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Sócios e investidores: como conviver com eles na sua empresa?

por Plataforma Brasil
3 min leitura

Por Gustavo Chierighini, publisher da Plataforma Brasil Editorial.

Finclass Vitalício Quadrado

Caro leitor, desde o início da era da internet, independentemente dos solavancos econômicos, observamos um crescimento robusto da indústria de fundos de investimentos em participação. Eles são orientados a investir em bons negócios e projetos com sólidas expectativas.

Um movimento que aparentemente veio para ficar, trazendo no seu rastro um sopro forte de profissionalização empresarial e modernização.

Um cenário onde empresários competentes, à frente de empresas economicamente eficientes, passaram a ter acesso a fontes alternativas de capital para o seu crescimento. Desse modo, disponibilizando recursos que seriam proibitivos para serem captados em instituições financeiras via operações de financiamento.

Além disso, colhe-se como benefício o agregado de valor inerente à uma excelente influência cultural de boa gestão.

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Na esteira deste contexto, um universo de oportunidades, que vão dos primeiros ciclos de investimentos por meio de fundos de venture capital ou aceleradoras (dependendo do porte da transação e dos objetivos subsequentes) até a venda total, ou parcial (imediata ou programada em um cronograma), para um player consolidador ou estratégico do setor, que, por sua vez, em muitos casos, atua capitalizado pelos próprios fundos de investimento em participação.

Contudo, o processo todo gera bastante trabalho, não apenas na fase de atração e negociação, mas sobretudo na condução após o investimento. Consciente desta realidade, destaco abaixo algumas dicas para quem precisa da grana e não pode ficar na janela vendo a banda passar. Vamos lá:

Atraindo e negociando

Exerça uma gestão economicamente eficiente. O que significa boa administração de custos e despesas frente a geração de receita. Trabalhe com afinco para que esta prática se transforme em um valor cultural, defendido e operacionalizado tanto por você, como por seus sócios e colaboradores de todos os níveis.

Crie uma cultura interna meritocrática. Nessa cultura, os competentes, com melhores resultados e com maior dedicação e comprometimento crescem e, pouco a pouco, com sua atitude comprovada passam a partilhar partes de bolo. O resto cai fora. Simples assim.

Sendo a sua empresa familiar, o que é absolutamente natural para empreendimentos nos primeiros estágios, e eventualmente em fase mais maduras, tenha o cuidado de manter na empresa (independentemente da posição ou cargo) apenas aqueles que sejam essencialmente necessários.

Não permita que o seu negócio se transforme, aos poucos, em um “cabide de empregos”, resolvendo os problemas econômicos de parentes e entes queridos em detrimento da eficiência de gestão e dos resultados.

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Otimismo é bom, mas na dose certa

Expulse para sempre o otimismo exagerado. E o entusiasmo emocional de suas análises e considerações em cima das perspectivas potenciais, e no lugar disso assuma uma atitude positiva e construtiva, mas consciente dos riscos e das dificuldades.

Cultive um otimismo ponderado. Que deve se mesclar com um certo ceticismo saudável. Tenha certeza, isso vai lhe trazer muito mais resultados, e com isso poderá até se surpreender, atingindo resultados não previstos pelas mais alucinadas expectativas.

Mantenha a sua documentação em ordem. Com tanto esmero quanto o seu alinhamento estratégico de mercado. Antes de iniciar qualquer aproximação, por mais descompromissada que seja com investidores profissionais, prepare-se.

Municie-se de dados concretos, realistas e de preferência esteja equipado de toda a estrutura de argumentação que profissionais especializados podem lhe fornecer.

No momento que julgar oportuno para atrair o capital, seja de um fundo de investimentos ou de um investidor estratégico/ consolidador, contrate especialistas para a devida preparação técnica e negocial. Não tente fazer isso sozinho em casa, não costuma dar certo.

Ao iniciar uma negociação de investimentos, mantenha-se frio e rigorosamente atento aos fatos objetivos. Durante o processo, trabalhe e peça para que todas as tratativas sejam documentadas, inicialmente por correspondência e, em caso de evolução, através de documentos preliminares até que a fase conclusiva gere os instrumentos definitivos.

Ao longo de sua interlocução, evite tanto o arrojo exagerado, como o conservadorismo excessivo. A regra aqui é coerência, equilíbrio e bom senso.

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Caso o investimento ocorra, saiba que o plano de negócios que foi validado entre as partes configura-se como uma promessa que será cobrada. Portanto evite prometer resultados futuros excessivamente agressivos.

Os investidores entraram? E agora?

Chegou a hora de aprender a lidar com os novos sócios. Compartilho abaixo algumas sugestões neste sentido.

Investidores não se emocionam com histórias. modinhas de gestão, epopeias empresariais, malabarismos empreendedores e sonhos a se alcançar. Investidores operam com números, projeções realistas, extrema coerência negocial-operacional e um certo ceticismo saudável que os protege de cair em roubadas.

Sim, o mundo não ficará perfeito e suave por ter conseguido atrair um investimento para o seu projeto. Durante o processo você terá que aprender a conviver com essa cultura.

A frieza nata das equipes de investimentos de risco não caracteriza um defeito. Trata-se antes de um comportamento, que uma vez compreendido e bem explorado traz benefícios não apenas para o negócio, mas também para os gestores e sócios fundadores.

Ou você gostaria de ter ao lado da sua mesa um camarada que “nunca viu mais gordo” e que, de tão envolvido e “emocionado” com o negócio, passa o dia dando palpites e exigindo explicações?

A forma de relacionamento operacional e de trabalho entre sócios fundadores ou remanescentes e os representantes do investimento deve ser sempre uma navegação baseada em detalhes, envolvendo disciplina, rigor e transparência.

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Uma empresa que apresente dados confiáveis, e onde seus gestores atuam diante dos investidores com pontualidade na hora de apresentar os relatórios combinados sobre a atividade, dificilmente será alvo de tentativas de intervenção.

Ou seja, quanto mais você for confiável e sério, menos chateação receberá. Principalmente pois estamos falando daqueles que estão arriscando o patrimônio alheio. Entenda que eles, da mesma forma que sua equipe, terão de prestar contas sobre o investimento que fizeram.

Para concluir, deixo aqui a última, mas talvez a mais importante de todas as dicas: procure investimento antes de precisar disso para sua sobrevivência. Até o próximo.

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