Home Mercados Taxas de juros futuras sobem sob influência de leilão de títulos nos EUA e Galípolo

Taxas de juros futuras sobem sob influência de leilão de títulos nos EUA e Galípolo

Pela manhã as taxas dos DIs já oscilavam em alta em sintonia com o avanço dos yields nos EUA

por Reuters
0 comentário
BC

As taxas dos DIs fecharam a quarta-feira em alta firme no Brasil, superior a 10 pontos-base em alguns vencimentos, impulsionada pelo avanço dos yields dos Treasuries em dia de leilão de títulos de cinco anos e por comentários duros do diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, sobre a busca da meta de inflação de 3%.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 estava em 10,34%, ante 10,298% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,615%, ante 10,502% do ajuste anterior.

Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,92%, ante 10,811%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,19%, ante 11,08%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,58%, ante 11,471%.

Pela manhã as taxas dos DIs já oscilavam em alta em sintonia com o avanço dos yields nos EUA, mas após as 11h o movimento se intensificou.

APRENDA COMO MULTIPLICAR E PROTEGER SEU CAPITAL INVESTIDO POR MEIO DAS CRIPTOMOEDAS E ACELERE A SUA JORNADA RUMO À LIBERDADE FINANCEIRA

O primeiro impulso veio do exterior, em meio à expectativa antes do leilão de 70 bilhões de dólares de títulos de cinco anos do Tesouro norte-americano. Os yields atingiram as máximas do dia pouco depois das 11h (horário de Brasília).

O segundo impulso para as taxas dos DIs veio de comentários de Galípolo durante evento em São Paulo, em que defendeu a busca da meta de inflação de 3%.

“Do ponto de vista de diretor de Política Monetária, isto não é um tema… Meta não é para se discutir, é para se perseguir”, afirmou, reforçando que a discussão sobre a viabilidade da meta de inflação não é feita no Copom e é um “não-tema”.

A fala de Galípolo, considerada hawkish (dura) com a inflação, contribuiu para que as taxas futuras atingissem os picos do dia: às 11h37 a taxa para janeiro de 2026 estava em 10,670%, em alta de cerca de 17 pontos-base ante o ajuste da véspera.

“Galípolo era um nome que o mercado via com certa desconfiança, e como ele está sendo cotado para ser o sucessor do (presidente do BC, Roberto) Campos Neto, o discurso dele acabou dando uma puxada na curva de juros”, pontuou Vitor Oliveira, especialista em renda fixa da One Investimentos.

Banco Central (Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Sede do Banco Central, em Brasília (Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Ex-integrante do Ministério da Fazenda comandado por Fernando Haddad, Galípolo foi indicado para a diretoria do BC em meio à avaliação de que ele seria mais dovish (brando com a inflação) que os dirigentes que estavam na autarquia desde o governo de Jair Bolsonaro.

Assim, a fala mais dura de Galípolo neste momento foi vista como um sinal de comprometimento de toda a cúpula do BC com o controle da inflação.

“Galípolo foi colocado (no BC) já pelo governo atual e é cotado para substituir o Roberto Campos Neto, mas ele está falando no mesmo tom dos outros dirigentes”, pontuou Daniel Leal, estrategista de renda fixa da BGC Liquidez. “Aí o mercado já compra isso.”

Na visão de Leal, porém, o principal condutor para a alta dos juros futuros no Brasil nesta quarta-feira foram novamente os Treasuries, cujo movimento foi influenciado pelo leilão de títulos de cinco anos.

“A curva norte-americana até abriu um pouco mais comportada, mas tivemos o leilão de títulos demonstrando que o governo dos EUA vai ter dificuldade nos próximos anos para lidar com a situação fiscal”, avaliou Leal. “Este é o grande driver (condutor) que dá toda a direção do mercado… E você já pega um mercado muito machucado no Brasil”, acrescentou.

Além da abertura da curva norte-americana, profissionais têm citado a piora da percepção de risco fiscal no Brasil como fator de estresse sobre os ativos.

(Imagem: Reprodução/REUTERS/Adriano Machado)
(Imagem: Reprodução/REUTERS/Adriano Machado)

Neste cenário, perto do fechamento desta quarta-feira a precificação da curva a termo estava em 95% de probabilidade de corte de 25 pontos-base da Selic em maio e 5% para corte de 50 pontos-base.

Em comunicações anteriores, antes da piora do cenário, o BC havia estabelecido um forward guidance de corte de 50 pontos-base no próximo encontro. Atualmente a Selic está em 10,75% ao ano.

Profissionais ouvidos pela Reuters afirmaram que no mercado de opções de Copom as apostas para maio estão mais divididas entre 25 e 50 pontos-base, o que de certo modo reflete as dúvidas sobre o próximo passo do BC.

No fim da tarde, já após o leilão de títulos de cinco anos, as taxas dos Treasuries seguiam em alta.

Às 16h36, o rendimento do Treasury de dez anos referência global para decisões de investimento subia 5 pontos-base, a 4,644%.

Sobre Nós

O Dinheirama é o melhor portal de conteúdo para você que precisa aprender finanças, mas nunca teve facilidade com os números.  Saiba Mais

Mail Dinheirama

Faça parte da nossa rede “O Melhor do Dinheirama”

Redes Sociais

© 2023 Dinheirama. Todos os direitos reservados.

O Dinheirama preza a qualidade da informação e atesta a apuração de todo o conteúdo produzido por sua equipe, ressaltando, no entanto, que não faz qualquer tipo de recomendação de investimento, não se responsabilizando por perdas, danos (diretos, indiretos e incidentais), custos e lucros cessantes.

O portal www.dinheirama.com é de propriedade do Grupo Primo.