O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central afirmou, por meio da ata da reunião da semana passada divulgada nesta terça-feira, 12, que um aumento de 0,50 ponto porcentual (pp) da Selic se mostrava “apropriado diante das condições econômicas correntes e das incertezas prospectivas, refletindo o compromisso de convergência da inflação à meta, essencial para a construção contínua de credibilidade”.
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O colegiado elevou a taxa básica de juros em 0,50 ponto porcentual, para 11,25% ao ano na quarta-feira da semana passada
“Considerando a necessidade de uma política monetária mais contracionista, o Comitê julgou adequado realizar um aumento de maior magnitude na taxa Selic”, justificou o Copom.
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A explicação para a decisão no parágrafo 20 dá conta de que, em virtude das incertezas envolvidas, o comitê preferiu uma comunicação que reforça a importância do acompanhamento dos cenários ao longo do tempo, sem conferir indicação futura de seus próximos passos.
O grupo fez questão de insistir no seu firme compromisso de convergência da inflação à meta.
A maioria das instituições financeiras já incorporou que outra alta da mesma magnitude deverá ser vista em dezembro, ainda que algumas acreditem que o próximo passo do colegiado poderá ser de aumento da intensidade das altas, para 0,75 ponto porcentual.
Selic
O Comitê repetiu, na ata da sua última reunião, que os próximos ajustes na taxa Selic “serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta.” Esse compromisso, válido tanto para o ritmo de altas quanto para o orçamento total de aperto, já constava no comunicado da última quarta-feira.
“O cenário segue marcado por resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas, o que demanda uma política monetária mais contracionista”, diz o comitê, repetindo o mesmo texto usado no comunicado.
O Copom intensificou o ritmo de aperto monetário na última quarta-feira, quando elevou a Selic em 0,5 ponto porcentual, de 10,75% para 11,25%.
Na reunião anterior, de setembro, o colegiado havia aumentado os juros em 0,25 ponto. É consenso no mercado que a taxa vai subir mais 0,5 ponto em dezembro e terminar 2024 em 11,75%.
Na ata, divulgada nesta terça-feira, o comitê repetiu que os próximos ajustes nos juros vão depender “da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.”
Projeções
O Copom apresentou, na ata, as mesmas projeções de inflação disponíveis no comunicado. Ele espera que o IPCA atinja 3,6% no acumulado de quatro trimestres até o segundo trimestre de 2026, o horizonte relevante da política monetária.
A estimativa está acima do centro da meta, de 3%, e é maior do que a projeção do último Relatório Trimestral de Inflação (RTI), de 3,5%.
A estimativa considera um aumento de 3,4% para os preços livres e de 4,3% para os administrados, assim como no último comunicado.
O Banco Central espera que o IPCA encerre 2024 em 4,6%, acima do teto da meta, de 4,5%. A projeção para a inflação de 2025 é de 3,9%.
As estimativas consideram altas de 4,5% nos preços livres e de 4,9% nos administrados este ano. No ano que vem, o Copom espera que os preços livres subam 3,8% e os administrados, 4,2%
Todas as projeções do BC partem do cenário de referência, com trajetória de juros extraída do relatório Focus e bandeira amarela de energia elétrica em dezembro de 2024 e 2025.
A taxa de câmbio começa em R$ 5,75 e evolui conforme a paridade do poder de compra (PPC). Os preços do petróleo seguem aproximadamente a curva futura por seis meses e, depois, sobem 2% ao ano.
Economia global
Após detalhar suas análises sobre as duas maiores potências econômicas do mundo Estados Unidos e China, o Comitê de Política Monetária (Copom) deu ênfase, ainda no cenário internacional, ao papel das políticas fiscais.
De acordo com a ata da reunião da semana passada, que elevou a Selic para 11,25% ao ano, medidas nessa área foram propulsoras da demanda após a pandemia.
O grupo ressaltou, porém, que o espaço de atuação da política fiscal tem se tornado mais limitado com o aumento da dívida pública e das preocupações com a sustentabilidade fiscal.
“As discussões sobre contenção de gastos e sustentabilidade da dívida têm sido recorrentes em diversos países”, enfatizaram os membros do colegiado no documento. Eles ressaltaram também que as políticas monetárias, por outro lado, em um ambiente tão incerto, mantêm-se reativas e dependentes dos dados na maior parte dos países, também trazendo inerente volatilidade aos mercados.
O comitê reforçou ainda que o compromisso dos bancos centrais com o atingimento das metas é um ingrediente fundamental no processo desinflacionário, corroborado pelas recentes indicações de ciclos cautelosos de política monetária em vários países.
Banco Central
O Banco Central enfatizou que os preços de ativos domésticos apresentaram volatilidade no período e elevação do prêmio de risco, refletindo as diversas incertezas no cenário doméstico e internacional. Além disso, fez alertas sobre o comportamento da taxa de juros neutra.
As análises foram feitas durante reunião da semana passada, que elevou a Selic para 11,25% ao ano, e expressas na ata divulgada nesta terça-feira, 12.
“Como usual, o Comitê focará nos mecanismos de transmissão da conjuntura externa sobre a dinâmica inflacionária interna e seu impacto sobre o cenário prospectivo”, enfatizou o colegiado no parágrafo 9.
De acordo com a ata, o grupo reforçou que um cenário de maior incerteza global e de movimentos cambiais mais abruptos exige maior cautela na condução da política monetária doméstica.
Além disso, no parágrafo 12, o comitê voltou a enfatizar que a visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia.
Isso, de acordo com o grupo, tem “impactos deletérios” sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade.
Mercados
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central voltou a avaliar que a atividade econômica e o mercado de trabalho domésticos seguem dinâmicos, quando o colegiado elevou a Selic para 11,25% ao ano.
De acordo com o grupo, no período mais recente, alguns indicadores apresentaram sinais incipientes de moderação, como indicadores de comércio e de rendimentos. Segundo o colegiado não se pode concluir que se trata de uma inflexão no mercado de trabalho ou no ritmo de crescimento.
“O Comitê seguirá acompanhando atentamente a dinâmica de atividade, uma vez que o ritmo dinâmico de crescimento da atividade, em contexto de hiato avaliado positivo, torna mais desafiador o processo de convergência da inflação à meta”, reforçou a cúpula do Banco Central.
Ainda no parágrafo 10, o Copom citou que a conjunção de um mercado de trabalho robusto, política fiscal expansionista e vigor nas concessões de crédito às famílias segue indicando um suporte ao consumo e consequentemente à demanda agregada. “Em síntese, não se observa alteração relevante no cenário de crescimento prospectivo em relação à reunião anterior.”
Já no parágrafo 11, a ata enfatiza que o dinamismo do mercado de trabalho segue sendo um ponto bastante debatido pelo comitê.
“As recorrentes surpresas de curto e médio prazo na taxa de desemprego reafirmam um mercado de trabalho apertado, com dinamismo na geração de vagas, na troca de emprego e nas contratações, apontaram os membros do colegiado.
O grupo comentou ainda que avalia que o dinamismo observado no mercado de trabalho é compatível com a inflação de serviços, a qual se mantém acima do nível requerido para o cumprimento da meta de inflação.
“O comitê seguirá monitorando o momento e a magnitude do canal de transmissão de salários para preços para assegurar a convergência da inflação à meta.”
Veja o documento:
(Com Estadão Conteúdo)