia” gasolina e afeta etanol, diz Unica

O presidente da Unica, que representa as usinas de cana do centro-sul do Brasil, foi instado a falar sobre o recorde de moagem de cana e de produção de açúcar

por Reuters
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A indústria de etanol do Brasil está sofrendo com a concorrência de uma gasolina com preços “subsidiados” pela Petrobras (PETR4) afirmou o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), ao comentar os efeitos da nova política da estatal em momento em que as cotações dos combustíveis no exterior avançam.

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“O que chama a atenção, não obstante o volume de moagem de cana, é a retração das vendas de etanol, efeito do subsídio à gasolina”, disse Evandro Gussi, em entrevista à Reuters.

“A Petrobras tem subsidiado a gasolina, isso é o principal ponto que faz com que tenhamos retração tão importante no consumo de etanol hidratado.”

O presidente da Unica, que representa as usinas de cana do centro-sul do Brasil, foi instado a falar sobre o recorde de moagem de cana e de produção de açúcar na segunda quinzena de julho, conforme divulgado pela entidade nesta quinta-feira.

Mas preferiu apontar os problemas enfrentados pelo mercado de etanol, especialmente do álcool hidratado, que concorre com a gasolina nas bombas dos postos de combustíveis.

“O etanol está competindo de uma maneira assustadoramente injusta. A principal razão para a queda do consumo de etanol não é a falta de oferta, é a falta de demanda, pelos subsídios aplicados”, comentou Gussi, ao ser questionado se os preços do açúcar, que atingiram máximas de mais de dez anos mais cedo este ano no mercado internacional, teriam levado o setor a priorizar o adoçante em detrimento do biocombustível.

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Na esteira de uma recuperação do mercado de petróleo, os contratos futuros da gasolina negociados nos Estados Unidos subiram cerca de 18% desde o início de julho, enquanto a última movimentação da cotação na refinaria da Petrobras foi no início do mês passado, uma redução que levou o preço do combustível para o menor nível em termos nominais em mais de dois anos.

Desde a mudança da estratégica de comercialização da Petrobras em meados de maio, a petroleira passou a observar não somente a paridade com o exterior, mas outros fatores, como o chamado custo alternativo do cliente.

Para Gussi, a estratégia da Petrobras deverá resultar em “sérios prejuízos à empresa” e ao setor de etanol.

Ele avaliou que a petroleira está adotando práticas semelhantes às vistas em governo do PT anteriormente, quando tal política influenciou no fechamento de cem usinas de 2012 a 2014, segundo dados da Unica.

Para Gussi, é preciso que “o discurso de sustentabilidade da Petrobras se traduza na prática”. Segundo ele, não faz sentido dizer que tem “compromisso com transição energética e subsidiar combustíveis”. A companhia é, com folga, a principal supridora do mercado brasileiro.

Integrantes do setor de combustíveis também têm comentado que o diesel da Petrobras está com uma disparidade grande em relação ao mercado internacional, gerando preocupações sobre o desabastecimento, risco este descartado por um diretor da empresa esta semana.

Procurada para falar sobre os comentários do presidente da Unica, a Petrobras não comentou o assunto imediatamente.

Ao mesmo tempo, Gussi exaltou na entrevista o “sólido compromisso” do ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, com a transição energética, o que inclui propostas de aumentar a mistura de etanol anidro na gasolina de 27% para 30%.

O etanol anidro, por ser misturado à gasolina, tem registrado aumento nas vendas pelas usinas.

Segundo dados da Unica, o volume comercializado de etanol anidro em julho foi de 1,21 bilhão de litros, um avanço de 15,59% em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto o etanol hidratado registrou queda de 9% nas vendas, para 1,31 bilhão de litros.

No acumulado da safra 2023/24 desde 1º de abril, a comercialização de etanol hidratado somou 5,26 bilhões de litros (-8,84%), enquanto a anidro, 4,33 bilhões de litros (+14,91%), conforme dados da Unica.

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