As taxas dos contratos futuros de longo prazo fecharam a segunda-feira em leve baixa, acompanhando os rendimentos dos Treasuries durante a tarde, enquanto as taxas dos contratos curtos ficaram perto da estabilidade, com suporte das declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre a inflação no Brasil.
No geral, as taxas futuras pouco se afastaram dos níveis de sexta-feira, em um dia de movimentação limitada também no mercado de câmbio.
Na sexta-feira, declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole, haviam contribuído para a alta dos juros futuros no Brasil. Na ocasião, ele afirmou que o Fed pode precisar aumentar ainda mais a taxa de juros para garantir que a inflação seja contida nos EUA.
Os comentários de Powell seguiram dando suporte aos rendimentos curtos dos Treasuries nesta segunda-feira e mantiveram a curva futura brasileira em alta durante boa parte da sessão.
À tarde, no entanto, os rendimentos dos títulos norte-americanos se firmaram no negativo, inclusive nos contratos curtos, e as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) mais longas passaram a ceder no Brasil.
“A parte curta da curva está subindo um pouco (no Brasil), mas a média e a longa estão fechando. O movimento externo ajuda a parte longa, com os ativos de risco um pouco melhores lá fora”, comentou durante a tarde o economista Rafael Pacheco, da Guide Investimentos. “Na parte curta, a influência é interna.”
Segundo Pacheco, os comentários mais recentes de Campos Neto sobre a inflação sustentaram as taxas curtas.
“Ele reiterou que a leitura do IPCA-15 não foi muito boa. Apesar de serviços, outros componentes não foram bons”, disse o economista da Guide.
Na última sexta-feira, dados mostraram que o IPCA-15 subiu mais do que o esperado pelo mercado em agosto sob pressão dos custos da energia elétrica, com a taxa em 12 meses voltando a superar os 4%.
Em evento na tarde desta segunda-feira, Campos Neto afirmou que o núcleo dos preços de serviços, que está sendo acompanhado de perto pela autoridade monetária, “até que não veio ruim”, embora outros componentes do índice de preços tenham vindo acima do esperado.
Além disso, disse que parte da desancoragem das expectativas verificada no Brasil na área fiscal é explicada pela necessidade de se elevar as receitas do governo para o cumprimento das metas.
Neste contexto, no fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 12,405%, ante 12,414% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,52%, ante 10,513% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2026 estava em 10,065%, mesmo patamar do ajuste de sexta-feira.
Entre os contratos mais longos, o viés de baixa era mais claro. A taxa para janeiro de 2027 estava em 10,2%, ante 10,235%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,475%, ante 10,523%. No caso do DI para janeiro de 2029, a taxa era de 10,66%, ante 10,725%.
Em função do movimento do dia, perto do fechamento a curva a termo precificava apenas 3% de chances de o corte da Selic em setembro ser de 0,75 ponto percentual, ante os 10% de sexta-feira. Já as chances de corte de 0,50 ponto percentual eram precificadas em 97%, ante 90% da sessão anterior.
Nos EUA, o viés dos rendimentos dos Treasuries se mantinha negativo no fim da tarde.
Às 16:48 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dois anos que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo caía 1,00 ponto-base, a 5,0458%.
Já o rendimento do Treasury de dez anos referência global para decisões de investimento caía 3,90 pontos-base, a 4,2%.