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Saiba tudo sobre o relatório de emprego dos EUA e o que fazer

Os investidores temem que a permanência do juro alto por um tempo muito elevado tenha causado um estrago muito grande sobre a economia

por Gustavo Kahil
3 min leitura
Mercados, Big Techs, Fed

O relatório de emprego dos EUA de julho divulgado nesta sexta-feira (2) veio muito abaixo do esperado e alimentou a narrativa – de mais de um ano – de que a economia estaria entrando em uma recessão. O problema agora é que o mercado mudou a sua leitura para os dados ruins.

A chave virou na quinta-feira (1°). Os indicadores abaixo do esperado, apesar de indicarem maiores chances de cortes pelo Federal Reserve e, por consequência, dando força para o rali das bolsas em 2024, se transformaram em temores.

Os investidores passaram a temer que a permanência do juro alto por um tempo muito elevado tenha causado um estrago muito grande sobre a economia.

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“A narrativa de pouso suave agora está mudando para preocupações sobre um pouso forçado“, disse Lara Castleton, chefe de construção de portfólio e estratégia dos EUA na Janus Henderson, em um relatório enviado a clientes.

Relatório de Emprego

A criação de vagas ficou em 114 mil, abaixo dos 179 mil de junho (revisado de 206 mil) e dos 225 mil esperados pelos economistas. A taxa de desemprego aumentou de 4,1% para 4,3, a mais alta desde outubro de 2021.

A taxa de participação cresceu de 62,6% para 62,7%, atenuando marginalmente o resultado ruim, mas não o suficiente para reverter o péssimo desempenho de toda a pesquisa. A dinâmica dos salários também foi ruim.

Os ganhos médios por hora aumentaram 0,2%, após terem subido 0,3% em junho. Nos 12 meses até julho, os salários aumentaram 3,6%. Esse foi o menor ganho anual desde maio de 2021 e seguiu-se a um avanço de 3,8% em junho.

Regra de Sahm

Segundo Sarah House e Michael Pugliese, economistas do Wells Fargo, o aumento na taxa de desemprego agora a coloca acima do limite de 0,5 ponto da Regra de Sahm (veja o gráfico abaixo), que historicamente tem sido associado à economia em recessão.

Eles calculam que as demissões dos novos e os reentrantes foram responsáveis ​​por 22 pontos-base do aumento do indicador nos últimos 12 meses, mais do que sua contribuição no primeiro mês de cada uma das últimas sete recessões (2020 excluído).

Esse aumento no desemprego pelos motivos “certos” sugere que cruzar o limite de 0,5 ponto pode não ser o sinal infalível de recessão que foi no passado.

Apesar disso, o desemprego devido à perda permanente de emprego ou à conclusão de trabalho temporário também aumentou significativamente no ano passado, incluindo outro aumento em julho.

“Esse aumento pelos motivos ‘errados’ ressalta que, mesmo que o limite para uma recessão possa ser um pouco mais alto neste ciclo, houve, no entanto, uma clara deterioração nas condições do mercado de trabalho”, ressaltam.

Sahm Rule
(Fonte: Wells Fargo)

Mais e maiores cortes de juros?

Os traders no mercado de futuros de juros já estão precificando uma probabilidade de um corte maior já na reunião do Federal Reserve em 18 de setembro. As chances de uma tesourada de 0,5 ponto percentual, do nível atual entre 5,25% e 5,5%, cresceram de 22% para 61,5%, de acordo com a ferramenta CME FedWatch Tool em uma consulta realizada às 10h23.

“No final das contas, o peso dado pelo Fed ao mercado de trabalho, somado ao péssimo resultado, além de ampliar a expectativa de que a Fed Funds Rate possa ser afrouxada mais do que 25 pontos-base em setembro, traz para a mesa novos cortes ainda este ano”, argumenta Étore Sanchez, economista da Ativa Investimentos.

Nos mercados de ações, o ambiente também é ruim. Os índices nos EUA caem perto de 2%, em sequência ao desempenho ruim visto ontem. No Brasil, o dólar tem leve queda, após saltar para R$ 5,75 logo após a divulgação do indicador.

Ainda é boa notícia no Brasil?

O Ibovespa (IBOV), ao contrário do visto nos países desenvolvidos, tem uma pequena alta. Talvez por aqui uma notícia ruim do mercado de trabalho americano ainda seja “boa notícia”.

Segundo Nenad Dinic, estrategista de ações do banco Julius Baer, um possível corte na taxa de juros pode desencadear um movimento crucial para ativos de risco na América Latina.

“Como acreditamos que o cenário fiscal e político desafiador já foi totalmente precificado no mercado, mantemos nossa classificação overweight para ações brasileiras e chilenas”, disse em um relatório enviado a clientes nesta sexta-feira.

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