Home MercadosAções Sem surpresas no discurso de Trump, dólar cai com exterior e leilão do BC

Sem surpresas no discurso de Trump, dólar cai com exterior e leilão do BC

O real que apresenta neste mês desempenho melhor que seus pares hoje teve ganhos inferiores aos de outras divisas latino-americana

por Estadão Conteúdo
3 min leitura
Dólar

O dólar (USDBRL) apresentou queda moderada no mercado local nesta segunda-feira, 20, alinhado ao enfraquecimento da moeda americana no exterior.

As divisas emergentes e de países exportadores de commodities se apreciaram com o alívio diante da ausência de imposição imediata de tarifas de importação por Donald Trump, que tomou posse à tarde para seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos.

O real que apresenta neste mês desempenho melhor que seus pares hoje teve ganhos inferiores aos de outras divisas latino-americana, em especial o peso mexicano. Isso apesar da intervenção do Banco Central com venda total de US$ 2 bilhões em dois leilões de linha com compromisso de recompra.

Além de ajustes técnicos e fluxo menos favorável, parte do fôlego curto da moeda brasileira pode ser atribuído ao aumento da percepção de risco inflacionário, em razão de nova rodada de piora das expectativas de inflação para este ano e 2026 no Boletim Focus.

O dólar até abriu em alta por aqui e correu à máxima de R$ 6,0869 na primeira hora de negócios. A troca de sinal veio por volta das 10h, após o primeiro leilão de linha do BC.

Com mínima a R$ 6,0297, no fim da manhã, a moeda encerrou a sessão em queda de 0,39%, a R$ 6,0421, passando a apresentar desvalorização de 2,23% em janeiro.

Com as bolsas americanas e o mercado de Treasuries fechados, em razão do feriado de Martin Luther King Jr., a liquidez foi reduzida o que deixou a formação da taxa de câmbio mais sujeita a operações pontuais.

Principal referência do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para fevereiro movimentou menos de US$ 8 bilhões.

Para o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, o BC agiu preventivamente para evitar distorções no mercado ao ofertar dólares em leilões de linha em dia de baixa liquidez e apreensão pela posse de Trump.

“O BC tentou prevenir algum desconforto. Provavelmente, atuou para reposição de linhas externas, que estão mais escassas”, afirma Galhardo. “Com menor entrada de dólares no país, os bancos também reduziram a oferta de linhas para comércio exterior”.

Termômetro do comportamento do dólar em relação a seis divisas fortes, o índice DXY chegou furou o piso dos 108,000 pontos, com perdas de mais de 1,5% do dólar em relação ao euro Entre as divisas emergentes, destaque para o avanço de mais de 1,20% do peso mexicano.

Pela manhã, o dólar já recuava no exterior com a informação do The Wall Street Journal de que Trump não anunciaria aumentos imediatos de tarifas de importação.

A proposta, que se confirmou, seria estudar, em um primeiro momento, políticas comerciais e a relação com a China e outros países, em especial vizinhos dos EUA.

Notas de dólar
Notas de dólares (Imagem: Reuters/Kim Hong-Ji)

Trump, de fato, não anunciou imposição de tarifas em seu discurso de posse, mas reiterou a agenda protecionista da campanha ao dizer que vai reformular o sistema comercial “para proteger os trabalhadores americanos”, cobrando “tarifas e impostos de países estrangeiros”.

O presidente reiterou que deseja a mudança do nome do Golfo do México e a retomada do Canal do Panamá, mas não repetiu a ameaça de anexação do Canadá

Para o economista André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferências internacionais Remessa Online, o discurso de posse de Trump trouxe certo alívio aos investidores e abriu espaço para a queda do dólar no exterior.

Ele lembra que a moeda americana chegou a subir no início dos negócios e parece ter se firmado em baixa no Brasil em razão dos leilões de linha do Banco Central.

Galhardo chama a atenção para o fato de Trump ter mencionado em seu discurso o compromisso com o controle de preços, apesar de ter ao longo de seu primeiro mandato atacado o Federal Reserve.

“Parece algo mais retórico. A tentativa de trazer empresas de volta aos EUA e de aumentar os investimentos em infraestrutura vai provocar mais desequilíbrio fiscal. Isso certamente vai promover alguma pressão sobre a política monetária”, afirma o consultor da Remessa Online.

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