A São Martinho (SMTO3) declarou que precisará gastar R$ 70 milhões em investimentos complementares em “tratos culturais” em relação ao estimado anteriormente na safra 2024/2025 para compensar os efeitos das queimadas, o que pesou sobre o desempenho das ações nesta terça-feira (27).
O desempenho ruim vem após uma alta de 3,58% na véspera, na esteira do aumento dos preços do açúcar de 3,48%.
Os analistas da XP Investimentos atribuem a maioria do desempenho a posições de cobertura de posições vendidas por fundos – já que ainda é cedo para avaliar os impactos finais sobre a produção de açúcar do Brasil.
O capex de manutenção estimado para a safra 24/25 estava em R$ 1,9 bilhão, segundo o anunciado em 17 de junho, e agora será de R$ 1,970 bi. A safra atual registrou investimentos de R$ 1,880 bi.
Segundo um comunicado enviado ao mercado nesta segunda-feira (26), entre quinta-feira (22) e domingo (55), aproximadamente 20 mil hectares de cana-de-açúcar da companhia foram atingidos pelos incêndios generalizados que afetaram o setor.
“Os focos foram combatidos pelas brigadas de incêndio, sem registro de vítimas ou impactos em outros ativos”, explicou a nota assinada por Felipe Vicchiato, Diretor Financeiro e de Relações com Investidores.
A São Martinho explica que a cana-de-açúcar atingida será processada nos próximos dias sem impactos significativos no Açúcar Total Recuperável – ATR em relação ao Guidance de Produção para Safra 2024/20251, mas com redução na eficiência industrial na conversão em açúcar.
Com isso, estima-se uma redução de 110 mil tons de açúcar, compensada por um aumento proporcional na produção de etanol.
O que esperar das ações da São Martinho?
Para os analistas Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak, que assinam a análise da XP, o aumento dos preços do açúcar era provável no curto prazo.
“No entanto, mantivemos nossa visão neutra para a São Martinho, pois não gostamos da assimetria de valuation – estimamos EV/EBITDA de 4,0 vezes e FCF yields de 4,6% e 6,8% para 2024/25 e 2025/26, respetivamente”, opinam.
Além disso, eles esperam riscos baixistas para as estimativas de consenso, já que as estimativas deles para o EBITDA estão atualmente 5% e 8% abaixo do consenso para 2024/25 e 2025/26, respectivamente, “uma vez que modelamos os preços do açúcar acima das curvas futuras”.
Com isso, o maior mix de etanol, juntamente com o aumento dos investimentos, reduz as estimativas de EBITDA ajustado e FCF yield para 2024/25 em 1,5% e 60 pontos-base, respectivamente. Eles reiteram a recomendação neutra para a São Martinho.