Após dois dias em baixa, as taxas dos DIs com prazos mais longos fecharam a quinta-feira em leve alta no Brasil, em sintonia com o avanço dos rendimentos dos Treasuries no exterior e com investidores também atentos aos possíveis impactos fiscais das ações de socorro do governo federal ao Rio Grande do Sul.
Na ponta curta, as taxas ficaram praticamente estáveis.
No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 estava em 10,35%, ante 10,349% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,56%, ante 10,569% do ajuste anterior.
A taxa para janeiro de 2027 estava em 10,885%, ante 10,877%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,175%, ante 11,147%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,59%, ante 11,545%.
Nas duas sessões anteriores as taxas longas haviam recuado de forma consistente, com o mercado demonstrando certo alívio com explicações do Banco Central para a divergência no Comitê de Política Monetária (Copom).
A leitura é de que a divisão entre os dirigentes quanto ao tamanho do corte da taxa básica Selic foi acima de tudo técnica, e não política.
Nesta quinta-feira as taxas dos vértices mais longos chegaram a recuar novamente no início da sessão, com o contrato para janeiro de 2031 marcando 11,520% às 9h20, ante 11,545% do ajuste anterior.
No entanto, a divulgação de dados do mercado de trabalho norte-americano às 9h30 deu impulso aos yields dos Treasuries, o que também se refletiu na ponta longa brasileira.
O Departamento do Trabalho dos EUA informou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego caíram em 10.000 na semana encerrada em 11 de maio, para 222.000 em dado com ajuste sazonal. Economistas consultados pela Reuters previam 220.000 pedidos na última semana.
Os números indicaram que o mercado de trabalho dos EUA segue forte, o que impacta na inflação e reduz o espaço para que o Federal Reserve comece o processo de corte de juros. No Brasil, isso deu certo suporte às taxas longas.
Após os dados de auxílio-desemprego a taxa do DI para janeiro de 2031, por exemplo, ganhou força e chegou ao pico do dia às 10h57, de 11,610% (alta de 9 pontos-base). Este pico foi registrado em outros horários, mas durante a tarde as taxas longas se acomodaram em níveis mais baixos.
Dois profissionais ouvidos pela Reuters pontuaram que as taxas longas, apesar de estarem em alta, registravam movimentos muito contidos.
“Esta é uma semana bem movimentada… Tivemos uma correção mais expressiva nos Treasuries na ponta mais longa da curva, mas a gente ficou para trás”, comentou durante a tarde Rafael Sueishi, head de renda fixa da Manchester Investimentos. Segundo ele, o mercado também estava atento aos impactos nas contas públicas das medidas do governo federal para o Rio Grande do Sul.
Ainda sem clareza sobre o efeito fiscal de todas as medidas anunciadas até agora algumas delas ainda em fase de elaboração –, por enquanto pelo menos 13,4 bilhões de reais em ações terão impacto primário, sendo 12,2 bilhões de reais de abertura de crédito extraordinário e 1,2 bilhão de reais de auxílio reconstrução.
“Tem aumentado a preocupação em relação ao fiscal. E quando isso acontece é natural o mercado pedir prêmios”, disse Sueishi.
Na ponta curta, as taxas permaneceram muito próximas da estabilidade durante a sessão, precificando chances maiores de o Banco Central, em sua reunião de junho, manter a Selic em 10,50% ao ano, interrompendo o atual ciclo de cortes.
Perto do fechamento desta quinta-feira a precificação da curva a termo indicava 63% de chances de a Selic seguir em 10,50% em junho, contra 37% de probabilidade de corte de 25 pontos-base.
Na segunda-feira, antes da ata do Copom, a relação era de 47% para manutenção contra 53% para corte.
No exterior, os rendimentos dos Treasuries seguiam em alta. Às 16h38, o rendimento do Treasury de dez anos referência global para decisões de investimento subia 2 pontos-base, a 4,379.