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Juro cai após sinal de Powell, mas não apaga alta da Selic em setembro

A queda das taxas brasileiras, porém, não foi forte o suficiente para apagar da curva a expectativa de elevação da Selic em setembro

por Redação Dinheirama
3 min leitura
Inflação

A sinalização de corte de juros iminente nos Estados Unidos, dada pelo presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, ecoou também nas taxas de Depósito Interfinanceiro (DI), que acompanharam o movimento da curva americana e recuaram cerca de 10 pontos-base, mas seguem apontando para expectativa de aumento na Selic em setembro.

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Em um discurso no simpósio econômico de Jackson Hole, nos Estados Unidos, Powell disse que “chegou a hora” de o Fed ajustar a política monetária – leia-se reduzir a taxa de juros.

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A fala foi suficiente para que o mercado voltasse a aumentar a aposta numa redução de 50 pontos-base na taxa dos Fed Funds no mês que vem, ainda que Powell tenha avisado que o momento e o ritmo dos cortes dependerá de indicadores econômicos e do balanço de riscos à inflação.

O cenário mais provável, no entanto, continua sendo o de queda de 25 pontos-base, segundo a Ferramenta CME FedWatch.

As taxas dos Treasuries recuaram, principalmente entre os vencimentos mais curtos, e arrastaram consigo os juros dos contratos de DI, que ontem haviam subido também por influência do mercado americano.

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A queda das taxas brasileiras, porém, não foi forte o suficiente para apagar da curva a expectativa de elevação da Selic em setembro, que vem gradualmente se consolidando como o cenário base do mercado após o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, enfatizar em vários pronunciamentos recentes que o juro básico pode subir se o Copom julgar necessário.

Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos, aponta que a atividade econômica e a inflação resistentes no Brasil também colaboram para manter a alta da Selic no radar dos investidores, assim como a dúvida em torno da trajetória da dívida pública, tendo em vista o crescimento contínuo das despesas obrigatórias do governo e a compressão do espaço disponível para o controle dos gastos discricionários.

“Parece mais provável que o Banco Central tenha que começar a aumentar os juros este ano. A questão é se até setembro os dados vão confirmar esse cenário”, afirmou o economista. Ele estima manutenção da Selic em 10,5% no mês que vem, mas a projeção tem viés de alta e está em revisão.

Nem todo o mercado, porém, está convencido de que o avanço da taxa básica será inevitável. “A gente não acha que vai ter alta de juros este ano”, disse Daniel Miraglia, economista-chefe do Integral Group. “Grande parte do movimento de precificação de alta de juros se deu pela alta do câmbio, do dólar, e isso se deveu muito menos a fatores Brasil e muito mais ao iene e ao carry trade”, avaliou.

“Como o banco central japonês falou que não vai mais aumentar os juros, o segundo semestre tende a ter um comportamento bem mais benéfico. Boa parte do carry trade foi zerado”, acrescentou.

Miraglia acredita também que, a partir do momento em que o Federal Reserve efetivamente reduzir a taxa de juros americana, os ativos de risco serão beneficiados por um fluxo ligado a essa decisão, trazendo o dólar para mais perto de R$ 5 até o final deste ano. “Neste cenário, a gente acha que a manutenção da Selic é dada” em setembro, com um corte de 0,25 ponto acontecendo em janeiro de 2025, afirmou.

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A taxa do contrato de DI para janeiro de 2026 fechou a 11,465%, de 11,621% no ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2027 diminuiu a 11,450%, de 11,629%, e a taxa para janeiro de 2029 recuou a 11,550%, de 11,703%. Na semana, porém a curva ganhou inclinação, com as taxas curtas acumulando queda e as longas, leve alta.

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