A Taesa (TAEE11), uma das principais empresas do setor de transmissão de energia no Brasil, enfrenta um cenário desafiador que pode impactar diretamente o pagamento de dividendos, um dos atrativos mais valorizados pelos seus investidores. O recente aumento na alavancagem da empresa levantou preocupações sobre sua capacidade de manter o ritmo de distribuição de lucros aos acionistas.
Os analistas da Genial Investimentos, Vitor Sousa e Israel Rodrigues, reiteraram sua recomendação de manter as ações da Taesa, apesar de os resultados financeiros do segundo trimestre de 2024 terem vindo ligeiramente abaixo das expectativas do mercado.
“Os resultados financeiros da Taesa vieram ligeiramente abaixo das expectativas de mercado, mas, em termos operacionais, a companhia continua reforçando aquilo que já falamos outras vezes sobre possuir qualidade e entregar o que se espera em termos de geração de valor,” afirmam os analistas.
Alavancagem
No entanto, o principal ponto de preocupação é o aumento da alavancagem da Taesa, que atingiu 4,0 vezes a Dívida Líquida sobre EBITDA, o maior nível entre as empresas do setor.
“Nesse trimestre, a alavancagem atingiu 4,0x Dívida Líquida/EBITDA (vs 3,8x no 1T24), maior nível do setor,” destacam Vitor Sousa e Israel Rodrigues. Esse aumento na alavancagem limita a capacidade da empresa de adquirir novos projetos e levanta dúvidas sobre a sustentabilidade de seus dividendos.
A Taesa, além de apresentar a maior alavancagem, também possui o menor número de novos projetos em andamento e o menor prazo médio de concessão remanescente. Para complicar ainda mais o cenário, 60% das receitas da empresa estão vinculadas ao Índice Geral de Preços – Mercado (IGPM), que registrou deflação no ciclo RAP 2024/2025.
“Como forma de combater esse cenário, a empresa diminuiu o montante de dividendos distribuídos a partir do trimestre passado,” observam os analistas, referindo-se à redução de 100% para 75% do lucro líquido regulatório destinado aos dividendos.
Expertise da Taesa
“Acreditamos que a Taesa tenha expertise para navegar por esse cenário desafiador, se desalavancar ao mesmo tempo em que continua a recompor sua receita, sem afetar muito o pagamento de dividendos” ressaltam Vitor Sousa e Israel Rodrigues. No entanto, eles alertam que a alavancagem elevada é um fator que deve manter os investidores atentos.
Os resultados do segundo trimestre de 2024 reforçam essa visão. A Taesa reportou uma receita líquida regulatória de R$ 579 milhões, uma queda de 7,2% em relação ao ano anterior. Essa queda foi influenciada pelo reajuste inflacionário negativo do ciclo RAP 2023-2024, compensado parcialmente pela entrada em operação dos projetos Saíra e Sant’Ana.
Os custos e despesas da empresa tiveram uma leve redução de 3,7%, totalizando R$ 94 milhões. O resultado financeiro, por sua vez, ficou negativo em R$ 202 milhões, 17,6% abaixo do mesmo período do ano anterior, impactado por variações cambiais.
A dívida bruta da Taesa totalizou R$ 10,2 bilhões, um aumento de 3,3% em relação ao trimestre anterior. Com um caixa de R$ 1,1 bilhão, a dívida líquida da empresa chegou a R$ 9,1 bilhões, resultando em uma relação dívida líquida/EBITDA de 4,0 vezes, a maior entre seus pares.
Apesar de registrar um lucro líquido de R$ 294 milhões, um aumento de 22,9% em relação ao segundo trimestre de 2023, os analistas da Genial não enxergam justificativas para uma valorização significativa das ações da Taesa no curto prazo.
“Ressaltamos que não achamos o resultado negativo, apenas que a empresa se encontra precificada e, sem justificativas para negociar acima de seu valor justo,” concluem Vitor Sousa e Israel Rodrigues.
A recomendação é “manter”, com preço-alvo de R$ 35.