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Ser sustentável não é mais uma questão de opção

por Elaine Costa
3 min leitura

Ser sustentável não é mais uma questão de opçãoSegundo o Relatório Brundtland, da Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento, desenvolvimento sustentável é aquele que “satisfaz as necessidades da geração presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazendo as suas próprias necessidades“. Isso significa garantir às próximas gerações o acesso aos mesmos recursos que nós temos. Ou seja, promover uma sociedade que seja capaz de se manter ao longo do tempo. Só que encontrar o equilíbrio entre satisfazer os desejos ilimitados de nosso estilo de vida e preservar os recursos para as futuras gerações é tarefa quase impossível.

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Embora acreditemos que os recursos renováveis possam existir indefinidamente em sua máxima expressão, cabe lembrar que eles dependem de um delicado sistema natural. Como esse sistema tem sido cada vez mais afetado pela intervenção humana, estamos observando alterações climáticas nunca sentidas antes. Assim, embora a natureza não nos envie uma fatura mensal dos serviços de suporte à vida, isso não significa que podemos explorá-la sem pagar o preço devido. Então pergunto: quanto estamos dispostos a pagar por nossas escolhas?

A terceira lei de Newton afirma que para cada ação existe uma reação oposta, de igual intensidade – isso se aplica diretamente às nossas escolhas. Quando adquirimos quaisquer produtos, causamos tanto impactos ambientais, quanto sociais. Por exemplo, quando compramos um celular[bb] novo pagamos não só pelo produto, mas também por todas as etapas produtivas que permitiram sua criação. A compra representa um aceite de tudo o que foi feito para que aquele item chegasse até nós, seja sustentável, social e ambientalmente responsável, ou não. Dessa forma, não temos somente que planejar nosso consumo; precisamos também reavaliá-lo.

A reavaliação de nossos hábitos de consumo é uma tarefa que exige a concordância de todos os membros da família. Sim, porque estamos falando de alterar rotinas em relação ao uso da água, energia, alimentos, transporte e compras em geral. Embora essas alterações representem economias significativas no orçamento, nem sempre elas são bem vindas. Por essa razão, apresento em seguida não só o reflexo das mudanças de hábitos no orçamento doméstico, como também seu impacto para com a sustentabilidade[bb] do nosso estilo de vida.

Água
A água é um recurso essencial para a vida no planeta. Apenas cerca de 2,5% da água no mundo é potável. Em torno de 70% de toda água consumida é destinada à agricultura, 22% é usado pelas indústrias e 8% para uso doméstico. O Brasil abriga 13,7% da água potável disponível, sendo que 73% dessa água estão na bacia amazônica, que abriga menos de 5% da população brasileira. Os estados onde habitam 95% da população possuem aproximadamente de 27% da água disponível.

Além disso, não só a distribuição da água não é uniforme como também o desperdício ainda é muito alto. De 20% a 60% da água tratada se perde na distribuição, em função das condições de conservação das redes de abastecimento; isso sem considerar as perdas no consumo, inerentes ao mau uso do recurso. Como a quantidade de água no mundo não aumenta e nem diminui, sem investimentos e cooperação para a redução dos desperdícios a tendência do custo da água é aumentar, o que também dificulta seu acesso às populações mais carentes.

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Confira algumas dicas para melhorar o consumo e diminuir o desperdício de água em seu dia a dia:

  • Use a máquina de lavar na capacidade máxima ou opte por aquelas com controle do nível da água. Sempre que possível, reutilize a água da máquina para deixar as outras roupas de molho, lavar o quintal, limpar a casa, etc.;
  • Analise instalar algum sistema para captação da água da chuva. Um tambor posicionado abaixo da calha pode ser muito útil e econômico ao regar as plantas do jardim, canteiro, horta ou vasos;
  • Evite o uso dos produtos de limpeza tradicionais. Podem até ser mais eficientes, mas poluem as águas e dificultam seu tratamento. Prefira produtos biodegradáveis;
  • Recicle o óleo de cozinha. Um litro de óleo contamina cerca de um milhão de litros de água e o óleo de cozinha leva cerca de um ano para ser absorvido pelo meio ambiente;
  • Opte por produtos orgânicos. Seu processo de plantio não utiliza agrotóxicos que podem contaminar os lençóis freáticos;
  • Não use água como vassoura. Prefira varrer a usar a mangueira.

