A Serena (SRNA3) divulgou um resultado abaixo das expectativas para o terceiro trimestre de 2024, segundo análises do BTG Pactual e da XP Investimentos. A empresa registrou um Ebitda ajustado de R$ 491 milhões, em linha com o visto um ano antes. Esse desempenho reflete desafios operacionais e preços de energia abaixo do esperado no mercado norte-americano, com a média de USD 19,4 por MWh contra USD 91,8 por MWh no período do ano anterior.
Os números ficaram abaixo do esperado pelo BTG, de R$ 616 milhões. O banco também descontou outros itens como contratos futuros de energia, pagamentos relacionados à estrutura de patrimônio tributário e o Ebitda proporcional de ativos não consolidados – Pipoca e Apolo –, o que totalizaria R$ 472 milhões.
As ações operam em queda de aproximadamente 5% após a divulgação dos resultados, a R$ 7,35.
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Os analistas Pedro Soares e Henrique Pérez, do BTG Pactual, apontaram que a geração de energia da Serena somou 3.038 GWh, um aumento de 19,3% em relação ao ano anterior, impulsionado pelo início das operações dos ativos Assuruá 5 e Goodnight 1. Entretanto, excluindo esses novos ativos, a produção teria caído 3,6% em relação ao período homólogo.
“A geração de energia ficou 11,2% abaixo do estimado, devido a interrupções e ventos abaixo da média”, destacaram os analistas. A empresa também enfrentou restrições de geração (curtailments), que representaram uma redução de 5,6% na produção, além de ventos mais fracos em regiões estratégicas.
A XP Investimentos, em relatório assinado por Regis Cardoso e Helena Kelm, também ressaltou os desafios enfrentados pela Serena.
“A recuperação total do Ebitda da Serena ainda depende da normalização dos preços de energia nos EUA e de condições climáticas mais favoráveis”, afirmaram os analistas.
Além das dificuldades na geração de energia, a Serena enfrentou desafios na alavancagem. A empresa fechou o trimestre com uma alavancagem de 3,5 vezes dívida líquida sobre Ebitda em seus ativos operacionais (Serena Geração) e de 4,86 vezes na holding Serena Energia, uma leve piora em relação ao trimestre anterior. Segundo o BTG, há expectativa de que a alavancagem diminua nos próximos trimestres com a plena contribuição dos ativos Assuruá 5 e Goodnight 1, já que esses projetos devem fortalecer o fluxo de caixa da empresa.
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No campo dos custos, a empresa conseguiu manter o controle, com o custo ajustado de operação por MW aumentando apenas 1% em relação ao ano anterior, abaixo da inflação do IPCA, que foi de 4,42%. Isso reflete a capacidade da Serena de gerenciar eficientemente seus custos mesmo em um cenário adverso. No entanto, os analistas do BTG Pactual enfatizam que a empresa, para melhorar seu perfil de dívida e reduzir riscos, deve priorizar uma estratégia de desalavancagem, concentrando-se na geração de caixa ao invés de novas expansões.
Outro ponto importante destacado pelo BTG Pactual foi o índice de capacidade contratada da Serena, que subiu para cerca de 94% até 2033, após a assinatura de novos contratos com empresas de data centers, como Scala e Odata. Esses contratos, com um preço médio de R$ 223 por MWh, trazem uma previsibilidade importante para o fluxo de receita da empresa no longo prazo, o que pode ajudar na recuperação de valor das ações da companhia.
Cautela com as ações
A XP Investimentos mantém uma visão de cautela em relação aos papéis da Serena no curto prazo, principalmente devido à alta volatilidade dos preços de energia nos EUA e aos riscos climáticos que afetam diretamente a produção e a receita da companhia. Contudo, os analistas da XP destacam o potencial de longo prazo da Serena, considerando a expansão da capacidade de geração e o aumento de contratos de longo prazo, que podem estabilizar a receita da empresa em anos futuros. A corretora ainda recomenda a compra, com um “valuation descontado”, ao preço-alvo de R$ 13,
Para 2024, a Serena manteve sua orientação de Ebitda entre R$ 1,72 e R$ 1,92 bilhão, apesar dos desafios enfrentados até agora. O BTG Pactual recomenda a compra das ações, acreditando que a empresa pode apresentar uma valorização de 81,2%, com preço-alvo de R$ 14, com base na recuperação gradual dos preços de energia e na conclusão dos novos projetos. No entanto, para que essa expectativa se concretize, a empresa precisa demonstrar um controle eficiente dos custos e da alavancagem nos próximos trimestres