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Suas Finanças também precisam de Volume Morto

por Ricardo Pereira
3 min leitura
Suas Finanças também precisam de Volume Morto

A crise hídrica nos estados do Sudeste, principalmente em São Paulo, toma a cada dia contornos mais dramáticos. Não sabemos de fato o que acontecerá com a população a partir do momento em que o racionamento aumentar (e ele vai aumentar, com certeza!).

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Medidas que possam de fato causar impacto, como transposições de rios e mesmo dessalinização da água do mar necessitam de obras que além de serem muito caras demorariam muito para trazer benefícios à população.

Se você quer saber um pouco mais sobre a realidade desse assunto, sugiro a leitura do artigo “Ensaio sobre a cegueira hídrica” (clique para ler), material detalhado e realista sobre o problema. Vale conferir.

Acompanhe no gráfico abaixo a situação dos reservatórios que atendem São Paulo.

Gráfico - Reservatórios

A verdade é que as pessoas precisam se conscientizar de que a realidade é preocupante e que nossa relação de consumo com os recursos naturais precisa mudar definitivamente (e para sempre).

Suas finanças também precisam de um Volume Morto

Durante a crise, o termo “Volume Morto” foi muito utilizado. Em São Paulo, o sistema Cantareira já utiliza a segunda cota do chamado Volume Morto, que nada mais é do que uma reserva técnica disponível para atravessarmos períodos críticos como o atual.

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Ao tratar desse assunto, conseguimos fazer uma ponte para o lado da educação financeira, nossa área de estudos diários, pois também para finanças pessoais é importante a manutenção de uma reserva financeira para que a travessia por momentos de crise seja realizada mais facilmente.

Criando o Volume Morto para suas finanças será possível, por exemplo, deixar de usar linhas de crédito que estão cada dia mais caras (lembre-se que os juros estão subindo). O cheque especial alcançou a maior taxa desde 1999, chegando em dezembro de 2014 a (inacreditáveis) 200,6% ao ano, de acordo com dados apresentados pelo Banco Central.

A reserva financeira precisa ser prioridade

Muita gente não possui a reserva financeira para emergências porque a mesma não é um objetivo. Óbvio, não? Alguns ainda confundem reserva com os investimentos. A reserva, como o próprio nome já diz, tem o propósito de prover tranquilidade nos momentos de crise.

A reserva será a “mão estendida” para ajudá-lo quando você ou alguém de sua família perder o emprego ou mesmo necessitar de um valor adicional para uma situação inesperada (uma doença que o impeça de trabalhar, por exemplo, fato comum principalmente na vida dos profissionais liberais e autônomos).

No artigo Reserva de Emergência: por que é importante ter uma e como montar (clique para ler), o autor Marcel Gugoni mostra como montar sua reserva financeira:

A montagem da reserva de emergência deve começar com um cálculo das contas mensais. Para quem já tem um controle financeiro eficiente, com anotações dos gastos fixos e do consumo eventual, não há muito com o que se preocupar.

“Com emprego ou sem emprego, contas de água, luz, telefone, condomínio ou aluguel e muitas outras continuam a chegar. A reserva de emergência deve ser feita para que, em meio a eventos imprevistos, estas contas continuem sendo pagas. Anotar todos os gastos fixos (esses citados acima) é o primeiro passo para transformar o fundo de emergência em algo palpável. Alguns gastos variáveis, como as compras no supermercado ou na farmácia, também devem entrar na conta – afinal, a família precisa continuar se alimentando. Uma estimativa aproximada das compras mensais ajuda a mensurar essas despesas.”

Se a reserva de emergência precisa ser um objetivo, você precisa de fato saber qual é seu verdadeiro padrão de vida para, assim, ajustar os valores que serão necessários na composição da reserva.

Situações emergências requerem medidas austeras

A reserva de emergência é criada para garantir o padrão de vida em momentos de crise, ok, mas é importante lembrar que situações emergências pedem adoção de medidas austeras – portanto, antes de sair gastando a reserva, é fundamental olhar com cuidado o orçamento pessoal, identificar despesas que não são indispensáveis e cortá-las, sem dó.

