Vida e saúde são valores que estão acima de todos os outros. Por isso, o fator segurança merece prioridade na hora de escolher o seu carro, para uma decisão de consumo consciente. Aliás, se você possui atualmente um carro que não é seguro, também é altamente recomendável pensar cuidadosamente na sua troca, ainda que ele não esteja apresentado problemas aparentes.
Ao tratar do assunto segurança automotiva, é importante deixar claro que estamos falando de aspectos nos carros que visam a evitar acidentes (itens de segurança ativa) e outros fatores que têm o objetivo de atenuar os resultados em casos de colisão (itens de segurança passiva).
Essa distinção é relevante porque muitas pessoas ainda confundem a segurança dos carros com os seguros particulares, que contratamos como forma de proteção do patrimônio.
1. Por que precisamos pensar na segurança dos carros no Brasil?
Antes de prosseguir no artigo, gostaria de compartilhar com você o vídeo (bem explicativo e gravado de forma descontraída) que gravei antes de escrever este texto. Creio que ficou bem interessante e didático para você saber ainda mais sobre o tema. Convido você a assistir e prestar atenção nos exemplos e nas histórias (algumas bem surpreendentes e impressionantes) que comentei:
Como foi mencionado com mais detalhes no vídeo, por estarmos em um mercado emergente, há uma série de aspectos que precisamos considerar na escolha e análise dos carros.
Isso porque, quando comparamos muitos dos veículos vendidos no Brasil com seus similares no Primeiro Mundo, fica evidente que eles não oferecem padrões desejáveis de segurança. Realmente há casos de carros extremamente defasados ou baseados em projetos de baixo custo, que pecam na proteção ao economizarem na qualidade dos materiais empregados, pontos de solda, reforços estruturais etc.
Embora essa realidade esteja mais presente nos veículos populares, é bom lembrar que também se manifesta bastante nos segmentos superiores. Por exemplo, temos carros que custam mais de R$ 60 mil e são projetos ainda dos anos 90. Além disso, há sedans, acima dos R$ 90 mil, e SUVs, acima dos R$ 130 mil, que não contam com o controle de estabilidade (ESP, item já obrigatório na Europa há anos).
Ainda para ilustrar a situação, há um hatch, que permanece à venda como 0km, que é baseado na plataforma de um carro 1994 (!). Aliás, não é à toa que, ao ser submetido a um teste de colisão (crash test), esse veículo obteve a nota zero das cinco estrelas possíveis.
Espero que esses exemplos tenham cumprido o papel de mostrar alguns dos conceitos importantes que justificam a relevância de atentar para o fator segurança. Aliás, o objetivo do artigo é justamente apresentar esses pontos para reflexão (lembrando que o foco não é discutir modelos específicos de carros).
Vale destacar ainda que, a partir de 2014, a realidade brasileira melhorou um pouco com a obrigatoriedade de airbag duplo e freios ABS, o que contribuiu para diminuir (mas não eliminar) os carros jurássicos à venda.
2. O que importa na segurança de um carro
Esse tema é bastante amplo e, por conta disso, dediquei um capítulo inteiro a ele no livro digital “Como Escolher o seu Carro Ideal” (clique para detalhes).
Basicamente, é fundamental atentar para as características do projeto e como é a estrutura de absorção de impactos do carro. Nesse sentido, deve-se checar quais foram as notas obtidas pelo modelo (que você pretende comprar ou trocar) nos testes de colisão, realizados pelos diversos institutos ao redor do mundo.
Na América Latina, há poucos anos, foi criado o LATIN NCAP com a finalidade de testar os carros vendidos na região. Mas ainda poucos modelos foram avaliados e, dessa forma, torna-se necessário buscar os resultados em outras entidades. E, se o carro ainda não foi submetido ao teste, é praticamente impossível saber se ele é seguro.
Em seguida, recomenda-se checar quais são os itens de segurança oferecidos pelo modelo, tais como air-bags frontais e laterais, freios ABS, EBD, ESP (controle de estabilidade), sistema ISOFIX etc.
3. O que você, como consumidor, pode fazer?
Ao analisarmos objetivamente o mercado, é evidente que as fabricantes procuram oferecer aquilo que é valorizado pelos consumidores. E sempre é bom lembrar que ninguém é obrigado a comprar nenhum tipo de carro.
Como sabemos, no Brasil, a maioria dos compradores valoriza excessivamente aspectos relacionados à estética e design, bem como alguns itens de conforto. Como não há uma legislação bem rigorosa como no exterior, o baixo nível de exigência por parte dos consumidores contribui para que muitos carros apresentem essa falta de prioridade em relação à segurança.
Alguns exemplos ilustram muito bem isso: um hatch de entrada, no começo da década passada, chegou a oferecer air bag duplo como item de série. Porém, como isso não era valorizado, o carro acabou perdendo essa característica, até como opcional. Há casos também de carros que, ao serem reformulados, perderam itens como air bags laterais, freios a disco na traseira etc.
Fica o alerta, contudo, de que o fator segurança não pode ser o único critério na escolha de qual carro comprar, conforme já foi discutido no artigo Carros: a Segurança e o cuidado com o efeito Halo
Conclusão
Compete a você, consumidor ou consumidora, passar a priorizar o fator segurança na hora da escolha do seu carro, o que, ao longo do tempo, pode contribuir para a melhora das opções no nosso mercado. Por exemplo, recentemente atendi uma cliente de Curitiba, na consultoria Carro e Dinheiro, que me procurou justamente porque buscava um carro bastante seguro, considerando sua preocupação com a sua filha de dois anos.
Levando em conta a preocupante e complicada realidade de muitos carros no Brasil, que além de tudo são caríssimos, é extremamente relevante atentar para todos os aspectos relacionados com a segurança, realizando uma pesquisa séria e profunda.
Sem dúvida, embora um pouco trabalhoso, esse cuidado é altamente recompensador nos casos em que a segurança pode fazer uma diferença significativa na sua vida e na da sua família. Afinal, como se pode observar nos crash tests, realizados a aproximadamente meros 64 km/h, há elevados riscos nas colisões.
Finalmente, se você, leitor ou leitora, é uma pessoa que valoriza (ou pretende valorizar mais) a segurança automotiva e acha importante ter um carro com bom custo-benefício, convido a conhecer o livro digital “Como Escolher o seu Carro Ideal”. Aliás, imagine como será possível respirar mais aliviado ou aliviada ao saber que seu carro é bem equipado em termos de segurança.
Os riscos sempre existirão, mas podem ser atenuados por meio da escolha de um carro seguro, com manutenção preventiva bem feita e um estilo de condução consciente.
PS: Para facilitar o controle dos gastos com o seu carro, eu elaborei uma planilha completa e de fácil preenchimento. Ela permitirá cuidar melhor do seu orçamento e você pode baixá-la agora, gratuitamente, no seguinte link: → http://bit.ly/PlanilhaCarro
Obrigado pela atenção, um forte abraço e até a próxima!
Foto “Car Crash”, Shutterstock.