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Quanto custa a desinformação?

por Conrado Navarro
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Tome conta de seu dinheiro!Arthur escreveu: “Navarro, li no Infomoney uma matéria interessante e intrigante. O título da matéria é ‘Se o dinheiro da sua carteira parece evaporar, a dica é simples: ande sem dinheiro’!. Não sei se é totalmente uma boa idéia. Atualmente as pessoas estão tendo maior acesso ao dinheiro de plástico e isso, às vezes, pode ser pior. Em outra matéria na Folha achei o resultado de uma pesquisa: 74% dos consumidores de baixa renda não conhecem taxas de juros! Acho que a situação está ficando “perigosa” para quem não se controla. Se tem dinheiro na mão, gasta, se não tem usa o cartão sem saber das taxas! O que você acha”?

Arthur, suas conclusões são bastante precisas e verdadeiras (infelizmente). Vou comentar um pouco sobre as duas notícias de forma a criar um paralelo entre a desinformação e os gastos com “besteirol”. Uma coisa é fato: gastar é muito, mas muito mais fácil que poupar. O aprendizado necessário para gastar dinheiro é quase que instantâneo e é algo que todos se dedicam de coração. Aprender a poupar e a investir é um pouquinho mais trabalhoso, embora seja igualmente prazeiroso e importante.

Emoção e dinheiro
O pontapé inicial para o gasto supérfluo é sempre um sentimento ou pensamento puramente emocional. Sempre. Quando nos deixamos levar pelo coração, o bolso sempre termina prejudicado. Não, eu não sou um homem de gelo, totalmente desprovido de sentimentos ou emoções. A questão aqui é outra: não há problema algum em sentir raiva, mágoa, frustração, amor, desde que estes momentos não sejam usados para justificar a compra de um bem. Isso é um erro clássico, perigoso e infantil.

A busca pelo prazer é atitude natural de todo ser humano. Mas diferente do prazer alcançado quando se conquista um objetivo, o prazer ao comprar algo na hora do impulso dura pouco, muito pouco. Mais precisamente, ele dura até a chegada da fatura do cartão de crédito ou do dia de pagamento do carnê. Você sabia que a grande maioria das pessoas se endividam com a compra de objetos, bens e produtos completamente desnecessários? Aposto que sabia.

A vítima entra em ação
Contra todos os “Navarros da vida”, existe a auto-defesa, a desculpa, a justificativa. Prefiro usar o termo auto-engano, criado pelo economista Eduardo Gianetti. A grande maioria das pessoas não assume a responsabilidade de suas finanças, preferindo colocar a culpa em mim. Veja bem, não estou reclamando. Afinal de contas, essa atitude também me traz excelentes oportunidades de trabalho. Navarro, o avarento, agradece.

O dinheiro de plástico
O cartão de crédito é a grande saída para os problemas de liquidez de uma família ou profissional. Não deveria ser. Você não tem dinheiro hoje, mas tem o crédito sempre, não é assim? Que sempre que nada. O cartão de crédito não é vendido como um facilitador, mas sim como um instrumento (muito bom por sinal) para ganhar dinheiro. Que ele facilita, não tenho dúvida.

Como faria para qualquer outra ferramenta, defendo um bom treinamento antes de “fritar” o cartão pela primeira vez. Como qualquer outra ferramenta, você corre o risco de se machucar. Ou você acha que eu, que pago em dia minhas faturas, sou um bom cliente para a operadora que utilizo? Nah, comigo eles não ganham nenhum centavo. Diretamente não. Claro que a margem do produto comprado através do cartão já traz embutida a taxa paga pelo estabelecimento à bandeira, mas não é esse o foco da discussão. Também nunca paguei anuidade. Navarro, o rebelde, recomenda que você aja da mesma forma.

A desinformação
Os dados mencionados na pesquisa trazida pelo Arthur são realmente assustadores. Se74% das pessoas não sabe o que é taxa de juros, muito provavelmente 95% desse universo paga juros, todo santo mês, para grandes lojistas, bandeiras de cartão de crédito, financeiras e bancos. Não me espanta que essas empresas estejam enormes, com caixas gordos e lucros cada vez maiores.

Quem compra no crediário acha que a empresa está sendo legal, facilitando porque ele é uma pessoa bacana. Enquanto você usa a emoção para comprar, financiar e levar o carnê para a casa, a loja usa a inteligência e a matemática para mantê-lo feliz e satisfeito. Fechou a venda? Próóóóximooo! Francamente, algum vendedor (de alguma grande rede) já foi visitá-lo depois da compra do produto? Ligou para perguntar se está tudo bem? E mesmo assim você ainda volta lá e compra mais coisas, sempre em “suaves prestações”. Suaves para você, extremamente rentáveis para eles e para mim.

O que eu acho?
Falei, falei e não falei nada. Desculpe Arthur, eu tenho essa mania. Eu acho que o Infomoney foi muito correto em suas observações. Quem não tem condição de sair para dar uma volta na praça, sem gastar com algo completamente desnecessário, tem mesmo que fazer questão de “esquecer” sua carteira em casa. Estes e os que não fazem a menor idéia do os juros significam, devem, obrigatoriamente, passar mais tempo por aqui e correr atrás de conhecimentos financeiros básicos.

O problema da desinformação é sério por duas razões:

  1. As pessoas não querem aprender. Ser ignorante é muito cômodo e resolve quase todos os problemas que temos na vida. Quando eu tento, pacientemente, explicar que o pagamento parcelado traz consigo juros, recebo um belo carimbo de “estraga prazer” pelas fuças. Impressionante como as pessoas, nitidamente tomadas pela emoção, tentam justificar a compra do produto e ainda arranjam espírito para me xingar. Eu ainda insisto (duh!?).
  2. Falta iniciativa. Quem pode ensinar e conhece o assunto geralmente tem preguiça. Não há educação financeira nas escolas e a primeira vez que vamos falar de dinheiro é na faculdade. E olhe lá. Os pais não se preocupam tanto quanto deveriam e a sociedade só sabe cobrar. Resta a capacidade de buscar, por conta própria, os bons materiais e conselhos. E eles são poucos. Fico, sinceramente, muito triste.

Chega!
Se você não sabe gastar dinheiro, deixe-o no banco ou em casa. Mas lembre-se de que cartão de crédito também é dinheiro e, como tal, também deve ser deixado na gaveta. Que tal assumir sua verdadeira responsabilidade e, como o Arthur, indignar-se diante de uma situação tão decepcionante? Antes de aprender a gastar seu dinheiro, aprenda a ganhá-lo de forma inteligente. O segredo não é saber gastar, mas saber deixar de gastar.

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