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Psicologia Econômica: a Ilusão Cognitiva

por Adriana Spacca Olivares Rodopoulos
3 min leitura
Psicologia Econômica: a Ilusão Cognitiva

Psicologia Econômica: a Ilusão CognitivaPara inaugurar o segundo ano da seção de Psicologia Econômica aqui no Dinheirama, escolhi falar sobre um conceito fundamental não apenas para uma vida financeira saudável e sustentável, mas para uma vida que valha a pena ser vivida: a ilusão cognitiva.

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Assim como uma ilusão de ótica, a ilusão cognitiva é algo que parece ser, mas não é. Parece simples e óbvio, mas este é o grande problema com as ilusões (óticas ou cognitivas): elas parecem tão reais que normalmente precisamos de alguém para nos mostrar que se trata de uma ilusão, caso contrário percebemos a ilusão como verdade.

Como o processo de tomada de decisão se inicia com a percepção, passa pela avaliação e gera a decisão que resulta no nosso comportamento, tomar uma ilusão como verdade vai acabar produzindo um comportamento inadequado, ineficiente, nocivo e recorrente.

Por isso, um sinal de que você está acreditando em ilusões é aquela sensação de que você está fazendo tudo certo, mas está dando tudo errado.

E o que nos faz cair nas “pegadinhas” das ilusões? Nossa cabeça! Nosso funcionamento mental!

Para ilustrar o que estou dizendo, dê uma olhada nas linhas abaixo e escolha a menor. Talvez você já conheça essas linhas, mas isso não tem importância aqui:

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Ilusão Cognitiva

Se você é como a maioria das pessoas, você nem se deu ao trabalho de medir as linhas, apesar de a escolha depender totalmente da medida delas. Você confiou no que seus olhos viram e decidiu pela linha A.

Essas linhas são conhecidas como a Ilusão de Muller-Lyer e elas são exatamente do mesmo comprimento. Se você ainda não acredita, pegue uma régua, meça e convença-se.

Pronto! Você acabou de experimentar como a sua cabeça (não) funciona diante de ilusões. Quando você deu a resposta “A”, você confiou no seu Sistema 1, aquele que é mais intuitivo, primitivo, rápido e que não consegue se conter diante de uma coisa tão óbvia, tão simples, tão verdadeira!

Quando você pegou a régua, mediu e constatou que as linhas tinham a mesma medida, você “ignorou” a resposta dada pelo seu Sistema 1 e acionou o Sistema 2, que, em poucas palavras, é aquele que pensa.

Isso pode ter te causado até um certo desconforto. Algumas pessoas têm tanta dificuldade em lidar com esse desconforto que medem mais de uma vez as linhas. Outras sentem até um pouco de vergonha ou desapontamento por não terem percebido a pegadinha logo de cara. Mas o importante é que depois de tudo isso, você fez a escolha certa.

Agora, dê uma olhada nas linhas novamente e veja que coisa assustadora: o fato de SABER que as linhas têm o mesmo comprimento não faz com que você as VEJA do mesmo comprimento. Isso apenas faz com que você faça a escolha correta.

Pois é isso mesmo: ilusões de ótica bem construídas não se anulam só porque sabemos que elas são uma ilusão já que provocam uma resposta intuitiva que faz todo sentido.

No caso das ilusões cognitivas acontece o mesmo. A questão é: como lidar com o desconforto de ignorar as sugestões do Sistema 1? Porque elas não vão desaparecer.

E no caso da ilusão cognitiva, esse desconforto assume outras formas, como: inadequação, ansiedade, medo, impotência, incompetência, inferioridade, vulnerabilidade e todos aqueles sentimentos incômodos que detestamos e que, por isso, fazemos de tudo para nos livrarmos deles o quanto antes.

Como se isso não bastasse, estamos vivendo uma época em que dúvida ou “demora” em tomar decisões representa incompetência ou falta de conhecimento (olha aí uma ilusão cognitiva das boas!).

Isso favorece ainda mais a tomada de decisão rápida, intuitiva, recorrente, mas infelizmente totalmente equivocada, o que por sua vez produzirá comportamentos que provocarão sentimentos como: inadequação, ansiedade, medo, impotência, incompetência, inferioridade, vulnerabilidade e todos aqueles sentimentos incômodos que detestamos e que por isso, fazemos de tudo para nos livrarmos deles o quanto antes (repeti tudo isso de propósito).

Então se correr o bicho pega e se ficar o bicho come? Felizmente não!

Esse desconforto tende a diminuir com “treino”. Se você voltar a olhar as linhas, vai perceber que a “briga” entre os dois Sistemas vai ficando cada vez mais “silenciosa”, vai acontecendo uma espécie de aceitação da realidade. Além disso, saber que você está tomando a decisão acertada não tem preço.

Mas, voltando à característica principal das ilusões, é preciso que alguém nos mostre que se trata de uma ilusão e é sobre isso que vamos falar nos próximos artigos: ilusões cognitivas bem construídas, largamente percebidas como verdade e que estão nos levando a tomar decisões equivocadas.

Ah, se você já conseguiu se livrar de alguma ilusão cognitiva, conte para nós como foi a sua experiência! Até a próxima!

Foto making decision, Shutterstock.

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