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Regra de Sahm, “que comprova recessão”, parou de funcionar

A regra pode estar captando mudanças estruturais na economia que não estão diretamente relacionadas a um ciclo de recessão, como a imigração

por Gustavo Kahil
3 min leitura
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Embora o uso da regra de Sahm para identificar recessões nos Estados Unidos tenha sido precisa no passado, ela não deve ser mais considerada um indicador confiável de recessão no cenário atual, avalia o banco Barclays em um relatório enviado a clientes nesta quinta-feira (3). A regra, que se baseia no aumento da taxa de desemprego em relação ao mínimo dos últimos 12 meses, pode estar captando influências estruturais, como o aumento da imigração, em vez de mudanças cíclicas na economia.

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Entenda a “Regra de Sahm”, que hoje dá calafrios em Wall Street

A regra de Sahm foi desenvolvida em 2019 pela ex-economista do Federal Reserve, Claudia Sahm, visando fornecer um indicador rápido de recessão, permitindo que a política fiscal fosse ajustada de maneira mais ágil. Tradicionalmente, ela se mostrou eficaz ao identificar recessões ao longo das últimas sete décadas, sinalizando corretamente todas as recessões desde 1970 com apenas um falso positivo.

No entanto, o Barclays aponta que a regra funciona bem com dados finais revisados sobre desemprego, mas tem limitações quando aplicada a dados em tempo real, como os divulgados mensalmente. Segundo a análise, quando se utilizam os dados não arredondados, a regra não foi acionada em julho de 2024, embora tenha sido com os dados arredondados. Em agosto, no entanto, a regra foi acionada em ambas as versões.

A precisão histórica da regra se deteriora ainda mais quando se considera o uso de dados em tempo real em vez dos revisados, o que aumenta o número de falsos negativos. Isso significa que, embora a regra tenha sido acionada nos últimos dois meses com base nos dados atuais, pode ser que, com os ajustes sazonais futuros, ela deixe de ser válida, como apontado pelos analistas do Barclays.

Outro ponto levantado na análise é a falta de sinalização de fraqueza em outros indicadores importantes de emprego, como o número de vagas de trabalho e o crescimento da folha de pagamento não agrícola. Esses dados não mostram o enfraquecimento esperado para um cenário de recessão, o que levanta dúvidas sobre a eficácia da regra de Sahm no contexto atual.

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Aumento do desemprego alimenta a preocupação sobre uma possível recessão nos EUA

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(Fonte: Barclays)

Imigração

Além disso, a regra de Sahm pode estar captando mudanças estruturais na economia que não estão diretamente relacionadas a um ciclo recessivo. O Barclays cita o aumento da imigração nos Estados Unidos, fator que pode estar impactando a taxa de desemprego de maneira não cíclica, ao aumentar a oferta de mão de obra sem necessariamente refletir uma desaceleração econômica.

A imigração tem o potencial de alterar a composição da força de trabalho, impactando a taxa natural de desemprego. Nesse sentido, o aumento recente no desemprego pode não ser um reflexo de maior ociosidade na economia, mas sim de uma mudança estrutural, algo que a regra não consegue captar adequadamente.

O Barclays argumenta que a regra de Sahm, ao não considerar essas mudanças estruturais, pode acabar gerando falsos sinais de recessão. Isso é particularmente relevante em um cenário em que o mercado de trabalho pode estar sendo influenciado por fatores externos ao ciclo econômico tradicional, como mudanças demográficas.

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