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Quando tocará o despertador do ocidente?

por Plataforma Brasil
3 min leitura

Quando tocará o despertador do ocidente?Começo esse artigo com um questionamento: o que está acontecendo com a nossa cultura ocidental? Honestamente, não tenho resposta.

Finclass Vitalício Quadrado

Mas alguns acontecimentos dizem muito.

Depois de assistir “Inside Job” (ou Trabalho Interno, em português), vencedor do Oscar 2011 como melhor documentário, saí da sala de cinema com a nítida sensação de que passados quase dois anos do vendaval financeiro que varreu (e ainda varre) o mundo em 2008, pouco ou quase nada de concreto se fez, além de conjecturas e ensaios bem intencionados, para que no horizonte dos próximos dez anos não vivenciemos situação semelhante.

A bem da verdade, não é necessário assistir ao filme – que recomendo por ser muito interessante e cômico -, mas basta acompanhar as notícias na mídia especializada para chegar à mesma conclusão.

Acompanhei com atenção as recentes revoltas no norte da África e Oriente Médio. Por instantes, tive a certeza de que a ditadura Líbia cairia por terra, principalmente depois do anúncio de rompimento das relações diplomáticas por parte de algumas grandes potências ocidentais (a França chegou a reconhecer a legitimidade oficial do governo rebelde), colocando uma pedra nas relações com o recém (de 2006 para cá) aliado.

Mas, para a surpresa de todos, a queda do ditador esperada para ocorrer em no máximo vinte e quatro horas (segundo anúncios da grande mídia há duas semanas) ainda não passa de um anseio, com chance de observarmos o nascimentos de mais uma zona de guerra permanente, seguindo na mesma esteira do que observamos no Iraque e no Afeganistão.

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Para resumir, a tal “Zona de Exclusão Aérea” exaustivamente discutida e analisada semana após semana, que serviria para evitar um massacre dos opositores e da população civil, só foi aprovada agora. No entanto, apostaria que as grandes potências ocidentais ainda não possuem uma ideia clara sobre o que fazer para estancar a tragédia humana na qual essa história pode se transformar.

O fato é que um mês antes do início dos protestos na Tunísia, nenhuma voz conhecida ou respeitada no ocidente conseguiu prever os acontecimentos que hoje colocam em risco o equilíbrio energético do planeta. Tenham certeza de que essa história renderá muito ainda, oferecendo não apenas roteiros excepcionais para Hollywood, mas mudanças significativas no tabuleiro de xadrez mundial.

Como se não bastasse, assistimos com aflição à recente tragédia japonesa, onde observamos de um lado os atos de heroísmo e coragem física inimagináveis por parte dos funcionários da usina nuclear de Fukushima, tentando resfriar o reator na marra, e do outro uma Europa assustada, revisando procedimentos de segurança para impor controles de resistências em suas usinas, com a realização de testes para analisar como reagem em emergências (terremotos, tsunamis, ataques terroristas e etc.). No caso preventivo europeu, mesmo que ainda se aplique a expressão “antes tarde do que nunca”, podemos questionar: mas só agora?

Viajar para a Europa ou para os EUA transformou-se num pesadelo que não passa – com aniversário de dez anos previsto para os próximos meses. As incômodas (mas naturalmente necessárias) e rigorosas medidas de segurança por conta da cotidiana iminência de ataques terroristas, que em um primeiro momento durariam alguns poucos anos, aparentemente vieram para ficar.

Por outro lado, a tal luta contra o terror ganha, a cada dia que passa e a cada derrota ocidental na “frente de batalha”, mais e mais posições rumo ao altar dos eternos “lugares comuns”. Algo cada vez mais rarefeito, que com o passar das gerações vai perdendo o sentido e o viço.

Em tempos tão perigosos e ameaçadores, seria inimaginável e muito ficcional pensar em montanhas de documentos secretos diplomáticos norte americanos vagando no ciberespaço nas mãos de um grupo de ativistas da era digital. O aparente roteiro de filme se transformou em realidade com o episódio Wikileaks, causando consternação e constrangimento não apenas pelo vazamento em si, mas principalmente pela (baixa) qualidade das análises realizadas.

Na minha modesta opinião, o pior de tudo foi a forma como ocorreu o vazamento: pelas mãos de um soldado raso de 23 anos de idade, que não é um hacker e nem mesmo um agente secreto treinado em uma potência opositora. Não, ele simplesmente tinha acesso ao sistema.

Na arena industrial, segundo um estudo do centro de pesquisas econômicas IHS Global Insight, a China destronou os Estados Unidos em 2010 e se tornou a maior potência manufatureira do mundo, embora ainda esteja atrás no quesito produtividade. Mas me recordo de ter lido análises durante a crise de 2008 projetando a ocorrência desse fato consumado apenas para o ano de 2020.

Voltando às consequências da crise de 2008, venho acompanhando com atenção aos movimentos europeus por maior rigor na regulação das atividades das auditorias independentes. Mas recomendo acompanhar as impressões do presidente mundial da PwC, Dennis Nally, cuja opinião é favorável ao processo de reciclagem regulatória. Com a experiência de quem vivenciou as mudanças implementadas após a crise da Enron, Dennis Nally adverte para que se fuja da mudança pela mudança, em benefício de uma abordagem mais focada, profunda e estruturante do assunto. Pensando bem, faço coro com o Sr. Nally.

Me perdoe o leitor por ter inundado o artigo com doses desagradáveis de incômodos apontamentos, mas o ditado popular afirma que a maior cegueira é a voluntária, que nasce quando não se quer enxergar.

Não prego a vinda do apocalipse ou o fim dos tempos, não entendo nada sobre o calendário Maia ou a era de aquário. Mas acredito em deterioração, em fragilidades econômicas e culturais provocadas pela inação, pela preguiça de levantar do berço esplendido ou pelo ato de desligar o despertador para “dormir mais cinco minutinhos”.

Até a próxima.

Foto de stock.xchng.

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