Tomar medidas de contenção de despesas não é uma tarefa tão fácil, eu sei. Pode ser que muita gente se incomode e surjam reclamações de pessoas que você gosta. Se isso acontecer, a melhor solução é o diálogo: mostre que a atual situação requer contenção de gastos e que a ação é pensada para que todos sejam beneficiados.

Quando está tudo bem, a maioria não tem a consciência de olhar com cuidado o orçamento e ver como certos pequenos gastos (que somados fazem diferença) comprometem as finanças.

Extrato bancário: espelho dos gastos

O extrato bancário é um documento importante para análise dos gastos, você pode começar por ele. Olhando-o com atenção, você saberá identificar suas despesas mais comuns e os padrões mensais. Muita gente paga diretamente via débito algumas despesas que nem se lembram que existem, portanto atenção!

Depois de olhar o extrato, é hora de trabalhar e buscar a redução das despesas selecionadas. Para isso, negocie novos valores com prestadores de serviço e busque outras opções para superar o período de crise.

Onde colocar minha reserva financeira?

No livro best seller “Dinheiro é um Santo Remédio”, os autores Conrado Navarro e André Massaro defendem que as pessoas precisam poupar pelo menos 10% da renda mensal primeiramente para formar a reserva de emergência e, claro, para investir para realizar os sonhos.

Ainda no livro, os autores defendem que a reserva garanta a manutenção do padrão de vida por pelo menos 10 meses. Então, se o padrão de vida da família é de R$ 5 mil, é importante guardar pelo menos R$ 50 mil como fundo de emergência.

Para guardar esse dinheiro (já sabemos que ele não pode ficar junto com os demais investimentos) é importante encontrar um produto que tenha três características fundamentais: segurança, baixo risco e liquidez imediata.

Traduzindo, para a reserva de emergência as pessoas jamais devem optar por imóveis, por não possuírem liquidez, nem devem alocar o dinheiro em produtos de renda variável, que possuem grande volatilidade e podem comprometer a utilização da reserva em determinados períodos.

O ideal é a renda fixa. Se optar por um fundo, escolha aquele que possui resgate que não ultrapasse dois dias, sem esquecer de se atentar aos custos e taxas envolvidos. CDBs de liquidez diária também são uma boa opção. Mesmo com rentabilidade comprometida, a caderneta de poupança pode ser uma alternativa a se considerar para a reserva de emergências (talvez apenas para isso).

Reponha o que usar e ajuste sempre sua reserva

Não esqueça que a reserva de emergência precisa ser reposta sempre que for utilizada. Assim você garante que ela sempre estará lá quando for preciso. Outro detalhe importante é ajustá-la sempre que padrão de vida aumentar.

Se você montou sua reserva de emergência cinco anos atrás, é bem provável que nesse período seu padrão de vida tenha se elevado e hoje, em razão dessas mudanças, a reserva já não garanta a tranquilidade necessária.

Conclusão

Infelizmente, os recursos hídricos para serem repostos não dependem somente de nossas ações e vontade. Economizando e usando os recursos naturais com consciência permitirá à população atravessar esse grave e preocupante momento de forma mais fácil, mas de antemão sabemos que os próximos meses serão delicados.

Agir sempre de maneira planejada e consciente é fundamental para alcançar o sucesso financeiro, por isso procure olhar o orçamento sempre com cuidado e zelo. Aproveite para tratar o assunto de forma séria em casa, provocando uma discussão sadia que envolva todos da família.

Aborde também a crise hídrica e a importância de criar o Volume Morto das finanças familiares. Nossa capacidade de superação será colocada à prova no que tange aos recursos naturais e economia, e mais uma vez a população vai precisar arregaçar as mangas e fazer, hoje, o que não foi feito no passado. É a vida!

Foto “Protecting money”, Shutterstock.

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