Energia
A energia elétrica que usamos pode ter sua origem a partir de fontes renováveis ou não renováveis. Por fontes renováveis temos o sol, a água, os ventos, o calor da terra e o uso de biomassa. Por não renováveis, temos o petróleo, o carvão mineral, o gás natural e as usinas nucleares. No Brasil, predomina o sistema hidráulico, que usa o movimento das águas para geração de energia. Mas, apesar de depender de uma fonte renovável, o sistema de geração hidráulico não está desprovido de impactos ambientais e sociais. Como esse sistema depende de um grande reservatório de água para conseguir a força necessária, é preciso inundar uma vasta área de terra, provocando significativas alterações no ecossistema.

Além disso, essa inundação também pode provocar o deslocamento de populações ribeirinhas. Outro fator colateral antes desconsiderado é a geração de gases do efeito estufa, originados pela decomposição da vegetação submersa. Por essa razão, a economia de energia não só faz bem ao bolso[bb] como também ajuda a diminuir a pressão sobre os recursos produtivos, evitando os impactos associados.

Confira algumas dicas para melhorar o consumo e os impactos associados ao uso da energia elétrica:

  • Ao construir ou reformar, opte por projetos que privilegiem a iluminação natural, bem como materiais que permitam um melhor isolamento térmico. Isso vai economizar energia com o ar condicionado no verão e com aquecimento no inverno;
  • Opte por equipamentos eficientes. Sempre atente para o selo PROCEL ao comprar um equipamento;
  • Avalie instalar um sistema de aquecimento solar para o chuveiro. O uso desse tipo de sistema pode representar uma economia de até 35% no consumo elétrico da residência;
  • Informe-se sobre sistemas de captação solar fotovoltaica. Optar por gerar uma parte da energia necessária à residência não só reduz custos como também diminui a dependência dos sistemas públicos.

Transporte
Ter um automóvel é um dos sonhos de muitas pessoas e, com a flexibilização do crédito, adquirir um meio de transporte próprio está cada vez mais acessível. Diante de todas essas facilidades, é preciso ter ainda mais critério antes de optar pela compra. Primeiro, porque não é só o investimento para adquirir um automóvel que deve ser considerado. Há também as despesas com IPVA, seguro, combustível, eventuais multas, pedágio, estacionamento, entre outros, conforme palavras do Navarro no artigo “Financiar o carro é fácil. Pagar, nem tanto!”. Segundo, os veículos são responsáveis por cerca de 70% da poluição que lança na atmosfera os temíveis gases do efeito estufa.

Confira algumas dicas para melhorar o consumo e os gastos no dia a dia do transporte:

  • Se precisar de um veículo, opte por aqueles que usam combustíveis menos poluentes, como o álcool. Isso ajudar a reduzir as emissões de gases do efeito estufa (gasolina). (esse trecho não se aplica ao item e deve ser retirado “e a necessidade de uso do petróleo (lubrificantes, plástico, entre outros”);
  • Sempre que possível, dê carona. Isso aumenta a eficiência do veículo em relação ao seu consumo de energia;
  • Dê preferência para o transporte público. Quanto menos automóveis nas ruas, melhor será o trânsito e menor será a poluição atmosférica;
  • Para pequenas distâncias, prefira andar ou usar a bicicleta. Além de ser um hábito saudável, também poupa combustível.

Alimentação
Segundo o Instituto Akatu, o Brasil tem 44 milhões de pessoas passando fome enquanto descarta mais da metade do alimento que produz. Em torno de 44% do que é plantado se perde entre a colheita, o transporte e armazenamento, a indústria, o processamento e o varejo. Já em casa, aproximadamente de 20% a 30% de tudo o que se compra vai para o lixo pela não adoção de algumas rotinas simples. O desperdício é muito alto!

