O Ministério do Comércio da China anunciou uma investigação sobre importações de carne bovina devido à queda nos preços domésticos e ao aumento das importações nos últimos anos. Segundo os analistas Henrique Brustolin e José Ricardo Rosalen, do Bradesco BBI, o impacto pode ser menor do que aparenta, considerando aspectos geopolíticos e a política de expansão das importações chinesas após a peste suína africana. Apesar disso, os preços da carne bovina podem subir em breve, dado o cenário global de oferta limitada.
Veja o que diz o Bradesco BBI sobre o anúncio da China
• A investigação cobre importações desde 2019. Abrange o período de janeiro de 2019 a junho de 2024, período no qual as importações cresceram 65%, com Brasil, Argentina e Austrália como principais fornecedores.
• Queda acentuada nos preços domésticos. Nos últimos dois anos, o preço médio da carne bovina no atacado na China caiu 22%, pressionando os produtores locais.
• Impacto potencial é avaliado como moderado. Segundo o Bradesco BBI, medidas restritivas anteriores tiveram viés geopolítico, sugerindo que os efeitos podem ser menos intensos no Brasil.
• Consumo crescente na China impulsiona importações. Entre 2018 e 2024, o consumo de carne bovina na China cresceu 48%, com 33% do total vindo de importações, que representaram 64% do incremento da oferta doméstica.
• Brasil ampliou sua capacidade de exportação. Desde 2019, 49 novas plantas brasileiras foram licenciadas para exportar à China, totalizando 65 unidades, embora o prêmio de preço tenha diminuído.
• Ciclo de gado aponta para alta de preços. No Brasil, o preço do gado aumentou 25% em dólares nos últimos quatro meses, tendência que deve refletir nos preços de exportação.
• Investigação não afeta comércio atual. Durante o inquérito, as importações continuarão normalmente, com uma conclusão esperada dentro de oito meses, podendo ser estendida.
• JBS segue como recomendação principal. O Bradesco BBI mantém a JBS (JBSS3) como a principal escolha no setor de proteínas, com um preço-alvo de R$ 46,00, destacando exposição ao ciclo avícola em 2025.