As expectativas do mercado financeiro continuam a revelar o estresse provocado pelo descontrole fiscal do governo Lula e o baixo comprometimento por medidas que melhorem o cenário nos próximos anos.
O exemplo mais recente desta visão pessimista pode ser encontrada no boletim Focus desta segunda-feira (20), quando a estimativa para a Selic em 2026 foi elevada de 12% para 12,25%, enquanto foi mantida em 15% para 2025. A taxa está hoje em 12,25% ao ano.
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“As revisões do Boletim Focus, especialmente nas projeções de inflação para 2025 e 2026, são um alerta importante para os investidores brasileiros”, João Kepler, CEO da Equity Fund Group.
Além disso, as expectativas medianas para o saldo fiscal primário de 2024/25/26/27 permanecem em território negativo (déficit): -0,50%/-0,60%/-0,50%/-0,30% do PIB, “contrariando as metas do governo de impressões não negativas, atestando a baixa credibilidade e fraco efeito de ancoragem do arcabouço fiscal”, avalia Alberto Ramos, economista-chefe do Goldman Sachs para a América Latina.
Descontrole fiscal
Para Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú, o real mais depreciado e expectativas desancoradas indicam a necessidade de avançar ainda mais em território contracionista. O banco espera que a taxa Selic atinja o patamar de 15,75% a.a. ao final do 1º semestre de 2025 (15,00% anteriormente) e permaneça nesse nível até final do ano.
Para 2026, contudo, a projeção é de queda da taxa de juros para 13,75% a.a., diminuindo o nível de restrição ao longo do ano.
“Por um lado, a política monetária mais restritiva deve impactar a economia com mais força a partir do segundo trimestre de 2025. Por outro, a dinâmica do Real e das expectativas de inflação serão cruciais para determinar o tamanho do ciclo. Caso haja nova rodada de depreciação da moeda e/ou deterioração adicional das expectativas, não é possível descartar uma extensão do ciclo e eventualmente, uma postergação dos cortes em 2026”, pondera Mesquita.
Expectativas em deterioração
Mesquita ressalta que o Copom de dezembro deparou-se com piora significativa das expectativas 18 meses a frente (de +41p.b. entre reuniões), justificando uma postura mais firme do BC.
“Da reunião de dezembro para cá, as expectativas no mesmo horizonte já pioraram mais de 20p.b. Se tal movimento continuar, existe o risco de que o Banco Central não consiga reduzir o ritmo de alta em maio”, conclui.
No pior cenário, com um dólar a R$ 6,40, a Selic deveria ir a 18,25% ao ano para que o BC consiga convergir para a meta de inflação.