O indicador de risco político do Brasil GeoQuant Brazil Political Risk Score atingiu a sua máxima histórica nesta segunda-feira (2), o que alguns analistas atribuem ao embate entre o STF e as empresas de Elon Musk, sobretudo a rede social X.
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A observação foi realizada pelo analista-chefe da Convex Research, Richard Rytenband, em sua conta no Threads.
“E nova MÁXIMA histórica no indicador de Risco Político Brasil (GeoQuant)! Aumento do risco político atua como vento contrário aos ativos brasileiros”, relatou.
O indicador atingiu 45.6428 pontos hoje, superando os 45.6377 pontos vistos em 5 de setembro de 2021. Naquela época, o cenário político no Brasil foi marcado por uma tensão crescente entre os poderes Executivo e Judiciário, em meio a uma crise institucional.
Na véspera dos atos de 7 de setembro, convocados pelo presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, o clima político no país estava acirrado, com expectativas em relação às manifestações pró-governo previstas para ocorrer no Dia da Independência. Segundo o seu site, a GeoQuant “usa avanços em ciência política e de computação para criar dados e análises de risco de país sistemáticos e de alta frequência que são transparentes e podem ser validados”.
O Ibovespa (IBOV) opera em queda de 0,75%, abaixo dos 135 mil pontos, enquanto o dólar (USDBRL) sobe 0,16%, a R$ 5,62.
O CDS (Credit Default Swap) do Brasil está em 150,193 pontos, com alta de 6,94 pontos hoje, enquanto continua longe do pico do ano atingido no início de agosto, perto dos 180 pontos. O CDS é um tipo de derivativo financeiro que funciona como uma espécie de seguro contra o risco de crédito de um determinado ativo e permite que o comprador do contrato se proteja contra o risco de inadimplência do emissor do título.
“E, meus amigos, esse episódio traz uma preocupação séria. Em um momento em que o Brasil precisa atrair investimentos estrangeiros para impulsionar seu mercado, esse tipo de situação gera uma péssima imagem”, avalia Matheus Spiess, analista da Empiricus Research em um relatório enviado nesta segunda-feira (2).
Não investível
O megainvestidor de Wall Street Bill Ackman, da gestora Pershing Square, criticou o que chamou de suspensão ilegal do X no Brasil e alertou para o risco de o País perder investimentos.
“O fechamento ilegal do @X e o congelamento de contas na Starlink no Brasil colocaram o Brasil em um caminho rápido para se tornar um mercado não investível”, escreveu o bilionário em seu perfil na rede social, no sábado (31), primeiro dia oficial da suspensão do antigo Twitter no País.
O megainvestidor também comparou o Brasil à China. “A China cometeu atos semelhantes, levando à fuga de capital e ao colapso nas avaliações. O mesmo acontecerá com o Brasil, a menos que eles recuem rapidamente desses atos ilegais”, alertou.
Venezuela e Brasil
Os Estados Unidos apreenderam o avião do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, após determinar que sua aquisição violava sanções americanas, além de envolver outras questões criminais, conforme noticiado pela CNN nesta segunda-feira (2). A aeronave foi levada para a Flórida, segundo dois oficiais dos EUA.
A apreensão, ocorrida na República Dominicana, é um marco significativo nas tensas relações entre os dois países e representa uma intensificação das investigações dos EUA sobre práticas que consideram corruptas no governo venezuelano. O avião, equivalente ao Air Force One dos EUA, foi usado por Maduro em visitas de Estado ao redor do mundo.
Aproveitando-se da notícia, o empresário Elon Musk mandou um recado para o governo brasileiro, em meio às disputas das suas empresas com o STF, envolvendo principalmente a suspensão das operações do X.
“A menos que o governo brasileiro devolva a propriedade ilegalmente apreendida da X e da SpaceX, buscaremos apreensão recíproca de ativos do governo também. Espero que Lula goste de voar comercialmente”, disse Musk em um post no X durante esta tarde.