Confira algumas dicas para melhorar o consumo e reduzir o desperdício no consumo dos alimentos:

  • Planeje os cardápios semanalmente e opte por fazer várias compras. Isso evita que os alimentos estraguem, reduzindo o desperdício;
  • Prefira produtos orgânicos, provenientes de redes de economia solidária ou de produções locais. A produção orgânica privilegia o uso adequado do solo, respeitando seu ciclo natural, bem como preservando a qualidade da água, diferentemente das produções tradicionais que fazem uso de fertilizantes e pesticidas;
  • Convide a família para preparar as refeições. Isso torna mais interessante o ato de preparar os alimentos, diminuindo o impulso para se gastar em restaurantes e lanchonetes;
  • Avalie a possibilidade de fazer a compostagem do lixo orgânico em casa. Isso reaproveita os resíduos para serem usados como adubo orgânico.

Compras
Estamos tão acostumados a comprar que às vezes não nos damos conta do por quê o fazemos. Será que realmente precisamos trocar de carro, computador[bb], bicicleta e celular todos os anos? Ou será essa mais uma forma de manter nosso status? Se for essa a razão, saiba que status não é nada mais do que “comprar o que você não quer, com um dinheiro que você não tem, para mostrar a quem você não gosta, uma pessoa que você não é”, como comenta o Ricardo em seu artigo “Crédito pessoal é sinônimo de dívida?”.

Por isso, saber nossas reais motivações é fundamental para evitar gastos desnecessários. Um bom planejamento das compras ajuda a reduzir tanto o impacto na cadeia de recursos naturais quando o impacto no orçamento doméstico.

Confira algumas dicas para melhorar as compras e reduzir gastos desnecessários:

  • Tenha o mínimo possível de cartões de crédito. Tal atitude, além de limitar o consumo, reduz os rompantes consumistas;
  • Planeje sempre, avalie as suas reais necessidades e pesquise antes de comprar. Isso evita gastos desnecessários e ajuda a escolher o melhor produto considerando seu impacto social e ambiental;
  • Privilegie o uso à posse. Nem sempre é preciso comprar alguma coisa para fazer uso de seu benefício. Às vezes, o que está nos impulsionando é somente a necessidade de possuir aquele item, e não de fazer uso de seus recursos;
  • Sempre que possível, opte por adquirir as versões virtuais de músicas, livros, filmes e entretenimento. Além de mais baratos, não precisam de papel, plástico ou metal para serem usados;
  • Alugue ao invés de comprar, tais como livros, filmes, jogos, equipamentos e outros. Evite gastar com itens que serão de uso restrito ou sazonal;
  • Participe e promova feiras de trocas. É uma ótima opção para o orçamento doméstico e para o meio ambiente.

Conclusões importantes, mas não definitivas.
A mudança de atitude, abraçando hábitos mais equilibrados, não é mais uma opção só para aqueles que desejam reduzir custos. É, antes de tudo, uma decisão que deve ser adotada por mais e mais pessoas, especialmente se quisermos manter nossa sociedade ao longo do tempo. Ser sustentável não está ligado somente à preservação do meio ambiente; refere-se principalmente à capacidade dos países de viver conforme seus limites naturais, não consumindo além do que possuem ou do que a natureza é capaz de renovar.

Essa idéia é muito semelhante à da pessoa que faz uma poupança que rende o suficiente para pagar seu estilo de vida atual. Caso essa pessoa deseje aumentar seu padrão, mantendo a mesma poupança, passará a usar uma parte do montante principal para pagar suas contas. Assim, após certo período, o principal se acabará e a pessoa ficará sem rendimentos.

Por fim, pensar que é responsabilidade das futuras gerações lidar com os problemas que a nossa geração criou é tão inconseqüente quanto criar nossos filhos sem educá-los, esperando que descubram sozinhos como cuidar de seu futuro pessoal, profissional e financeiro.

Referência utilizada para parte do material publicado: Manual de Educação para o Consumo Sustentável – IDEC

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Elaine Maria Costa é administradora pós-graduada em Administração Industrial. Trabalha há mais de cinco anos com Clima Organizacional e Sistemas de Gestão para Qualidade, Meio ambiente, Saúde e Segurança. É fundadora do blog Mais Com Menos – www.maiscommenos.net – e apaixonada por tudo o que ajuda o ser humano em sua caminhada evolutiva.

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