A Santos Brasil (STBP3) surpreendeu o mercado com uma redução de capital de R$ 1,6 bilhão com a distribuição deste valor em dividendos, o que daria um rendimento (yield) de 13%.
“O mercado já estava bem ciente do balanço patrimonial conservador da Santos Brasil, especialmente após o aumento significativo do EBITDA nos últimos anos”, lembram os analistas Lucas Marquiori, Fernanda Recchia e Marcel Zambello, do BTG Pactual.
No entanto, a magnitude e a velocidade da distribuição aos acionistas foram vistos como uma surpresa positiva para os investidores, sinalizando que a história de dividendos da Santos Brasil está finalmente se concretizando.
Além dos 13%, considerando os pagamentos regulares de dividendos da empresa devido ao lucro líquido de 2024, o que o Itaú BBA estima que pode resultar em um rendimento de 5% a 6%, o percentual pago pode ir a 20% do valor de mercado em 12 meses.
A Santos Brasil convocará uma assembleia extraordinária de acionistas em até 30 dias para os acionistas votarem na proposta, enquanto os detalhes como cronograma, forma de pagamento e impactos na alavancagem ficarão desconhecidos até lá.
Alavancagem da Santos Brasil
Apesar de a notícia ter sido bem recebida pelo mercado, com as ações subindo mais de 4% nesta sexta-feira, a estrutura de capital irá mudar radicalmente, conforme ressaltou um gestor.
“Vale notar que esta operação muda a estrutura de capital da empresa que passa a não-alavancada para alavancada. É preciso avaliar melhor as consequências disto para ciclicidade do negócio”, ressaltou.
Segundo o Santander, a alavancagem da Santos Brasil esperada para 2025 aumentará para 1,8 vez a dívida líquida sobre o Ebitda (DL/EBITDA) após a redução de capital versus 0,9 vez sem a transação.
Além disso, o lucro líquido seria reduzido em 13% devido a maiores despesas financeiras e menor proteção fiscal devido a menores pagamentos de JCP (Juros Sobre o Capital Próprio).
A Ágora avalia que o dividendo especial será financiado com geração de caixa e novas dívidas, com a alavancagem financeira chegando a 1,3 vez em 2024, ante 0,1 vez no primeiro trimestre.