É assim que funciona. “Só o trabalho produz riqueza.” A frase é atribuída a Amador Aguiar, fundador do Bradesco e presidente deste grande banco entre 1943 e 1980. Com fama de trabalhador incansável, em “apenas” oito anos de trabalho árduo ele já havia transformado um pequeno banco regional no maior banco privado do país em seu tempo.
Mágica? O Sr. Aguiar foi um empreendedor com grande autoridade nos quesitos trabalho e dinheiro, e creio que podemos tomar este seu ensinamento como algo bastante verdadeiro. Acontece que boa parte das pessoas que presta alguma atenção à orientação de “gurus financeiros” espera ouvir deles uma fórmula mágica, que lhes traga riqueza com pouco (ou nenhum) sacrifício. Sem “dar trabalho” e, de preferência, do dia para a noite.
Esquemas… Um outro fato a lamentar é que, neste país onde os escândalos de corrupção insistem em entupir as manchetes dos jornais, há muita “gente boa” que, desanimados diante de tanta roubalheira, cansados de pagar impostos elevados e receberem um retorno pífio do governo, chegam a ter recaídas em sua mente laboral: “Ah, o trabalho não leva a nada! Se ao menos eu fizesse parte do esquema, se tivesse amigos influentes… minhas chances de prosperar seriam maiores”!
Esqueça! Para a maior parte de nós, “reles mortais”, gente honesta e batalhadora (aqui eu me permito incluir-me neste grupo), ganhar dinheiro (limpo) sempre implicará em grandes somas de tempo e energia focados em nossa atividade profissional. Então, para começar com o pé direito, escolha uma área profissional com a qual você se identifique muito. Ganhar dinheiro só será genuinamente bom se você estiver fazendo – basicamente – aquilo que gosta.
Dedicação = recompensa! A partir daí, saia garimpando boas oportunidades de trabalho em sua área de afinidade profissional. Batalhe por aqueles empregos, equipes, empresas e projetos que lhe permitam verdadeiramente adicionar valor diferenciado através de seu trabalho… e receber algo justo em troca disso! Ponha-se com gente moralmente decente, dedique-se, aprimore-se, persista e insista, e o dinheiro lhe virá na medida certa, em justa recompensa a seu esforço e dedicação. Pode confiar!
Seus braços X seu dinheiro. Trabalhar é o começo (um ótimo começo!) de toda jornada de prosperidade. No entanto, hoje em dia não basta você trabalhar para se dar financeiramente bem nesta vida: é necessário saber poupar uma parte do fruto do seu trabalho, que é para poder colocar esta parte do dinheiro também para trabalhar a favor da sua prosperidade.
Economias bem aplicadas produzem juros, e os juros se acumulam uns sobre os outros ao longo tempo pelo princípio dos juros compostos, gerando riqueza pela acumulação em progressão geométrica dos frutos de seus bons investimentos!
Você ganha tão pouco assim… Ou só anda mesmo “pensando pobre”?
Herdeiro? Quando você era um bebê recém-nascido, ainda lá na maternidade, seus pais chegaram ao pé do seu ouvido e disseram: “Filho/a, nós te amos e queremos lhe dar tudo do melhor. Sabemos que um dia precisará de uma casa para morar: já compramos, passamos a escritura no seu nome. Ficará alugada enquanto não precisar usar, mas já está reserva para você. Sim, e tem também um carro na garagem. Quer dizer, não compramos o carro porque ficaria velho e ultrapassado até lá, mas já reservamos o dinheiro certo no banco. Aliás, lhe deixamos uma boa quantia aplicada, para rentabilizar e pagar suas contas!”
Pooobre! Muito provavelmente não foi assim. Seus pais lhe deram todo o amor e carinho que podiam dar, mas, não sendo ricos, não lhe deixaram patrimônio imobiliário ou financeiro expressivo. Em outras palavras: você não nasceu rico.
E muita gente toma precisamente este ponto de sua história pessoal, nada menos que sua gênese neste mundo, para embasar um raciocínio tristemente fatalista: “Nasci pobre. Portanto, pobre sou. Tenho sonhos importantes (casa, carro, uma grande viagem…). Mas, pobre que sou, jamais terei o dinheiro para concretizá-los como fazem os ricos: pagando à vista. Ou simplesmente frustrarei estes sonhos (não!), ou terei de fazer dívidas para tentar conquistá-los (nããão!).”
Pobre de marré. Há também outro jeito muito eficaz de pensar pobre: “Veja só meu salário! Ganho pouco demais! Com esta “miséria” não dá para viver a vida que eu quero (e que tenho direito!). Então… bem… não há outro jeito: sou obrigado a fazer dívidas para complementar o salário. Afinal, sou pobre!”
