O endividamento das famílias no Brasil voltou a subir. É o que indica os dados da mais recente Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O porcentual de famílias que relataram ter dívidas, alcançou 58,0% em agosto. Isso representa um aumento de 0,3 ponto porcentual em relação aos 57,7% observados em julho, interrompendo uma sequência de seis meses de redução.
A quantidade de famílias com dívidas ou contas em atraso também aumentou na passagem de julho para agosto, de 22,9% para 24,4%.
O total de famílias inadimplentes no último mês superou ainda o patamar de agosto de 2015. Naquela época o indicador chegou a 22,4%.
Também piorou o porcentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e que, portanto, permaneceriam inadimplentes: passou de 8,7% em julho para 9,4% em agosto.
Em agosto do ano passado, esse montante alcançava 8,4%.
Reflexo da crise no país
A grave crise econômica do país é, sem dúvida, um dos motores propulsores para que o número de endividados seja tão expressivo.
No entanto, é importante salientar e deixar muito claro que a falta de planejamento financeiro pessoal também é um grave obstáculo para muitas famílias brasileiras.
O endividamento por si só, quando administrado, não chega a ser um grande problema. Afinal alguém que faz qualquer tipo de parcelamento já é considerado portador de uma dívida, mas não necessariamente “dono” de um transtorno.
A situação se agrava quando as dívidas saem do controle e começa a surgir o atraso nos pagamentos.
Sem planejamento e diante de juros tão altos, as dívidas corroem rapidamente as finanças das famílias, que rapidamente acabam afundando nas modalidades de crédito, principalmente o cartão de crédito e o cheque especial.
Juros exorbitantes
De acordo com o Banco Central (BC), os juros médios cobrados pelos bancos nas operações com cheque especial avançaram 2,7% em julho (último número divulgado), chegando a impressionantes 318,4% ao ano.
Ainda de acordo com dados do BC, os números atingiram o maior valor de toda a série histórica, que começa em julho de 1994.
Ou seja, é a maior taxa em 22 anos. Na parcial deste ano, a taxa subiu 31,4%; em 12 meses até julho, subiu 71,5%.
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Os juros médios cobrados pelos bancos para financiar os cartões de crédito, a modalidade conhecida como rotativa, ficou em julho, na média, em 470,7% ao ano.
Esses números por si só mostram o tamanho da encrenca de quem acaba perdendo o controle das dívidas no Brasil.
Comece a controlar suas finanças agora!
A grande sacada para controlar a vida financeira é sempre gastar menos do que ganha. Na teoria, esse mandamento parece ser simples, mas na prática não é tão fácil assim, certo?
Lidar diariamente com o crédito e ao mesmo tempo resistir aos apelos de consumo é sempre uma situação delicada.
Mesmo com os juros altos, não podemos simplesmente esconder nossa responsabilidade e não assumir as escolhas ruins que costumamos fazer.
Como o consumo está quase sempre está ligado a decisões tomadas com base na emoção, o planejamento antecipado acaba diminuindo a possibilidade de gastos não programados.
Se você ainda não faz o planejamento financeiro, esse é o momento propício. Comece a trabalhar em cima de metas de gastos para cada tipo de despesa, de forma que suas despesas não fiquem maiores do que suas fontes de renda.
Lembre-se de investir
Outro fator primordial é reservar pelo menos 10% de sua renda líquida para investir. Talvez você já tenha lido isso em algum lugar e considera essa sugestão mais um “blábláblá” de quem trabalha com educação financeira, mas (in)felizmente é a pura verdade.
Quem ainda não tem uma reserva para emergências deve considerar a criação dela com urgência. O ideal é conseguir criar (e manter) uma reserva que garanta o mesmo padrão de vida atual por pelo menos 6 meses.
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Conclusão
Nesse período de grande turbulência, é natural que as pessoas enfrentem problemas. Crises são cíclicas e sempre existirão.
O que precisa ficar de lição é que devemos aprender a aproveitar os momentos de bonança para criar a “gordura” que servirá para ultrapassar os momentos de dificuldade.
Lembre-se ainda que é possível, nesses próximos meses, nos defrontarmos com pessoas com dívidas. Elas estão muito próximas de nós.
Alguns ainda conseguem disfarçar, mas, mais cedo ou mais tarde, o descontrole se mostrará presente. Vizinhos, familiares, pessoas queridas. A situação não está fácil.
Se você quer ajudar, a melhor forma de fazer isso é mostrando a importância da educação financeira e da organização das finanças domésticas.
Mais do que isso, procure fazê-las entender que os responsáveis pelos problemas financeiros sãos elas e suas escolhas. Até a próxima!