Adriano comenta: “Navarro, parabéns pelo site e pela disposição, não deve ser fácil responder a tantas perguntas e ainda assim manter-se criativo e bem humorado. Vou abusar. Minha questão relaciona-se com o dinheiro de forma indireta, mas acaba por transformar minha vida em uma grande corrida pelo ouro. Sinto que posso ganhar mais onde trabalho, mas não sei se essa é uma boa linha de raciocínio. O comportamento influencia no quanto ganhamos? Que consequência isso tem no nosso dia-a-dia financeiro”?
Oi Adriano, seja bem vindo. Obrigado pela visita e pelas cordiais palavras de motivação e reconhecimento. Aprendo muito com cada pergunta e isso me mantém sempre atento e focado neste trabalho. Sinta-se em casa. Sua questão é muito interessante e envolve muita atenção. Comportamento é fundamental em todas as áreas de nossa vida e influencia diretamente nossas atitudes e decisões. Ele pode ser a diferença entre dois profissionais com formação semelhante, porém em posições opostas no quadro de pessoal.
Em geral, inovamos muito pouco
Muitos brasileiros ainda têm a visão, cafona, do emprego para toda vida. O comportamento geral é de acomodação. Entre a estabilidade do emprego e o desafio de um novo trabalho, de uma nova chance em outro lugar, o que você prefere? A pergunta é simplista, é verdade, mas ainda assim a adesão maior será pela estabilidade. Vivemos constantemente acuados em nossa zona de conforto e “rosnamos” sempre que alguém vem tentar nos tirar de lá.
Não satisfeitos, criamos raízes profundas neste buraco e a cada dia fica mais difícil sair. Inovar é algo relativamente simples. Você tem muitas idéias interessantes durante o dia, sabia? Pelo menos é o que diz Michael Porter:
“Boa parte das inovações são triviais, dependendo mais da acumulação de pequenos insights e melhorias do que de um único e grande avanço revolucionário”.
Você não precisa encontrar a saída perfeita para um grande problema. Prefira enxergá-lo através de uma ótica mais simples. Afinal, se ele é um problema é porque tem uma solução. Claro, porque se não tem solução não é problema (duh!). A falta de inovação inibe a criatividade e acabamos por deixar a proatividade de lado. Agindo de forma reativa, tudo que recebemos é um simples reflexo daquilo que deixamos de fazer. Por consequência, culpamos e cobramos os outros pelos nossos erros. Da próxima vez, invente uma desculpa melhor, ok?
Será que fazemos nossa parte?
Permita-me uma correção: não existe nossa parte. Tudo o que você faz ou deixa de fazer é por você e para você. Atenção, não confunda comportamento e atitude com egoísmo. Quem não sabe que é essencial aprender um novo idioma para galgar posições mais expressivas na empresa ou no mercado? É, todos sabem. Quem realmente transforma este fato em ação? Poucos. Quem não sabe que que uma formação cultural diferenciada pode abrir muitas portas? De novo, todo mundo sabe. Quem investe tempo nesta simples tarefa? Muito poucos.
Fruto de um país onde tudo se consegue com um “jeitinho especial”, nos acostumamos a procurar as saídas mais fáceis, mais curtas. Um atalho é sempre bem-vindo quando sabemos onde ele vai dar. O curioso é que na vida temos o privilégio de saber onde queremos chegar e temos todos os atalhos sempre à mão. Ou você não tem um objetivo profissional, de vida? Ou você não tem toda a capacidade de investir tempo e esforço em sua formação, em seus interesses?
Tudo por dinheiro
Nunca vamos receber aquilo que julgamos justo por nossos serviços. Nunca. Sabendo disso, a maioria das pessoas prefere fazer só parte do que poderia fazer, defendendo-se com o argumento de que recebe só parte daquilo que gostaria de receber. Viu como o comportamento faz toda a diferença? Os melhores profissionais que você conhece já trabalharam de graça ou deixaram de lado o preço de um favor. Pergunte a eles, é verdade.
Uma hipocrisia doente
Não adianta querer levantar o exemplo do Fulano que trabalha tanto que mal consegue tempo para dormir. Ou ainda falar daquele que não tem dinheiro para fazer um curso de línguas. Estou falando de você. Estou falando daquele sujeito que estudou em escolas tidas como inferiores e mesmo assim entrou e hoje estuda em uma universidade federal. Estou falando daquela garota que atravessa 10 quilômetros todo dia para estudar e ainda ajuda os pais com os afazeres domésticos. Estes não reclamam do que não têm.
É muito fácil assistir aos indicadores de desemprego na televisão e fazer disso uma desculpa. “A situação está ruim amor, mas eu vou arrumar um emprego logo, prometo. Ah, pega uma cerveja pra mim”. É muito fácil culpar o chefe pela sua falta de empenho. É muito fácil culpar o seu funcionário pelo fraco desempenho de seu departamento. Desenvolver habilidades é cansativo. Corresponder às expectativas é cansativo. Integrar-se ao meio sociocultural onde vive é cansativo. Competir é cansativo. Ser criativo é cansativo. Ufa. Escrever sobre isso é cansativo. E você, está cansado? Do que mesmo?
Você quer mesmo ganhar mais?
Comporte-se como um digno merecedor de atenção e respeito. Faça aquilo que você prega nas conversas entre amigos. Aja como aquele seu eu que fala diante dos filhos. Seja consistente. Pare de reclamar daquilo que você não sabe fazer e coloque-se humildemente à frente de uma eventual nova missão. Prontifique-se. Não sabe? Aprenda! Nunca fez? Sempre há uma primeira vez! Não vai receber nenhum tostão a mais por isso? Atitude não tem preço. Para os que querem voar, não há peso capaz de segurá-los. Para os demais, basta a lei da gravidade.
Os seus problemas são seus problemas
Não sou nenhuma autoridade em atitude. Não sou psicólogo ou autor de livros de auto-ajuda. Não sou psiquiatra ou guru motivacional. Sou um profissional como você. Talvez eu nem seja assim tão criativo ou inventivo. Talvez eu não seja uma pessoa bem-sucedida se tomados os seus padrões para tal. Talvez. Me responda: que poder este mesmo texto teria se fosse escrito pelo profissional que você mais admira? Viu como o problema está dentro de você? Fui.