As taxas dos DIs fecharam a sexta-feira em baixa firme no Brasil, numa sessão marcada por ajustes na curva a termo após as fortes altas recentes e pela queda, ainda que moderada, dos rendimentos dos Treasuries nos EUA.
No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 estava em 10,36%, ante 10,426% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,555%, ante 10,735% do ajuste anterior.
Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,815%, ante 11,019%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,065%, ante 11,241%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,45%, ante 11,571%.
Nas sete sessões anteriores, as taxas dos DIs haviam subido em seis delas, em meio ao movimento de reprecificação dos cortes de juros pelo Federal Reserve.
Desde que os dados de inflação dos EUA em março vieram piores que o esperado, em divulgação do dia 10 de abril, os yields dos Treasuries tiveram altas consistentes e, no Brasil, as taxas futuras dispararam, impulsionadas ainda pelo aumento do risco fiscal.
A taxa do DI para janeiro de 2027, por exemplo, subiu 71 pontos-base nas sete sessões anteriores.
Com o forte movimento, houve nesta sexta-feira uma espécie de “ressaca” no mercado de renda fixa.
“Houve um excesso ao longo dos últimos dias, que foram muito ruins. Depois da divulgação do índice de preços ao consumidor nos EUA, o pessimismo cresceu bastante”, pontuou Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
“E hoje (sexta-feira) vemos um movimento de leve correção neste processo. É um ajuste natural”, acrescentou.
Às 16h17, no melhor momento da sessão, o vencimento para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,800% (queda de 22 pontos-base ante o ajuste anterior).
Apesar do recuo, as taxas seguiram em patamares elevados, na casa dos dois dígitos, e a curva continuou precificando menos cortes da taxa básica Selic nos próximos meses.
Perto do fechamento a precificação estava em 97% para corte de 25 pontos-base da Selic em maio e 3% para manutenção da taxa básica.
Esta precificação é contrária ao que vinha sendo indicado pelo BC, de corte 50 pontos-base na próxima reunião de política monetária.
À tarde, durante palestra em Washington, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, voltou a alertar para o risco fiscal.
Ele argumentou que uma deterioração fiscal leva a um aumento de dívida pública, que pressiona as expectativas de inflação e, eventualmente, a própria inflação, retroalimentando a necessidade de gastos sociais.
“O problema é que você cria esse círculo vicioso no qual você tem dívida mais alta, e aí o fiscal se torna questionável, mas aí por causa disso as expectativas de inflação começam a crescer e você tem inflação mais alta, o que cria desigualdade”, acrescentou.
Desde que o governo reduziu a meta fiscal para 2025, de superávit de 0,5% do PIB para resultado primário zero, Campos Neto vem sendo questionado sobre os impactos disso nas decisões do BC sobre a Selic.
No exterior, o dia também foi de baixa ainda que moderada para os yields dos Treasuries, com as notícias de um ataque de Israel ao Irã gerando certa busca por proteção em títulos norte-americanos no início do dia.
Às 16h42, o rendimento do Treasury de dez anos referência global para decisões de investimento caía 3 pontos-base, a 4,617%.