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Taxas de juros futuras disparam no Brasil por pressão inflacionária

A taxa para janeiro de 2028 estava em 11,545%, ante 11,3%, e o contrato para janeiro de 2031 marcava 11,94%, ante 11,715%

por Reuters
3 min leitura
Sede do Banco Central em Brasília

As taxas dos DIs fecharam a quarta-feira com altas superiores a 20 pontos-base na maioria dos vencimentos, impulsionadas pelo avanço firme dos yields dos Treasuries e por dados positivos de emprego e renda do Brasil que levaram investidores a aumentar as apostas de que o Banco Central não cortará mais a Selic e de que o próximo movimento pode ser de alta da taxa básica, e não de baixa.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 que reflete a política monetária no curtíssimo prazo estava em 10,425%, ante 10,368% do ajuste anterior.

A taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,87%, ante 10,674% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,24%, ante 11,002%.

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A taxa para janeiro de 2028 estava em 11,545%, ante 11,3%, e o contrato para janeiro de 2031 marcava 11,94%, ante 11,715%.

A forte alta dos juros futuros foi influenciada por fatores externos e internos. Nos EUA, os rendimentos do Treasury de dez anos referência global de investimentos atingiram o pico em quatro semanas, em meio a movimentos técnicos e com investidores ainda cautelosos quanto ao início do corte de juros pelo Federal Reserve.

No Brasil, uma bateria de dados mostrou que o mercado de trabalho segue forte o que tem preocupado o Banco Central.

O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pela manhã pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), mostrou que o Brasil abriu 240.033 vagas formais de trabalho em abril, acima da expectativa dos economistas apontada em pesquisa da Reuters, de criação líquida de 216.948 empregos.

A renda também cresceu, com o salário médio real (descontada a inflação) de admissão subindo 1,77% em abril ante março, para 2.126,16 reais.

Já os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram que a taxa de desemprego caiu de 7,6% no trimestre encerrado em janeiro para 7,5% nos três meses finalizados em abril.

É a menor desocupação para esse período desde 2014, quando a taxa estava em 7,2%. A expectativa dos analistas era de desemprego maior, de 7,7%.

Os números do mercado de trabalho, ainda que positivos, reforçaram as preocupações de que a renda maior possa pressionar a inflação, o que reduziria ainda mais o espaço do BC para cortar a taxa Selic, hoje em 10,50% ao ano.

“É a história de que ‘good news is bad news’ (boa notícia é má notícia)”, comentou Lais Costa, analista da Empiricus Research. “A inflação de salários está voltando a apertar, o que tem incomodado o BC na parte de serviços, e a taxa de desemprego é a menor de dez anos.”

Em seu último encontro de política monetária, no início do mês, o BC reduziu o ritmo de cortes da Selic, de 50 para 25 pontos-base, e não se comprometeu com mais cortes da taxa, considerando o cenário de maior incerteza.

Na ata da reunião, o BC destacou o “elevado dinamismo” do mercado de trabalho e citou debate sobre a possível transmissão para salários e preços desse aperto do mercado, mas também o entendimento de que não há evidências conclusivas sobre seu impacto inflacionário.

Nesta quarta-feira, porém, a leitura dos investidores foi de que o mercado de trabalho aquecido é de fato um obstáculo para o controle da inflação.

Na esteira dos Treasuries e dos números do mercado de trabalho, a taxa do DI para janeiro de 2028, uma das mais líquidas, atingiu o pico de 11,575% às 14h32, em alta de 28 pontos-base ante o ajuste anterior.

Todos os contratos a partir de janeiro de 2026 chegaram a oscilar com alta superior a 20 pontos-base.

“É o mercado precificando que talvez não haja mais espaço para o BC cortar mais os juros e que o próximo ciclo possa ser de alta, e não de baixa”, resumiu Costa, da Empiricus.

A analista chamou atenção para o fato de a inflação implícita nos ativos de mercado já apontarem para uma alta de preços superior a 4% no próximo ano mais perto do teto de 4,5% da meta de inflação do BC que do centro da meta de 3%.

Neste cenário, as apostas em novos cortes da Selic vão sendo eliminadas e a curva passa a precificar a possibilidade de alta da taxa básica mais à frente.

Perto do fechamento desta quarta-feira a precificação da curva a termo indicava 87% de chances de manutenção da Selic em 10,50% ao ano em junho, contra 13% de probabilidade de corte de 25 pontos-base.

Para o encontro de novembro do BC, a curva já precificava alta de 28 pontos-base da Selic.

O feriado do Brasil na quinta-feira, quando o mercado seguirá aberto nos EUA, também mantinha os investidores mais cautelosos no Brasil.

No exterior, os yields seguiam com elevação firme no fim da tarde.

Às 16h39, o rendimento do Treasury de dez anos referência global para decisões de investimento subia 7 pontos-base, a 4,614%.

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