Após o avanço da véspera, as taxas dos contratos futuros de juros fecharam a sexta-feira em queda, em um dia de ajustes da curva a termo na esteira da baixa dos rendimentos dos Treasuries no exterior e da divulgação de dados fracos de atividade no Brasil.
Como vem ocorrendo nas últimas semanas, o exterior foi novamente a principal referência para os negócios no Brasil. Os yields cediam já durante a manhã, com investidores buscando a segurança dos títulos norte-americanos em meio a temores de uma ampliação do conflito entre Israel e Hamas no Oriente Médio.
A queda dos rendimentos dos Treasuries favorecia o recuo das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) também no Brasil, em um movimento de ajuste, conforme o head de renda fixa na Suno Research, Vinicius Romano.
“Se pegarmos o movimento das duas ou três últimas semanas, vemos que ele foi basicamente ditado pelo exterior. Estamos sendo pautados pela curva de juros norte-americana, que chegou a bater 5% (nos títulos de 10 anos)”, pontuou Romano. “Então, por ter exagerado a precificação para cima nas últimas semanas, o movimento de ajuste seria natural.”
Além da baixa dos rendimentos dos Treasuries, o resultado do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado pela manhã, favoreceu a queda das taxas futuras.
O BC informou que o índice considerado um sinalizador para o Produto Interno Bruto caiu 0,77% em agosto ante julho, em números dessazonalizados.
A leitura foi bem mais fraca que a expectativa da pesquisa da Reuters com economistas, de queda de 0,30% em agosto, e representou uma piora acentuada ante a alta de 0,42% vista em julho.
Na prática, o resultado do IBC-Br sugeriu uma economia em dificuldades, o que pressupõe juros não tão elevados no futuro.
No fim da manhã, com o resultado do IBC-Br já conhecido, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a atividade econômica do terceiro trimestre preocupa e que os diretores do BC que defenderam corte de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros em agosto estavam corretos, porque a desaceleração já estava se dando “de maneira importante”.
“As pessoas que à época criticaram o BC pelo corte de meio (ponto percentual) hoje têm que rever sua posição, porque, de fato, o meio (ponto) ali era o último momento que nós tínhamos para começar o ciclo de cortes”, disse Haddad a jornalistas.
Apesar da queda das taxas nesta sexta-feira, a precificação na curva a termo para o próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, daqui a menos de duas semanas, não se alterou.
Perto do fechamento, a curva a termo precificava em 97% as chances de o corte da taxa básica Selic em novembro ser de 0,50 ponto percentual.
Já as chances de corte de apenas 0,25 ponto percentual eram precificadas em 3%. Atualmente, a Selic está em 12,75% ao ano.
No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,045%, ante 11,18% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,965%, ante 11,157% do ajuste anterior.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,145%, ante 11,341%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,405%, ante 11,566%.
No exterior, os rendimentos dos Treasuries seguiam em baixa no fim da tarde.
Às 16:42 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos referência global para decisões de investimento caía 6,40 pontos-base, a 4,9243%.