Anderson comenta: “Navarro, gostaria de saber se existe alguma medida para o endividamento familiar. Explico: quero tentar medir, através da matemática simples e dos números, como anda a saúde financeira de minha família. Até quanto da renda mensal podemos comprometer com dívidas? Existe este tipo de indicador para as finanças pessoais? Muito obrigado.”
Na matemática financeira corporativa e na contabilidade gerencial existem alguns indicadores capazes de estudar a saúde financeira das empresas, especialmente sob a ótica numérica e comparativa. Um dos principais indicadores diz respeito à natureza e perspectiva das dívidas, sejam elas com terceiros ou com os próprios acionistas. Bacana, mas e na vida pessoal?
Será que somos capazes de trazer os cálculos corporativos para a esfera particular? Sim, isso é possível e muito simples. A idéia, então, é calcular quanto de sua receita permanece comprometida com dívidas ao longo do mês? Jóia! Vamos encontrar a porcentagem representada pelas dívidas em relação ao que você ganha mensalmente?
Índice de Endividamento Pessoal
Para calcular a importância de seus compromissos financeiros, basta dividir o total das dívidas mensais pela receita líquida do mesmo período. O resultado será um coeficiente que, multiplicado por 100, indicará a exata porcentagem das dívidas em relação ao que você ganha. Reveja a fórmula abaixo e então um exemplo:
Suponha que Maria possui as seguintes dívidas:
- Prestação da moto: R$ 180,00
- Empréstimo (CDC): R$ 260,00
- Cartão de crédito: R$ 250,00
- Total das dívidas: R$ 690,00
Maria tem uma receita líquida mensal (salário total e 13° mensal proporcional, mas deduzidos impostos, INSS etc) de R$ 1850,00. Se dividirmos o total das dívidas (R$ 690,00) pela receita líquida (R$ 1850,00), temos um coeficiente de 0,37. Quanto isso representa? Basta multiplicar o coeficiente por 100 para notar que Maria compromete 37% de sua renda pagando dívidas.
Como interpretar o índicador?
A questão é polêmica e possui diferentes avaliações por parte de especialistas em finanças pessoais. Idade, número de filhos, renda e outras variáveis podem influenciar a interpretação do cálculo, mas de acordo com meus autores prediletos e trabalhos de consultoria, acredito nos seguintes valores:
- Até 30% ou um terço da renda – Parcela administrável pela maioria da população. No entanto, não se acomode. O ideal é não ter dívidas, portanto lute para extingui-las e passe a investir o terço antes comprometido;
- Entre 30% e 35% – Importante trabalhar para reduzir as dívidas, mantendo-as dentro do máximo administrável e da filosofia do item anterior;
- Entre 35% e 40% – O aperto financeiro não permite nehuma mudança estrutural ou nas receitas, o que é perigoso. É necessário reduzir as dívidas imediatamente, ou corre-se o risco de inadimplência e problemas em caso de emergências;
- Acima de 40% – Com quase metade da renda comprometida, fica quase impossível honrar todos os compromissos financeiros e o efeito “bola de neve” dos empréstimos e financiamentos pode transformar a situação em um verdadeiro caos. Reavalie toda a sua situação financeira e reduza suas dívidas!
Para usar as referências acima, inclua no cálculo das dívidas a prestação da casa (ou aluguel se você for inquilino). A questão principal do artigo é bem simples: se você compromete parte de sua receita líquida para pagar dívidas, como será capaz de investir e planejar o futuro? Como exercício, defina uma meta de investimento a ser cumprida a partir do montante devido.
Se você está no grupo que compromete 35% da renda, que tal tentar investir 10% todo mês? Reduza seu endividamento para 25% (dentro do administrável) e invista a diferença (10%). Os efeitos no médio e longo prazos serão fantásticos e você não correrá o risco de afundar-se cada vez mais em problemas financeiros. Como pode perceber, o cálculo do indicador de endividamento é apenas o começo. Leia mais sobre endividamento:
- Compre sempre à vista – Artigo de Stephen Kanitz
- Quanto é dever muito? – Artigo do site Organize sua Vida
- A cultura do endividamento – Artigo Moddo
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