Nos últimos 12 meses encerrados em maio, as concessões totais de crédito à economia brasileira somaram cerca de R$ 6 trilhões. Desse valor, aproximadamente R$ 5,3 trilhões, ou 88%, foram concedidos com recursos livres, a taxas de mercado, e apenas R$ 670 bilhões mediante operações com recursos direcionados.
Considerado apenas o universo de R$ 670 bilhões do crédito direcionado, 36% dele, ou R$ 243 bilhões, também é concedido a taxas de juros de mercado, uma vez que nem todo crédito direcionado tem taxas reguladas – isto é, nem todo crédito direcionado conta com algum tipo de subsídio.
Portanto, considerado o período compreendido entre junho de 2022 e maio de 2023, o volume de crédito direcionado com taxas subsidiadas concedido à economia brasileira foi de apenas 7% (R$ 429 bilhões), sendo 78% deles concentrados no segmento rural (R$ 177 bilhões) e no setor habitacional (R$ 157 bilhões).
Os dados constam da segunda edição da série Estudos Especiais do BNDES, conduzida pela Área de Planejamento e Pesquisa Econômica, com o objetivo de publicizar análises sobre questões relacionadas à atuação do Banco.
O levantamento, disponível no Blog do Desenvolvimento da Agência BNDES de Notícias, pormenoriza os conceitos, nem sempre bem compreendidos, de crédito público e privado, taxas de juros livres e direcionadas e crédito subsidiado.
O estudo também faz um levantamento da participação do fluxo de crédito direcionado em relação ao fluxo de crédito total na economia entre os anos de 2012 e 2023.
Os dados apontam que a participação do crédito direcionado teve um pico em 2014, chegando a 16%, caiu a quase metade disso em fevereiro de 2020 (8,3%) e voltou a crescer em meados de 2021 (13%), devido aos programas emergenciais de crédito no âmbito do combate aos efeitos econômicos da Covid-19, até chegar ao patamar atual, de 11%.
Ainda sob a perspectiva histórica, o documento aponta que “nos últimos anos a participação do segmento rural no direcionamento de crédito foi a que mais aumentou, saindo de 25%, em 2012, para 44%, em maio de 2023. O segmento habitacional manteve sua participação praticamente constante, em 30%, e outros direcionados cresceram de 8% para 14% no mesmo período. A participação do BNDES foi a única a registrar redução, saindo de 36% para 12%”.
Veja a pesquisa: