Mesmo depois de terem subido por cinco sessões consecutivas, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) iniciaram a terça-feira com altas firmes, dando continuidade ao movimento mais recente de elevação de prêmios no Brasil em razão de fatores como o risco fiscal, na contramão do exterior, onde os yields dos Treasuries caem.
Às 10h07, a taxa do DI para janeiro de 2027 — um dos mais líquidos — estava em 12,125%, com alta de 5 pontos-base ante o ajuste da véspera.
Investidores aguardam para as 10h30 participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento do Banco Central Europeu (BCE) em Sintra, Portugal.
Pela manhã, antes mesmo da abertura do mercado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em entrevista à Rádio Sociedade, de Salvador, que fará “alguma coisa” em relação à alta do dólar ante o real, mas evitou detalhar qual medida será tomada “porque senão estarei alertando meus adversários”.
Na segunda-feira, o dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,6538 reais na venda, no maior preço de fechamento desde 10 de janeiro de 2022.
Lula também voltou a criticar o Banco Central nesta manhã, dizendo que a autarquia não pode estar a serviço do sistema financeiro e do mercado.
Os comentários em relação ao BC somam-se às falas do presidente nos últimos dias, que vêm sendo apontadas por profissionais do mercado como um dos principais motivos para que o dólar tenha disparado ante o real e a curva de juros esteja em forte alta no Brasil.
Nesta manhã a curva a termo precificava apenas 36% de chances de manutenção da taxa básica Selic em 10,50% no fim deste mês e 64% de possibilidade de alta de 25 pontos-base. Estes percentuais contrastam com o que era visto na última sexta-feira, quando a precificação estava em 70% pela manutenção e 30% pelo aumento.
“A pressão do mercado para que o Copom suba os juros pode se intensificar caso o dólar não caia rapidamente nas próximas semanas”, disse o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, em comentário enviado a clientes.