Gilberto comenta: “Navarro, eu sou uma pessoa que vê a educação financeira como uma aliada do sonho de liberdade, algo que você fala bastante em seus textos e vídeos. O problema é que a maioria das pessoas encara esse meu jeito de ser como um problema, dizendo que ‘dou muito valor ao dinheiro’ ou que ‘penso mais em dinheiro que em felicidade’ e por ai vai. Chato isso, não acha? Tem algo a dizer sobre essa situação? Abraço”.
O preconceito tem muitas definições óbvias, mas uma delas, segundo o dicionário Michaelis, diz que preconceito é “opinião ou sentimento desfavorável, concebido antecipadamente ou independente de experiência ou razão”. Ou seja, é algo que se pratica de forma deliberada, mas influenciado por uma bagagem pessoal enorme (cultural, social e emocional).
A Wikipedia “joga lenha na fogueira” dizendo que “os sentimentos negativos em relação a um grupo fundamentam a questão afetiva do preconceito, e as ações, o fator comportamental”. É possível interpretar que os resultados de nossas decisões acabam envolvidos pela soma de nossos sentimentos e ações, o que me lembra da importância de tratarmos os nossos desafios pessoais antes dos desafios dos demais.
Tudo isso pra entender que não adianta querer acabar com o preconceito do outro; é preciso demonstrar, através de nossos sentimentos e atitudes, que o preconceito só existe no outro (o problema é dele, portanto siga seu caminho). O foco sai da interferência na vida do outro, poder que não possuímos, para o único real poder que conquistamos: o de mudar o nosso rumo.
O que isso tem a ver com prosperidade?
Tudo! É simples: há um preconceito latente na sociedade em relação aos indivíduos que prosperam. Felizmente, como acabamos de discutir, o problema não é de quem venceu ou atingiu metas maiores, mas dos que insistem em associar estas pessoas a algo negativo – sentimentos pesados e ações destrutivas distorcem a realidade e só alimentam o preconceito.
Discussões que envolvam a prosperidade fatalmente terminam com visões equivocadas. Para quem prospera, é clara a relação entre o desejo e a ação – para eles, a prosperidade é uma escolha. Para os preconceituosos, a prosperidade parece mais uma maldição, algo que certamente fará a vida ser pior e infeliz. Se você já teve a chance de participar de alguma conversa assim, sabe do que estou falando.
Eu adotei três escolhas conscientes na organização de minha agenda (pessoal e profissional) a fim de evitar que o preconceito em relação à construção da prosperidade e busca da liberdade contaminasse meu cotidiano. Compartilho-as abaixo:
1. Crie uma agenda positiva
Você já conhece a história do copo com líquido até a metade e a forma com que observamos essa realidade. Uns veem o copo meio vazio, enquanto outros enxergam o copo meio cheio. Otimismo em relação ao nosso potencial, desde que convertido em constante aprendizado e resultados, é uma ferramenta poderosa para evitarmos a armadilha da baixa autoestima e elevar nosso bom humor.
Por agenda positiva entenda optar por atividades, trabalhos e relacionamentos que possam agregar valor à sua bagagem. Isso não significa que você não terá que lidar com frustrações ou problemas, mas eles serão fruto de uma escolha consciente e sempre pautada pelo crescimento, não por comodidade ou simples reflexo.
Atitude desejada: pense nos seus próximos 30 dias como uma oportunidade de conhecer empresas, lugares e pessoas que você admira, mas que parecem “fora do seu radar”. Agora mexa-se e busque uma forma de realizar essa meta.
2. Relacione-se com pessoas melhores que você
A prosperidade tem tudo a ver com os relacionamentos que escolhemos. A razão é óbvia: nós passamos muito tempo com essas pessoas que escolhemos e seus pensamentos, atitudes, decisões e opiniões acabam por influenciar bastante nosso processo de tomada de decisões e nossas atitudes. Isso é óbvio, você certamente já sabia disso.
Pode ser que tenhamos que alterar nosso círculo de amizades. Pode ser que tenhamos que fazer novos amigos ou mesmo construir uma nova rede de relacionamentos. O importante é experimentar a fantástica sensação de sair de uma conversa melhor do que você entrou, com mais ímpeto para buscar desafios e mais energia para correr atrás dos objetivos.
Atitude desejada: corra atrás de um mentor, confirme com ele seu interesse em aprender e mantenha contato frequente com esse que será um de seus principais professores da vida.
3. Aja por paixão, não por interesse
Não é novidade que os piores relacionamentos são aqueles que acontecem por interesse, seja ele comercial ou emocional. Fazer qualquer coisa e esperar algo em troca gera uma relação de dependência, o que pode rapidamente descambar para momentos recheados de ciúmes, cobranças e julgamentos prematuros. O resultado pode ser uma “birra”, que logo será praticada na forma de preconceito.
Vejo muitas pessoas abandonando seus hobbies e focando sua vida em cada vez mais trabalho. Vejo muitas famílias sem tempo para os amigos porque a rotina do lar parece sufocante. Cada ato de paixão que deixamos de executar nos torna um pouco mais amargos – e isso só contribui para uma agenda negativa, pesada (oposto do que proponho).
Atitude desejada: envolva-se mais com atividades que você ama (hobbies ou não) e procure relacionar-se com pessoas com interesses semelhantes.
Conclusões
A sua interpretação do texto pode ser algo tipo “O Navarro fala do ‘Mundo Mágico de Moranguinho’, o lugar ideal onde podemos criar nosso ideal de prosperidade, mas é uma pena que esse lugar não exista”. Tenho que admitir que minha proposta é ousada, ainda mais em um mundo tão marcado por relacionamentos rasos, excesso de informações e superficialidade na definição de prioridades.
Mas quando digo que minha proposta é ousada, não é porque pretendo criar ou alimentar a fantasia de um mundo melhor, ideal. Nada disso. A ousadia vem do fato de propor uma reversão absoluta de tendência: precisamos voltar a ter mais tempo para nós e dar mais atenção para quem somos antes de querermos construir o tal mundo melhor.
Só uma pessoa inteira é capaz de ajudar outra pessoa (inteira ou não). Ou acreditamos na prosperidade como uma escolha, e a praticamos em cada pequena decisão do dia a dia, ou estaremos sempre buscando nos outros a resposta para nossos desejos. Resposta essa que não será encontrada (ela está em nós), o que apenas reforçará o preconceito, a inveja e, como consequência, a hipocrisia.
Eu não tenho respostas, mas lancei muitas perguntas e reflexões. Você concorda? Que tal deixar sua opinião no espaço de comentários abaixo? Obrigado e até a próxima.
Foto person on the peak, Shutterstock.