As taxas dos DIs fecharam a segunda-feira próximas da estabilidade, com leve viés de baixa na ponta longa, na esteira da queda dos rendimentos dos Treasuries e em meio à expectativa pela divulgação, na terça-feira, da ata do último encontro do Copom, vista como um documento-chave para a precificação da curva de juros neste momento.
No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 estava em 10,32%, ante 10,306% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,59%, ante 10,567% do ajuste anterior.
Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,98%, ante 10,964%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,29%, ante 11,2%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,72%, ante 11,743%.
Na semana passada as taxas futuras haviam registrado fortes altas, em reação à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de quarta-feira.
Na ocasião, cinco dirigentes do Banco Central votaram pelo corte de 25 pontos-base da taxa básica Selic, para 10,25% ao ano, e quatro defenderam redução de 50 pontos-base.
Como todos os quatro que defenderam corte menor foram nomeados já no governo Lula, a interpretação do mercado em um primeiro momento foi de que em 2025, quando este grupo se tornar maioria entre os nove integrantes do Copom, o BC poderá se tornar mais leniente com a inflação. Daí a forte abertura da curva de juros nas sessões anteriores.
Nesta segunda-feira, a espera pela divulgação da ata do Copom manteve as taxas dos DIs próximas da estabilidade durante boa parte do dia, em especial entre os contratos mais curtos. Na ponta longa predominou o viés negativo, após as fortes altas anteriores e com a baixa dos yields dos Treasuries no exterior.
“Juros futuros subiram ainda mais na sexta-feira e a curva ficou mais inclinada, sinal de risco. Os juros fecharam no nível semanal mais alto do ano e perto da máxima. A ata amanhã (terça-feira) é primordial para acalmar o mercado, sob pena de o stop loss (parada de perdas) continuar”, alertou pela manhã o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, em comentário enviado a clientes.
No relatório Focus divulgado mais cedo, o BC revelou que a mediana das projeções do mercado para a Selic no fim de 2024 passou de 9,63% para 9,75%, em uma primeira reação ao último encontro do Copom.
Alguns analistas, no entanto, avaliam que o BC pode até encerrar o atual ciclo com uma taxa básica em dois dígitos.
“Na semana passada já tivemos um deslocamento expressivo da curva, de ponta a ponta, com os longos abrindo um pouco mais. Isso foi claramente reação ao Copom”, comentou o gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado. “Amanhã o mercado vai dizer após a ata se a reação foi exagerada ou é justificada”, acrescentou.
Perto do fechamento desta segunda-feira a precificação da curva a termo estava dividida: 53% de probabilidade de corte de 25 pontos-base da Selic em junho e 47% de chance de manutenção da taxa em 10,50% ao ano.
No exterior, os rendimentos dos Treasuries seguiam em baixa.
Às 16h40, o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– caía 2 pontos-base, a 4,487%.