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Risco-país? Ah sim, já ouvi falar!

por Conrado Navarro
3 min leitura

Dinheirama - Foto geralRenato comenta: “Navarro, eu nunca entendi direito esse negócio de risco-país. O que ele representa e como devemos encará-lo em nosso dia-a-dia? Há algum indício de que ele vá melhorar ou piorar e será que isso influencia na economia do cidadão comum? Como? É tão complicado assim? Obrigado pela força”.

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Renato, obrigado pela visita. O grande barato do risco-país é mesmo todo esse “bafafá” criado pela mídia. É muito comum encontrarmos manchetes tipo “Risco-país sobe pelo terceiro dia consecutivo” ou “risco-país em seu nível mais baixo desde 2006”. Pra falar a verdade, a coisa é um pouco (muito) confusa. São muitas variáveis técnicas envolvidas em um ícone tão abstrato. Minha missão? Descomplicar.

O que o risco-país representa?
O risco-país sinaliza o grau de confiança ou desconfiança dos investidores financeiros na capacidade dos países emergentes em saldar suas dívidas externas. Como a macroeconomia lida com ‘n’ variáveis (indicadores econômicos e sociais), este grau de desconfiança é bastante hipotético.

Já sei, hipotético é uma palavra evasiva e genérica. O risco-país também é. O fato gerador destas desconfianças não precisa acontecer necessariamente no Brasil para que a taxa se eleve. Um exemplo foi a recente crise do sub-prime, ocorrida no setor imobiliário-financeiro norte-americano, que elevou em mais de 20% o risco-país.

Um pouco de história
Este índice surgiu em 1992 quando o banco norte americano JP Morgan criou o EMBI+ – Emerging Markets Bond Index. O banco venderia títulos destes países emergentes em troca do pagamento da dívida externa através do Sistema de Amortização Americano, pelo qual um país paga os juros (chamados cupons) de sua dívida externa anualmente e ao final paga o total do financiamento (chamado valor de face).

O Portal Brasil tem uma visão inteligente e esclarecedora sobre o risco-país:

Finclass

“Tecnicamente falando, o risco país é a sobretaxa que se paga em relação à rentabilidade garantida pelos bônus do Tesouro dos Estados Unidos, país considerado o mais solvente do mundo, ou seja, o de menor risco para um aplicador”

Em outras palavras, o risco-país sinaliza o quão perigoso (ou não) é investir em determinado país. Os principais fatores que afetam o Risco Brasil são:

  • Capacidade de pagamento das dívidas externas e internas;
  • Inflação;
  • Câmbio;
  • Crescimento do déficit ou superávit publico;
  • Situação da previdência social;
  • Taxas de juros.

Trocando em miúdos…
Se esses fatores pesam negativamente, o risco país aumenta e, conseqüentemente, aumenta a desconfiança dos investidores estrangeiros no Brasil. Dessa forma, eles crêem que se não podemos cumprir com nossas obrigações, não seremos capazes de oferecer o retorno esperado em seus investimentos. Isso gera queda da entrada de capital no país, o que não é bom. Países com políticas econômicas austeras e de visível preocupação com a dívida externa apresentam risco-país menor, o que significa segurança para os donos da grana lá fora. Para nós, mortais, esse parágrafo basta.

E lá na frente?
Em 2014 acaba o prazo de financiamento da dívida brasileira. E ai? Bom, ai já é outra história, outro artigo. O Brasil vem honrando seus compromissos com regularidade, mas ninguém pode garantir que ele irá pagar direitinho a dívida total. Eu particularmente acredito na renegociação e, quem sabe, um ‘empurrãozinho’ do pagamento para mais adiante. Algo light, sem FMI e cia. Você entendeu o que é risco-país? Deixe sua opinião.

Nota: Ana Paula Grillo, administradora de empresas, colaborou com o texto. Crédito da foto para Marcio Eugenio.

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