“Solução”. Daí a pessoa ganha R$ 6 mil livres e diz que isso é muito pouco, que não dá (renda de pobre!). Justamente porque “não dá”, decide contrair dívidas cujas parcelas somadas dão R$ 4.500,00. Destes R$ 4.500,00, cerca de R$ 3 mil são repagamento do valor tomado emprestado, e nada menos que R$ 1.500,00 são juros puros, um dinheiro que a pessoa terá de entregar religiosamente ao banco, mas cujo benefício concreto ela jamais irá experimentar. São R$ 1.500,00 de poder de compra do salário que viraram pó com os juros das dívidas!
Pela culatra. Dos R$ 6 mil que a pessoa tinha de renda livre sobraram R$ 4.500,00. Daí ela chora ao lembrar de quando ainda tinha R$ 6 mil soltos no bolso para fazer o que bem entendesse… Pensou pobre, desvalorizou os ganhos do seu trabalho e apelou para as dívidas como “solução”? Pois empobreceu ainda mais!
Quer algo que dê mais certo do que esta “estratégia”? Trate seu “salário de pobre” com maior respeito: economize, aplique, junte, ganhe juros e, quando tiver a grana pronta, compre à vista e com desconto. Pense rico, valorize o trabalho e fuja das dívidas!
Dê valor ao seu dinheiro, ao seu tempo e ao seu trabalho!
Tempo é dinheiro. O ditado é malhado, mas irrefutável. Devemos lembrar que o inverso deste raciocínio é igualmente válido: dinheiro também é tempo. Manter essa verdade viva em sua mente irá lhe ajudar a tratar com mais dignidade seu dinheiro, bem como seu tempo e seu trabalho, o que representará um grande impacto positivo para sua qualidade de vida.
Veja as contas a seguir: vamos imaginar um indivíduo que trabalhe 200 horas mensais. Vamos dividir o ganho mensal dessa pessoa por 200 horas para avaliar quanto, em dinheiro, equivale a uma hora do seu tempo.
Só um minutinho. Imagine alguém que ganhe R$ 6 mil por mês. Dividindo esse salário por 200 horas mensais, apuramos que cada hora de trabalho corresponde a R$ 30,00. Assim, cada minuto de sua vida empatado no trabalho lhe conduz ao bolso a quantia de R$ 0,50.
E já que dinheiro também é tempo, dá para dizer que cada R$ 0,50 presentes no bolso dessa pessoa custaram-lhe um precioso minuto de vida, minuto dedicado ao trabalho, não estando, portanto, disponível para o lazer ou para a “boa vida”. Enfim, um minuto “suado”.
Quanto vale? Ao desperdiçar o equivalente a uma simples moeda de cinquenta centavos (o valor de um pãozinho francês, do baratinho), tal pessoa estará esnobando um valiosíssimo minuto de sua vida. Quanto essa pessoa não pagaria para ter esse mesmo minutinho de prorrogação (de vida saudável, é lógico) lá na “reta final”, deitada em seu leito de morte?
Então valorize, oras! Da próxima vez que estiver prestes a fazer desaforo a qualquer quantia de dinheiro, comprando o que não precisa, gastando com bobagens, fazendo uma coleção de dívidas e pagando juros de forma mal planejada, pare, pense melhor e procure dar o devido valor ao dinheiro.
Lembre-se de que dinheiro também é tempo – tempo da sua preciosa vida! Quem desperdiça dinheiro, na prática desperdiça tempo de vida, o bem mais raro que possuímos. Quem desperdiça tempo desvaloriza seu trabalho, fruto dos braços fortes e da inteligência diferenciada com que foi agraciado.
Mas o trabalho – somente o trabalho! – é a fonte de toda a riqueza gerada no mundo. Então, valorize seu tempo, seu trabalho, seu dinheiro!
Apegado no dinheiro? Não estou sugerindo que você se apegue ao dinheiro. Não creio que alguém deva seguir o exemplo do Tio Patinhas para ser feliz. Mas fico tranquilo porque sei que a maior parte das pessoas trabalha, não com o objetivo maior de se tornar um multimilionário podre de dinheiro, mas para conquistar “tão somente’ conforto e segurança para si e para sua família, além de – naturalmente – poder concretizar seus principais sonhos de compra e consumo.
Foco correto. Uma vida material digna, gratificante e realizada é um direito (na realidade, até mesmo um dever!) de todos os que trabalham e dão duro no dia a dia, independentemente de os ganhos proporcionados por seu trabalho serem maiores ou menores.
Dar mais valor ao dinheiro deve se prestar justamente a este nobre objetivo: usá-lo corretamente para viver bem, hoje, amanhã e depois, sem que para isso seja preciso se tornar um “dinheirista” (ou “dinheirólatra”, tanto faz).
Vamos prosperar!
Não desperdice um centavo sequer do seu dinheiro, não desperdice um minuto que seja da sua vida. Tempo e dinheiro são intercambiáveis (até certo ponto) e são os recursos mais valiosos que você tem a sua disposição para conquistar a prosperidade duradoura.
Se você fizer desaforo a estas preciosidades, não poderá culpar ninguém pelo seu fracasso financeiro (ou por uma saúde financeira morna, o que é quase tão ruim quanto…). Até a próxima!
Foto “Team work”, Shutterstock.