A Sabesp (SBSP3), a principal empresa de saneamento da América Latina, está em um ponto de inflexão e pode expandir suas operações para fora de São Paulo, aproveitando novas oportunidades de crescimento, aponta uma análise feita pela EQI Research e assinada pelo analista Luis Fernando Moran de Oliveira, que destaca o grande potencial de valorização da empresa, especialmente após o processo de privatização.
Iniciando a cobertura da Sabesp com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 115 por ação para o final de 2024, Oliveira sugere um potencial de valorização de 59%. Em um cenário otimista, o preço-alvo pode chegar a R$ 135, o que representaria um potencial de valorização de 80%.
“Gostamos do caso de investimento da Sabesp, pois vemos a empresa em um ponto de inflexão”, afirma o analista.
Com a privatização em vias de ser concretizada, a Sabesp executa uma agenda de ganho de eficiência, reduzindo custos e otimizando investimentos. Atualmente, a ação negocia a um múltiplo de 0,88x EV/RAB e uma Taxa Interna de Retorno (TIR) real de 11,9%.
“Na nossa visão, essa agenda de redução de custos e a redução do custo de capital próprio são as duas alavancas de valor para a tese”, explica Oliveira.
Geração de valor
A Sabesp está prevista para realizar um programa de investimentos de aproximadamente R$ 55 bilhões nos próximos anos, com um custo de capital próprio mais baixo. Isso, combinado com as economias de escala e a expertise em execução, posiciona a companhia competitivamente no setor.
“Vemos uma expressiva geração de valor com a Sabesp executando seu programa de investimentos”, afirma o analista.
O setor de saneamento no Brasil tem se mostrado um dos principais setores para atrair investimentos nos próximos anos, especialmente após a lei 14.026/2020, o novo Marco Legal do Saneamento, que abriu o setor para maior competição e garantiu segurança jurídica para investimentos privados.
“Acreditamos que a Sabesp, uma vez privatizada, pode se tornar o maior veículo de investimento em saneamento no país”, diz Oliveira.
A capacidade de vencer concessões fora do estado de São Paulo e contribuir para a universalização do saneamento no Brasil é uma das vantagens competitivas da Sabesp.
“Com economias de escala, menor custo de capital e expertise em execução, a companhia pode expandir suas operações e se tornar um player dominante no setor”, explica o analista.
Sabesp: modelo de privatização
O modelo de privatização aprovado pelo Governo de São Paulo, anunciado nesta quinta-feira (20), é um passo significativo nesse processo. A oferta pública de ações da Sabesp poderá ser aberta nos próximos dias, com valores do preço e da cobertura mínima sendo divulgados após a liquidação da oferta.
“Para garantir mais segurança à operação e mitigar riscos, foi incluída uma condição para maximizar o valor da operação para o estado”, detalha Oliveira.
No modelo aprovado, os dois melhores preços vão para o bookbuilding, com dois books abertos para o mercado. Será escolhido o investidor com o maior preço ponderado, considerando a cobertura mínima de ações. “Essa estrutura visa garantir a maximização do valor para o estado de São Paulo”, afirma o analista.
A empresa de saneamento Aegea e a Equatorial Energia (EQTL3) estão entre os investidores interessados na oferta. O empresário Nelson Tanure também chegou a analisar a possibilidade.
Uma condição adicional aprovada é o “right to match”, que permite ao investidor com o menor preço ponderado, mas com o maior valor de book, igualar sua proposta à do concorrente e vencer a disputa. Além disso, se o preço final ficar abaixo do inicialmente proposto pelo investidor de referência, ele pagará a diferença diretamente ao Governo de São Paulo.
“Esta condição adiciona uma camada extra de competitividade ao processo”, explica Oliveira.
O sucesso da privatização e a subsequente valorização das ações da Sabesp dependem de uma execução eficaz dessa agenda de transformação. “Acreditamos que a Sabesp está bem posicionada para capturar as oportunidades de crescimento no setor de saneamento, tanto dentro quanto fora do estado de São Paulo”, afirma o analista.