O Relatório de Emprego dos EUA de agosto, taxado como “medíocre” pelos mercados, tem animado os investidores por dar suporte a um corte quase certo da taxa de juro no próximo dia 18.
A economia criou 142 mil vagas de empregos em agosto, em termos líquidos, segundo relatório publicado pelo Departamento do Trabalho do país.
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O economista Étore Sanchez da Ativa Investimentos analisa que, embora os números tenham vindo “apenas” 23 mil abaixo do esperado – de 165 mil -, a revisão líquida de dois meses anteriores foi de 86 mil, o que significa uma surpresa baixista no mercado de trabalho que ultrapassa 100 mil.
Os números de julho foram revisados para baixo, de 114 mil para 89 mil, assim como o de junho, de 179 mil para 118 mil.
As contratações nos últimos três meses foram as mais fracas desde a pandemia em 2020. O mercado de trabalho esfriou consideravelmente, levantando questões sobre se a economia poderia seguir o exemplo.
Já a taxa de desemprego caiu a 4,2% em agosto, ante 4,3% em julho. O resultado veio em linha com a previsão de analistas.
Em agosto, o salário médio por hora teve alta de 0,40% em relação a julho, ou US$ 0,14, a US$ 35,21, variação que ficou acima da projeção do mercado, de 0,3%. Na comparação anual, houve ganho salarial de 3,83% no último mês, também acima da previsão de 3,7%.
Corte definido
Para Sanchez, a divulgação foi liquidamente dovish, reforçando a perspectiva de que o Fed deverá iniciar o ciclo de afrouxamento de forma mais agressiva, com um corte de 50 pontos-base. “Além disso, aumenta a probabilidade de um ciclo de afrouxamento ainda mais profundo este ano”, ressalta.
Segundo a ferramenta CME Fed Watch, as chances de uma redução de 50 p.b. subiram de 40% ontem para 47% agora. Enquanto isso, as probabilidades para um corte de 25 p.b. caíram de 60% para 53%. Alguns momentos depois, contudo, o cenário mudou. As chances de 50 p.b. caíram de 40% para 37%, enquanto para 25 p.b. subiu de 60% para 63%.
Agora, contudo, a grande questão é realmente se o Fed pode ter sido muito lento para começar a cortar as taxas de juros.
Ou não
Segundo o Wells Fargo, um relatório de emprego especialmente forte ou fraco poderia ter cristalizado o debate sobre o corte de taxa de 25 ou 50 p.b. para a próxima reunião do Fomc. Em vez disso, os dados de hoje ofereceram algo tanto para os falcões quanto para os pombos. Os economistas Sarah House e Michael Pugliese mantiveram a projeção de 50 p.b.
“Dito isso, nenhum dos resultados nos surpreenderia neste momento, e ouviremos os comentários restantes dos funcionários do Fed antes do período de black out e aguardaremos o relatório do CPI de quarta-feira para obter as pistas finais. Independentemente do que acontecer em setembro, estamos confiantes de que uma série de cortes de taxas ocorrerão nos próximos meses. Qualquer resfriamento adicional do mercado de trabalho não seria bem-vindo para o Fomc e, como resultado, mudar a postura da política monetária de restritiva para neutra ao longo do próximo ano ou mais continua sendo nosso caso base”, explicam.
Veja o relatório de emprego