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Quem vai vencer: BC ou Lula? No final, todos vamos perder

Enquanto o governo busca evitar uma desaceleração da atividade econômica, o Banco Central mantém o foco no controle da inflação

por Gustavo Kahil
Nash

A disputa entre o governo federal e o Banco Central (BC) sobre o controle da inflação pode levar a um cenário em que todos perdem, um “equilíbrio de Nash”, termo da teoria dos jogos que descreve uma situação em que nenhum jogador se beneficia ao mudar de estratégia unilateralmente.

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A análise José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos, surge em um momento de desaceleração da economia brasileira. Após sinais de queda na produção industrial, desaceleração do setor de serviços e do varejo, e um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) abaixo do esperado no último trimestre de 2024, o governo começa a se movimentar para implementar novos programas de transferência de renda e aumento da oferta de crédito.

Enquanto o governo busca evitar uma desaceleração da atividade econômica, o Banco Central mantém o foco no controle da inflação, buscando levá-la para a meta estabelecida. Essa divergência de objetivos coloca as duas instituições em rota de colisão.

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“Esta disputa por liderança da política econômica entre o Banco Central que busca levar a inflação para a meta e o governo que tenta evitar uma desaceleração da atividade, a pergunta é quem vai ceder, o executivo ou o Banco Central, o que, na teoria econômica, pode levar um equilíbrio de Nash, onde todos perdem. Este é o dilema”, afirma Camargo em um relatório publicado nesta segunda-feira (10).

O economista alerta que, se nenhum dos lados ceder, a disputa pode levar a um equilíbrio de Nash, onde tanto o governo quanto o Banco Central saem prejudicados. Nesse cenário, a inflação pode permanecer alta, prejudicando a população, enquanto a economia pode sofrer um impacto negativo, com menor crescimento e geração de empregos.

Inflação acima da meta

A mediana do relatório Focus para o IPCA de 2025 aumentou de 5,65% para 5,68%. A projeção está 1,18 ponto porcentual acima do teto da meta, de 4,50%. Um mês antes, estava em 5,58%. Considerando só as 47 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana caiu de 5,61% para 5,60%.

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A partir deste ano, a meta passa a ser contínua, com base na inflação acumulada em 12 meses. O centro é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. Se o IPCA ficar fora desse intervalo por seis meses consecutivos, considera-se que o Banco Central perdeu o alvo.

Na ata da sua última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) afirmou que o cenário para a inflação de curto prazo é adverso, com destaque para a alta dos preços de alimentos, influenciados pela estiagem e o ciclo do boi e com tendência de propagação. Os bens industriais são pressionados pelo câmbio.

“Em se concretizando as projeções do cenário de referência, a inflação acumulada em 12 meses permanecerá acima do limite superior do intervalo de tolerância da meta nos próximos seis meses consecutivos”, disse o BC.

A mediana do relatório Focus para o IPCA de 2026 permaneceu em 4,40% pela segunda semana consecutiva. Um mês antes, estava em 4,30%. Considerando apenas as 46 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, caiu de 4,40% para 4,26%.

O Copom aumentou a taxa Selic em 1 ponto porcentual, de 12,25% para 13,25%, em janeiro. No mesmo encontro, o colegiado sinalizou que vai elevar os juros em mais 1 ponto, a 14,25%, na sua decisão seguinte, marcada para a quarta-feira da próxima semana, dia 19.

O horizonte relevante do BC é o terceiro trimestre de 2026, quando o Copom espera uma inflação de 4,0%, considerando o cenário de referência. A projeção para o IPCA de 2025 é de 5,2%. O balanço de riscos do comitê está assimétrico para cima.

A mediana do Focus para a inflação de 2027 permaneceu em 4,0%. Quatro semanas antes, estava em 3,90%. A projeção para o IPCA de 2028 continuou em 3,75%. Um mês antes, era de 3,78%.

(Com Estadão Conteúdo)

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